Aqui,
diante de um túmulo vazio que para muitos serve de prova temos uma objeção: a
reação de Maria Madalena. Ela vai até dois homens do grupo do Senhor Jesus e
fala o que ele interpretou “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o
puseram!” O túmulo neste momento é o lugar do qual brotam interpretações, não é
o lugar da prova da Ressurreição. E aqui se revela para nós que a Ressurreição não
precisa de provas, não precisa de um ponto fixo que lhe apoie. O Túmulo vazio é
o lugar da crise de mentalidade, da crise de interpretação no qual a morte
aparentemente sem sentido se torna mais sem sentido ainda!
De
Maria Madalena, passamos à atitude dos discípulos vejamos:
“Saiu
então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos,
mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro
ao sepulcro”.
O
mais jovem, mais vigoroso chega primeiro, além disso, é necessário afirmar que
chegue primeiro o amado porque quem ama tem pressa sempre, preocupa-se com
aquele que é inspiração de seu amor. Todavia, não nos enganemos, o que motivou
os dois a irem até o túmulo foi a afirmação de que o corpo foi retirado, não a
certeza da Ressurreição. É necessária fidelidade ao texto Sagrado.Sobre
o discípulo que Jesus amava, vemos ainda um detalhe dado pelo Evangelho:
“Inclinou-se
e viu ali os panos no chão, mas não entrou”.
Não
entrou no túmulo até que Pedro entrasse, vemos aqui duas tendência da Igreja e
igualmente necessária: a instância que lidera e conduz, representada por Pedro
e a instância que se entrega por Amor, representada pelo outro discípulo. O
Amor vai à frente sempre, todavia, respeita e se inclina sempre! Não entrar no
túmulo é ainda não participar da morte do Senhor.
“Chegou
Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.
Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.”
Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.”
“Chegou
Simão Pedro que o seguia” Se quem conduzir não estiver seguindo o Amor, então não
conduzirá em nome do Senhor! Ele deve ser o primeiro a entrar porque quem
estava antes no túmulo é o que se entregou por Amor. Temos uma aspiral do amor.
Amor entregue: Jesus. Amor que se preocupa: o discípulo amado, e o amor de quem
lidera: Pedro. Se ele não entrar no túmulo, isto não se completa. Só depois
dele é que entra o outro discípulo, cumprindo assim o trajeto proposto pelo
Amor.
“Então
entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e acreditou.”
Ao
entrar no túmulo, ele acredita no que vê. O que ele viu? Esta informação já foi
dada “Inclinou-se e viu ali os panos no chão”. Parece que se confirma ainda a
informação de Maria Madalena. Eles acreditam que o Senhor não está lá, até
porque isto é óbvio. O que segue é o mais importante:
“Em
verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia
ressuscitar dentre os mortos.”
O
túmulo não é prova da Ressurreição de Jesus, ele aponta para algo novo, para
uma crise de entendimento porque expressa que algo aconteceu. E este trecho
final do Evangelho mostra para nós um dos aspectos da fé na Ressurreição: “a
Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos”. O ponto um
da Fé na Ressurreição é a crença e o entendimento da Palavra de Jesus. Não há
necessidade de prova, é um dado de fé que neste momento, neste domingo, a
Igreja deve procurar nas Palavras do próprio Senhor até que Ele mesmo apareça
aos seus discípulos e lhes revele o cerne das Escrituras (Lc 24). Não é por acaso que nem no Evangelho da Vigília nem no de hoje, vemos o Senhor aparecer a algum membro do seu grupo, eles devem meditar sua Palavra! Quando ele começar a aparecer aos seus
teremos o ponto dois da fé na Ressurreição e concretamente seu nascedouro: as
aparições do Senhor Ressuscitado. Com o que foi dito entendemos agora porque as
aparições são para pessoas que estão enfraquecidas na fé!
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