Em Cristo Jesus,
aquele que venceu a morte e traz em suas mãos as chaves do Hades, a humanidade
foi reconciliada e pacificada no amor. Ele é o novíssimo homem que ergue o mais
perfeito louvor ao Pai. Nele somos reintroduzidos na casa paterna. Sua vida nos
garante que quando decidirmos voltar para o Pai, o encontraremos disposto a
perdoar, pois Jesus nos revelou o amor do Pai e neste, o mais ardente desejo é
o de que todos entremos em casa para a festa que marca a retomada da vida e o
reencontro com o que somos de fato diante de nossos olhos e dos olhos de
Deus.
Sua
vitória sobre a morte nos libertou da terrível relação entre morte e pecado.
Nele, a morte não é mais punição, mas encontro, volta para casa. Desta forma,
nesta terra, somos todos estrangeiros em busca da nossa pátria definitiva.
Todavia, há no ser humano um desejo de realização e esta tem inicio aqui. Por
isso, estendemos nossas vidas na direção dos outros, tecendo laços profundos de
amizade, amor, ternura e compaixão. Estamos envoltos em outras vidas que
alegram o nosso existir e colocam sorrisos largos em nosso rosto. Mãos se
encontram, sonhos são partilhados e buscados juntos. As tardes se põem diante
dos olhares encantados daqueles que estão entrelaçados no Amor. Precisamos de
outras pessoas para adentrarmos o mistério de nosso ser e de nossa jornada
nesta terra. Precisamos de palavras acolhedoras e firmes que nos ajudem a
interagir com os dramas tecidos ao longo da vida.
Todavia, por mais consistentes e
sinceros que venham a ser as relações aqui firmadas, em um determinado momento,
desejemos ou não, tudo aquilo que realizamos aqui, cai no passado e de repente,
as areias da ampulheta de nossa vida se esvaem e fechamos os olhos para este
mundo. Quando isto ocorre, não importa a intensidade do amor que nos uniu a
outros. Iremos sozinhos! Não interessa os planos que não se concretizaram, os
dias que foram desperdiçados, tudo se esvai e nenhum daqueles que amamos nos
acompanhará na travessia do vale tenebroso da morte (Sl 23,4).
Mas é aqui, onde nenhum
seguimento de nossos passos é possível, o ponto onde nossos olhos se abrem e
nos deparamos com o BOM PASTOR, aquele que por ter as chaves da morte, é o
único capaz de nos mostrar o caminho que leva para os prados e campinas
verdejantes (Sl 23, 1-2), onde nenhum sonho morre e o que era temido como
solidão se expressa como encontro com o eterno e eternização de tudo o que
aqui, de bom vivemos e construímos na expectativa feliz do reencontro com todos
os que conosco nesta terra lançaram os fundamentos da eternidade feliz.
Toda a temática relativa ao Tríduo Pascal pode ser encontrada por completo no nosso trabalho Jesus de Nazaré e a Maldição da Cruz.
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