sábado, 25 de março de 2017

IV Domingo da Quaresma



Estamos no IV Domingo da Quaresma. Este momento vivido como Igreja é um momento de caminhada com o Senhor que deseja transformar a nossa vida à luz da sua Palavra. Quaresma é tempo de conversão, devemos mudar nossa mudar de VER o mundo, os outros, nós mesmos e Deus. Somente por meio da purificação de nosso olhar, é que nós poderemos viver com plenitude o projeto de Deus. O episódio da Cura do Cego de Nascença constitui um dos Sinais por meio dos quais o Evangelista João deseja apresentar Jesus em seu Mistério. 

Este texto ganha uma profundidade ainda maior quando situado dentro da Quaresma como acontece agora. A Quaresma deseja ser uma caminhada atenciosa à Paixão do Senhor que reconduza o cristão às suas próprias raízes. Apenas ouvindo a palavra de Jesus é que teremos condição de levar sua luz para os recantos ainda escuros de nossa própria existência. Toda nossa realidade assume uma postura mais consistente se revisitarmos a origem de nossa vida e de nossa missão: o nosso próprio Batismo. Quanto mais próximos da Palavra de Jesus estivermos, mais motivados seremos na nossa missão. E quanto mais assíduos formos à escuta desta palavra, mais clareza teremos de nossa identidade de cristãos no mundo. E por fim, quanto mais clara for a consciência de nossa identidade, maior será a intensidade de nossa doação a Deus e ao Próximo.

A estrutura do Evangelho de São João apresenta encontros de Jesus com determinadas pessoas, por exemplo, Jesus e Nicodemos, no capítulo 3, A Samaritana no Poço de Jacó, capítulo 4. Estes encontros demonstram a relação que cada discípulo tem com Jesus. Em cada encontro deste vemos a nós mesmos! Em cada um destes momentos, o Senhor convida quem o escuta a reconhecer a si mesmo. Semana passada, ouvíamos o testemunho da Samaritana: “venham ver o homem que disse tudo o que eu fiz!” Jesus também nos mostra nestes encontros aquilo que Deus tem a nos dizer, conforme o que foi dito no segundo domingo da Quaresma: “Este é o meu Filho Amado, no qual coloquei todo o meu agrado, escutai o que ele diz!” 

O Evangelho de hoje nos coloca diante de um cego de nascença, alguém que não se vê, não vê o mundo, não vê a Deus, não vê a realidade que o cerca. O Cego de nascença é alguém que tem que criar a sua própria realidade a partir dos sons que escuta. Talvez esse mundo seja limitado demais, todavia, foi o que ele construiu a partir do que ouviu. De uma forma propriamente nossa, fazemos a mesma coisa, não conhecendo a plenitude da verdade, fazemos das parcelas que conhecemos a verdade capaz de sustentar o nosso mundo. A capacidade de criar um mundo a partir de suas próprias convicções é o que o mundo chama de liberdade, mas o Evangelho nos tornar cegos como os fariseus criticados severamente por Jesus no final do Evangelho. 

Os discípulos não enxergam porque associam a cegueira ao pecado ou dos pais ou do cego. Os fariseus também não enxergam porque não reconhecem Jesus. Contudo, ali se encontra a luz verdadeira que sustenta todas as coisas. O Cego de Nascença é um cego físico e espiritual, cego no corpo e na alma. Ele nos é apresentado hoje como a imagem do homem atual. Sem Jesus, não passa de um mendicante. Lançado no mais longínquo vazio da existência, já sendo VISTO pelo Mestre, ele é o homem que “descobre a vida” com toda sua leveza e beleza, coisa que antes não via porque estava envolvido pela escuridão. É uma imagem muito rica que nos toca de modo direto se a associarmos ao drama do isolamento do qual somos vítimas numa pressuposta e mítica “sociedade da comunicação”. Em qual momento da história se teve tantas facilidades de comunicação quanto agora? Entretanto, nunca estivemos tão sozinhos!

Este episódio se justifica a partir de alguns versículos anteriores que nos informam sobre os últimos apelos de Jesus aos fariseus para que voltassem à fonte de sua religiosidade e que desembocou numa absoluta recusa por parte dos lideres. Fato pelo qual Jesus se afastou definitivamente do Templo. Foram vencidas as tentativas de Jesus em vista de um resgate das raízes religiosas dos seus contemporâneos que regiam a religião naquele tempo. Os religiosos se apresentam como piedosos, mas são cegos pelo seu rigorismo e milimetrismo litúrgico, por suas próprias idéias. Incapazes de perceberem em Jesus um modelo inovador da mesma fé! As palavras de Jesus para os que se consideram justos, não são palavras duras de um juiz, mas palavras de um mestre triste que vê todos os seus esforços esbarrarem na indelicadeza e dureza de coração: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas, como dizeis: “nós vemos”, por causa disso a vossa culpa permanece”. Esta cegueira nasce do orgulho, do falso direito de se julgar mais santo, pela dureza de coração e pela não acolhida de tudo aquilo que é novo e mostra caminhos novos.

A pergunta que os discípulos fazem vem desafiar a nova lógica que Jesus oferece, como é possível conciliar a imagem do Deus que “faz chover sobre os bons e sobre os maus” (Mt 5,45), que convida para o seu banquete “bons e maus” (Mt 22,10) com a imagem do Deus justo que deve punir os maus? Onde está a justiça desse Deus que não castiga os maus como se encontra na própria escritura: “Sou um Deus que castiga a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração” (Ex 34,7). Como entender o sofrimento quando não somos diretamente responsáveis por ele? Porque o cego não pode pecar antes de sair do útero da mãe para que nascesse cego e muito menos conhecia o dito pecado de seus pais. 

A resposta mais popular ainda está em vigor hoje: acredita-se que o sofrimento era fruto de uma punição enviada por Deus. O cego era alguém que nem sequer sabia como era o mundo além dos sons. Como é o rosto de uma pessoa? Na verdade, o cego não sabia o que era a vida, caminhava por suas margens sem penetrar em seu íntimo. Ia passando indiferente. Para a pergunta dos discípulos, Jesus concede uma resposta que foge dos padrões conhecidos “Nem ele nem seus pais, mas isso aconteceu para que as obras de Deus se manifestem nele”, Afirmando que toda situação da nossa vida, por mais estranha que possa parecer não é vazia! Em qualquer vida, sempre haverá uma verdade a ser expressa e esta verdade é que Deus age. É em nosso cotidiano que Jesus nos encontra! É na nossa vida, seja como for que ele nos Vê! A atitude de Jesus nos lança a um cenário sacramental. Ele entra em contato com o cego por meio palavras e gestos! Hoje ele age assim conosco, faz-se sentir e toca o nosso coração.

O gesto de Jesus é repleto de significado criacional: pega o barro, sinal da fragilidade da criação. E a partir da condição frágil onde nos encontramos que Cristo faz brilhar sua Luz capaz de nos fazer ver as coisas como de fato são. A saliva de Jesus no barro é sinal da vida que ele transmite aos seus. Este é seu desejo de vida nova para todos os homens. Agora, o cego é um homem “re-criado” pela presença de Jesus. Todo ato divino de salvação envolve dois pólos: Deus que salvar e o homem que deve desejar a salvação. Por isso Jesus exige a confiança em sua palavra.“Vai te lavar na piscina de Siloé” (palavra que significa Enviado)”.

Este pedido de Jesus demonstra que tudo pode ser transformado em nossa vida quando acreditamos na Palavra de Jesus e decidimos deixar-nos “lavar”, nas águas do enviado. Este é o nosso Batismo que deve ser sempre uma resoluta entrega a Jesus e não apenas um capricho social. Entre o Templo e a Piscina se encontra um trecho a ser percorrido que é nossa própria vida na qual caminhamos ainda sem ver completamente, mas confiantes que a palavra dita por Jesus, sendo humildemente acolhida nos leva a plenitude de toda verdade que é o reconhecimento de Jesus como Salvador! O fruto deste encontro é um verdadeiro discípulo que reconhece Jesus e a ele adere, assumindo sem medo as conseqüências desta adesão. 

Assim como Jesus, o cego foi mandado embora do Templo, mas isso não significa nada para quem adquiriu a capacidade de ver tudo com os próprios olhos. Estamos no final do Evangelho diante de um homem maduro capaz de abrir mão da entrada no Templo por conta do testemunho sobre quem o curou. E justamente aqui se encontra a finalidade da nossa vida de batizados: assemelhar-nos a Jesus que nos salvou!

Primeiro Domingo da Quaresma

Homilia para o I Domingo da Quaresma

Caríssimos irmãos e irmãs, estamos vivendo a Quaresma, uma Sagrada oportunidade para recuperarmos a intimidade com Deus. Já nos alertava o autor sagrado, ao chamar este momento de tempo favorável. Para tanto, o Senhor nos apontou três ferramentas capazes de abrir o caminho para uma vida nova: A esmola, que é um recurso para se falar de solidariedade com o mundo sofrido e necessitado de uma mão capaz de reerguê-lo! A oração que fundamenta a solidariedade pois alicerça no coração de Deus nossas atitudes, gerando comunhão com Deus e com o mundo. E por fim o jejum, base para tudo porque no jejum reconhecemos nossa fraqueza e nossa total dependência para podermos viver!
Justamente neste domingo, o primeiro da Quaresma, o Senhor é exposto a tentações, que o acompanham por toda a sua vida pública como podemos perceber pelo final do Evangelho que dizia O diabo o deixou para retornar no momento oportuno. Vejamos a forma como é contado o Evangelho: Primeiro, Jesus é apresentado como aquele que é conduzido pelo Espírito ao longo do deserto, mostrando um paralelo entre Jesus e o povo de Deus que caminhou por 40 anos no deserto. O Espírito conduz Jesus pelos caminhos da própria humanidade, para que exposto aos desafios e tentações que vivenciamos todos os dias, ele pudesse nos mostrar como vencer as ciladas do antigo inimigo. 
As tentações de Jesus acontecem no instante em que ele esta em jejum, um marco para o Evangelho deste domingo porque naquilo que marca o reconhecimento de nossa fragilidade e é apresentado como uma das ferramentas para se conseguir uma purificação de vida é que a tentação começa! Portanto, a primeira tentação diz respeito ao perigo de não reconhecermos nossa própria condição pequena e desamparada. Em outras palavras, a tentação consiste no apego a si mesmo! O egoísmo que conduz a um caminho perigoso que é apresentado na segunda tentação. A segunda tentação diz respeito à busca de poder, o poder e a glória vinda dos poderes desses mundo, portanto, como fruto do egoísmo, o poder pelo poder expressa a tirania que oprime e divide a sociedade alargando o fosso a separar os ricos e os pobres deste mundo. Percebemos que a primeira tentação, conduz à segunda e esta para a terceira. Lança-te daqui para baixo porque está escrito que o Senhor deu uma ordem aos seus anjos. 
O coração egoísta, irá buscar o poder e as estruturas presentes neste mundo e consequentemente, por não reconhecer a soberania de Deus, fará da oração um espetáculo, aquele que está apegado a si mesmo, usará sempre a Deus como se este fosse um escravo, uma estrutura de oração espetacular, incapaz de agradar a Deus porque busca o reconhecimento de todos, a oração espetacular, celebrações espetaculares, que agrada o ego e cultua a si mesmo, mas que nada tem a ver com o Deus de Jesus de Nazaré. 
Estas tentações revelam um caminho de desmanche dos verdadeiros potenciais da humanidade. Poderiamos dizer que estas tentações dizem respeito à nossa auto compreensão e compreensão de nossas vidas perante Deus. Está claro para nós que o orgulho é uma mancha que vai crescendo a nos afastar de Deus porque nos afasta de nós mesmos e dos irmãos. 
Como vencermos as tentações? Jesus responde sempre ao tentador utilizando o argumento de que está escrito! Por aqui ele nos mostra que a Palavra de Deus é o mecanismo utilizado para vencer as tentações. Pela força viva da Palavra do Senhor que se fez carne e habitou entre nós é que poderemos enfrentar as ciladas do inimigo entendendo que coexistimos,  partilhando vidas, partilhando sonhos, medos, e corresponsabilidades perante o mundo.
Desta vitória sobre o egoísmo e de uma intimidade com a Palavra de Deus, encontramos a coragem necessária para permanecermos de pé e não nos ajoelharmos perante falsos poderes deste mundo. Somente assim, poderemos fazer da oração um recurso não para agradar nosso próprio ego e sim para gerar harmonia com Deus para um mundo novo!
Se para vencermos as tentações, a Palavra de Deus é o meio eficaz, então deveremos aceitar que apenas a escuta desta Palavra nos poderá dar forças, neste sentido deveríamos procurar um jejum acerca daquilo que nós temos escutado: conversas maléficas sobre a vida alheia, quer pessoalmente ou por telefone, a partilha de palavras ruins, pela internet. Somos anunciadores de uma Boa Nova e não de notícias ruins. Portanto, seria interessante como exercício da Quaresma, de desprendimento e reconstrução, abrimos mão de algo relativo à nossa audição, poderíamos abrir mão do nosso celular por pelo menos um dia, ou mesmo da internet por um dia, e quem sabe, abrir mão daquelas músicas terríveis que só servem para incentivar a diminuição das pessoas! 
Peçamos ao Senhor que do encontro com sua Palavra, nosso coração se aqueça para que possamos reconhecê-lo ao partir o Pão!

Terceiro Domingo da Quaresma

O encontro que gera vida.

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O encontro que gera vida.

 "Quem bebe desta água vai ter sede de novo. Mas aquele que beber a água que eu vou dar esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro dele uma fonte de água que jorra para a vida eterna." (Jo. 4, 13s)

Precisamos entender o que Deus quer falar com cada um de nós em particular. As nossas leituras, orações e reflexões têm por objetivo nos ajudar a fazer um encontro pessoal com o Senhor da vida. Cada um na especificidade do seu ser pessoal, com as características humanas e inspiradas pelo Espírito. O importante é estarmos abertos a este diálogo que Deus quer fazer conosco através do texto bíblico que vamos meditar. Vamos nos ater à leitura do episódio do encontro entre Jesus e samaritana. Perguntar o que texto diz em toda a sua riqueza teológica nos contextos e situação em que nos encontramos. Por isso, por partes vamos entrar o mundo literário do texto e buscar as belezas da mensagem evangélica.

O tema da reflexão que nos propusemos a fazer é: “Quem beber desta água nunca mais terá sede”. Este trecho bíblico é retirado do Evangelho de João, ele faz parte do primeiro “bloco” de capítulos que chamados de “Primeiro sinal”, ou seja, o Evangelho de João é conhecido como “livro dos sinais”. João escreveu seu evangelho para a comunidade dos seguidores de Jesus Cristo de origem grega, mas especificamente pode-se dizer que foi para a comunidade dos cristãos de Éfeso, no final do século primeiro da era cristã. Essas informações são importantes, pois vamos entendendo o porquê de algumas imagens e informações que encontramos no evangelho atribuído a São João.

 O texto do encontro entre Jesus e a samaritana está entre os quatro primeiros capítulos do evangelho de João. O tempo dos sinais começa com o testemunho de João Batista: sobre quem era o Cristo, o “batismo na água” e o “batismo do espírito”, que ele pregava como caminho de salvação e de renovação no reino que chegava. João mesmo dá testemunho de que Jesus era o ungido, o Cristo. Depois o evangelho continua relatando o chamado dos primeiros discípulos, ou seja, as testemunhas que o acompanhariam no ministério de proclamação da salvação e da libertação do povo oprimido pelas ideologias e pela pressão das autoridades que dominavam em última instância a própria consciência das pessoas.

O “primeiro sinal” é relatado no capítulo dois do evangelho e narra o episódio das bodas de Caná na Galiléia, ao norte da terra santa. Lá ele realiza a grande proeza da mudança da água em vinho e, retorna para Cafarnaum, às margens do lago de Genesaré, cidade onde segundo a tradição ele morava. O evangelho diz que Ele e os discípulos retornaram a Jerusalém, pois estava se aproximando a festa da páscoa, e todo judeu piedoso e fiel às tradições do seu povo ia a Jerusalém apresentar o seu sacrifício em agradecimento a Deus pela libertação, realizada no êxodo. Por ocasião de sua ida para a festa da páscoa o evangelista deixa claro de que muitos ouviam o que Jesus dizia e acreditavam nos seus sinais.


 Vida nova no seguimento de Cristo.

No início do terceiro capítulo, o evangelista relata o encontro secreto de Jesus e Nicodemos, grande homem, chefe dos doutores da Lei, autoridade entre os judeus. Certamente ele tinha observado que as atitudes de Jesus eram diferentes e cheias de autoridade pelo testemunho que ele dava. Muita gente aderia à proposta do Mestre, então isso deve ter sido causa do questionamento de Nicodemos sobre a conversão e a mudança radical de vida das pessoas que escutavam e se encontravam com Jesus. 

A mudança de vida é um novo nascimento. Era isso que acontecia quando João Batista pregava e testemunhava a chegada do enviado de Deus. Ele pregava, segundo os evangelistas, um batismo de conversão. Converter-se é mudar a direção. Mudar de vida. Nascer de novo: ser uma criatura nova, como vai nos dizer São Paulo sobre o cristão que acolhe a mensagem de Jesus. Para que o sinal da mudança de vida fosse verídico, segundo o diálogo de Nicodemos e Jesus, era preciso “nascer da água e do Espírito” (Jo 3,5), pois a garantia era a participação na vida de Deus, o reino pregado pelo messias.

Já quase no final do capítulo terceiro o autor do evangelho retorna mais uma vez a apresentar o testemunho de João Batista, que dessa vez é mais radical: a prisão e por fim, o martírio. João aponta o Cristo. Assim João Batista realiza a sua missão: “Preparai o caminho do Senhor!” Os discípulos e Jesus também batizavam na margem do rio Jordão. Isso vai ser causa de grandes comentários entre as autoridades dos judeus, pois as pessoas que procuravam João Batista iam ao encontro de Cristo e o grupo dos que aceitavam sua mensagem e testemunho aumentava rápida e significativamente. Desse episódio pra frente do texto inicia o capítulo quarto que vamos meditá-lo com mais atenção.

Até aqui podemos fazer algumas observações sobre os quatro primeiros capítulos do evangelho de João: O Evangelho começa falando sobre a pessoa de João Batista, sua missão e sua atividade de anúncio e o batismo de conversão. Duas idéias são fundamentais e evidentes ao longo destes textos: A presença e ação de Deus na vida do ser humano acontecem no mais profundo do seu ser, ou seja, no coração, isso se a pessoa aceita “nascer de novo”, na água e no espírito, que é uma mudança radical de vida; O testemunho é a acolhida alegre da mensagem que se transforma em vida, ou seja, ação capaz de produzir a salvação e a libertação da pessoa.

Ao longo da nossa reflexão bíblica vamos procurar explicitar alguns conceitos e elementos importantes que nos tornem capazes de compreender a beleza e riqueza deste texto. É evidente que a ação de Jesus repercutiria muito entre as autoridades, pois o grupo dos seguidores e ouvintes de Jesus aumentava muito, gradativamente. O número dos discípulos dele era até maior que os de João Batista. Segundo os outros evangelistas a quantidade de pessoas que procuravam o batismo de João era muito grande. Imaginemos o número das pessoas que procuravam Jesus! O evangelho diz que as pessoas iam ao encontro de Jesus por causa do testemunho de João Batista, depois de o ouvirem se tornavam seus seguidores. O testemunho agora já não era outro que falava dele, mas, as suas próprias ações diziam por si mesmas.


Delmiro Vieira do Nascimento Júnior, SDB

sábado, 11 de março de 2017

O Segundo Domingo da Quaresma

 
 
 
 
 
 
Caríssimos irmãos e irmãs, neste que é o Segundo Domingo da Quaresma, somos convidados a atender ao chamado do Senhor.  Somos chamados a mudar nossa forma de lidar com a nossa própria vida e com toda a sua realidade. O maior obstáculo para que possamos viver a comunhão com Deus é o nosso pecado. De um lado se encontra o Deus, todo poderoso e do outro, nós com nossos pecados. Para muitos esta barreira parece intransponível, todavia, a vivência com Deus mostra que APESAR de todos os nossos pecados, o Senhor continua nos querendo consigo. Este é o grande mistério do Amor de Deus: apesar de nenhum de nós termos méritos perante Deus, Ele se aproximou e se aproxima sempre de nós, chamando a cada um de nós e purificando nossa fé. 
 
A Primeira Leitura mostra o desejo de Deus de que nos deixemos desafiar como Abraão e possamos sair de nossa zona de conforto, de nosso comodismo, de nossos desinteresses em vista de uma vida na qual se reflita para outros as bênçãos que de Deus recebemos. A primeira leitura pode nos lançar diante do grande marco de uma construção da nossa própria identidade: conduzidos por Deus e pelo desejo de começar algo novo não é permitido permanecer na inércia. Não nos é permitido permanecer em silêncio diante de um mundo do qual somos partícipes e construtores. Se não vemos a Paz é porque nós não temos nos empenhado suficientemente para isso. Neste sentido, essa primeira leitura nos convida a um grande exame de consciência em vista de uma melhor visão de si para uma integração com os irmãos, com a criação e com Deus. O que somos só será revelado se nos aventurarmos nos caminhos que o Pai nos mostra e permite. Esta aventura de encontro é o que a segunda leitura chamou de vocação santa.
 
A Transfiguração é o relato do Evangelho deste domingo.  A Transfiguração do Senhor é uma imagem que aponta a plenitude do Mistério de Cristo para que sejam reorientados os que não assimilaram a ideia da Cruz como meio de salvação e caminho próprio para a Ressurreição (8, 31 – 9, 1). Estamos diante de uma imagem que vem para alimentar nossa fé e fortalecer nossa esperança como diz São Paulo (Fl 3, 21). 
 
As testemunhas da Transfiguração são Pedro, Tiago e João, que em Gl 2,9 são chamados de colunas da Igreja. Eles já foram testemunhas da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5, 37) e o serão da agonia de Jesus no horto (Mt 26, 37), representariam assim, um núcleo da Igreja de Jesus. Comumente se chama o monte alto da transfiguração de Tabor, este monte está a 10 km a Leste de Nazaré. Isto é fruto de uma Tradição de Orígenes, todavia, como o texto fala de um alto monte, parece-nos mais viável que seja o  Hermon  que tem 2.759 m e está perto de Cesareia de Filipe, contexto do relato deste evento. Vale lembrar que a Transfiguração do Senhor não é uma visão subjetiva dos três e sim uma epifania (manifestação) pois foi o próprio Jesus que se mostrou a eles. Para Mateus (17, 2), o rosto de Jesus resplandece, clara associação de Jesus a Moisés, e  expressa a dimensão celestial da identidade de Jesus, recorrendo a textos do Antigo Testamento e que parece ser fortalecida no Novo Testamento (Dn 7, 9; At 1, 10; Ap 3, 4-5; 4, 4; 7, 9). 
 
A Lei e os profetas convergem em Jesus e demontram que todas as expectativas do Antigo Testamento ganham agora realidade plena em Jesus, é ele o homem novo, Cristo transfigurado é expressão de uma nova criação inaugurada em sua morte e ressurreição, alimento para nossa fé porque demonstra que não há nenhuma realidade de nossas vidas que estejam perdidas diante dos olhos de Deus. Nossos pecados não sao capazes de nos afastar de Deus se nos pusermos em marcha para o Pai com o desejo profundo de conversão. Não somos miseráveis perdidos de Deus, somos seus filhos e em seu amor, podemos ser restaurados, transfigurados. A presença de Deus em nossas vidas não pode nos afastar dos irmãos, nem dos sofrimentos do mundo no qual vivemos. Parece-nos que este era o desejo de Pedro ao propor a construção de três tendas. É a demonstração de que se quer que aquele momento perdura e não cesse jamais, mas veio então uma nuvem, esta nuvem é a tenda! (2 Sm 22, 12; Sl 18(17), 12), que cobre a Jesus (cf. Ex 13, 22; 19, 9; 24, 15-16; 33, 9; Lv 16, 2; Nm 9, 15-23; 11, 25). 
 
Esta chegada da nuvem abre caminho e aponta para plenitude do mistério Jesus. Sua plena manifestação nos revela o mistério da Trindade, o Pai nos fala sobre o Filho, O Filho é apresentado pelo Pai e o Espírito Santo é a nuvem que envolve Jesus, e somente no Espírito podemos reconhecer em Jesus o Filho amado. A Palavra do Pai nos mostra que OUVIR é a fundamentação de uma vida diferente em Cristo. A ordem dada pelo Pai confirma a profissão de fé de Pedro (Mc 8,29) ao mesmo tempo em que nos convida a reorientar nosso ouvir para que a Palavra de Deus tenha a soberania em nossas vidas, nosso coração seja renovado pela palavra de Jesus e nossas atitudes sejam modeladas pelo próprio Jesus. 
 
Sugestão prática para nossa Oração seria ouvir mais e melhor a Palavra de Deus ou seja, fazer da Palavra nossa companhia diária. Para o Jejum se afastar de músicas que denigrem a imagem da família, da mulher, músicas que ofendem a dignidade da pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, talvez precisemos purificar os nossos ouvidos para percebermos ecoar em nós a palavra de Deus que nos mande ouvir Jesus. Já na Caridade, uma boa sugestão seria a visita a um doente.
 
Peçamos a Cristo que nosso coração guarde sua palavra, para que nossa vida seja transfigurada por sua força viva e libertadora.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Programação da Semana Santa - 2017








07 DE ABRIL -- SEXTA FEIRA

Procissão do encontro:

Os homens sairão da Comunidade Sagrado Coração de Jesus e as mulheres sairão da Comunidade Santa Ana às 19:30h.



09 DE ABRIL -- DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

7h - Procissão saindo da comunidade Nossa Senhora de Fátima em direção a comunidade Nossa Senhora do Círio de Nazaré onde haverá celebração da Palavra

7h - Procissão saindo da comunidade Sagrado Coração de Jesus em direção a comunidade São Francisco onde haverá celebração da Palavra

7h - Procissão saindo da comunidade Santa Ana em direção a comunidade São Daniel onde haverá celebração da Palavra

16h - Procissão saindo da comunidade Nossa Senhora de Guadalupe em direção à Igreja Matriz São Pedro e São Paulo onde será celebrada a Eucaristia

10 DE ABRIL -- SEGUNDA FEIRA

5:30h - Ofício Divino em todas as Comunidades 
19:30h - Ofício da Unção de Betânia na Igreja Matriz São Pedro e São Paulo
*as comunidades ficam liberadas para este Ofício seguindo a divisão conforme o domingo de Ramos ou cada comunidade individualmente

11 DE ABRIL -- TERÇA FEIRA

5:30h - Ofício Divino em todas Comunidades

19:30h - Celebração Penitencial em todas as Comunidades

12 DE ABRIL -- QUARTA FEIRA

5:30h - Ofício Divino em todas as Comunidades

19:30h - Ofício das Dores de Nossa Senhora na Igreja Matriz

*as comunidades ficam liberadas para este Ofício seguindo a divisão conforme o domingo de Ramos ou cada comunidade individualmente

13 DE ABRIL -- QUINTA FEIRA SANTA

5:30h - Ofício Divino das Comunidades

19:30h - Ceia do Senhor e Lava-pés na Igreja de Nossa Senhora do Círio de Nazaré
19:30h-  Ceia do Senhor e Lava- pés na Igreja Menino Jesus
19:30h-  Ceia do Senhor e Lava- pés na Igreja São Francisco 
19:30h-  Ceia do Senhor e Lava- pés na Igreja Santa Ana

20:30h - Missa da Ceia do Senhor e Lava- pés na Igreja Matriz 
22:30h - Início da Vigília 
0h - Procissão do Silêncio


14 DE ABRIL -- SEXTA FEIRA SANTA

4h - Ofício Divino das Comunidades
4:30h - Inicio da Via Sacra saindo da Igreja de São Pedro e São Paulo
12h - Ofício da Agonia na Matriz São Pedro e São Paulo (Cada Comunidade pode se organizar para este Ofício)

15h - Ato Litúrgico da Cruz do Senhor na Igreja Matriz São Pedro e São Paulo (Cada Comunidade pode se organizar para este Ofício)
17h - Procissão do Senhor Morto saindo da Igreja Matriz para a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré

15 DE ABRIL -- SÁBADO SANTO

19:30h - Celebração da Vigília Pascal na Igreja de Nossa Senhora do Círio de Nazaré
19:30h - Celebração da Vigília Pascal na Igreja de Santa Ana
19:30h - Celebração da Vigília Pascal na Igreja de Menino Jesus
19:30h - Celebração da Vigília Pascal na Igreja de São Francisco
20:00h- Celebração Eucarística da Vigília Pascal na Igreja Matriz São Pedro e São Paulo

16 DE ABRIL -- DOMINGO DE PÁSCOA

9h - Carreata do Ressuscitado saindo da Matriz e percorrendo as principais de Tibiri II
19h Celebração Eucarística na Igreja Matriz São Pedro e São Paulo
(Cada Comunidade pode se organizar para este dia)



Que Deus abençoe a todos e que nossa Semana Santa seja de paz e de ressurreição com Cristo que vence a morte!

quinta-feira, 2 de março de 2017

Mensagem para a Quaresma





A Quaresma é tempo propício para um grande e sincero exame de consciência acerca de nossas relações com os outros, com o mundo em que vivemos e com Deus, nosso Pai. Não há portanto como amar a Deus se o irmão não é reconhecido em nossa vida! É um tempo para se alimentar a solidariedade como imprescindível meio para a superação de todas as formas de violência na convivência humana e planetária com o propósito de promover a paz e a harmonia do planeta.

Cristãos, homem e mulher, são pessoas dispostas a assumir o Evangelho do Reino pregado por Jesus Cristo a quem tomam como referência absoluta de suas vidas. Não há outra boa-nova que possa ser colocada ao lado ou acima da que foi por Ele anunciada. A fé cristã não é mero sentimento; é uma prática de vida que comporta a descoberta e o encontro do Deus vivo. Só o descobre quem o vê em Jesus Cristo. O encontro com Ele faz exigência de conversão. A conversão não se restringe a uma etapa da vida; é um processo de progressivo amadurecimento.

Na medida em que a conversão se radicaliza, cresce a fé. Esta afirmação pode-se deduzir das primeiras palavras de Jesus Cristo ao inaugurar seu ministério público: "Convertam-se e acreditem no Evangelho (Mc 1,15)."

Segui-lo implica, antes de tudo, profunda mudança na orientação da vida; implica, ainda, deixar as seguranças em que nos apoiamos e que podem impedir nosso compromisso com Ele de aceitar seu projeto de vida nova. O maior acontecimento da história da salvação é a Páscoa, a passagem, através da morte, à vida nova: "morrer com Cristo para ressuscitar com. Ele". É quando o ano litúrgico alcança seu ponto mais alto. Aí está a importância da Quaresma: preparar-nos para celebrar O acontecimento da nossa fé, tempo favorável a este nosso amadurecimento.  

Necessário começar por ouvir a voz dos profetas: "Rasgai os vossos corações e não as vestes” (Joel, 12,13) ou segundo a expressão de Ezequiel: "No lugar do coração de pedra colocarei um coração de carne (Ez 11, 19). Eles não se cansam de lembrar que a religião querida por Deus é a do coração. As exigências da fé empenham todas as energias e a pessoa toda (pensamento, sentimento, conduta) na aceitação da vontade divina. Não é empenho de um só dia, mas de cada dia por toda a vida e através de uma conversão sempre mais lúcida.

Por inspiração bíblica, os acontecimentos mais significativos da fé, celebrados na Liturgia, são precedidos por determinado tempo de preparação, simbolicamente restrito a 40 dias. Antes de receber a revelação dos dez mandamentos, Moisés permanece 40 dias no monte Sinai. Antes do encontro com Deus no monte Horeb, Elias caminha 40 dias no deserto. Para senti-lo vivo em nós, toda experiência de Deus necessita de certo tempo de adaptação interior ao dom da graça. Antes de entrar na Terra Prometida, o povo de Israel viveu por 40 anos no deserto, em preparação para o encontro com o Deus vivo. 

Esse tempo de permanência no deserto, onde a insegurança e a provação de cada dia, é também um exercício para o aprendizado da fé. É o tempo em que Deus prova fazendo o homem provar-se a si mesmo conhecer-se e medir sua fragilidade. Sem dúvida, foi um tempo difícil para o povo de Israel, mas tempo em que Javé veio ao encontro do seu povo para ser encontrado por Ele.

Antes de inaugurar seu ministério público, Jesus de Nazaré optou por fazer a experiência do deserto ao longo de 40 dias. Foi um tempo de provações que serviu para ensinar-nos como vencer as tentações que atropelam a vida humana e como acolher, na obediência, os desígnios do Pai. Ele quis precisar desse tempo privilegiado de provação e preparação a fim de orientar sua vida tendo em vista o anúncio da boa-nova do Reino proclamado.

Nossa esperança do futuro apóia-se em tudo que já foi realizado por Jesus de Nazaré. A tensão entre o que foi realizado e o que ainda está por ser realizado caracteriza o tempo da Igreja. Sua missão: tornar presente na história a obra da salvação a partir de revivê-la na Liturgia. Não é demais repetir que a maior festa do cristianismo é a Páscoa, ponto mais alto da liturgia. Durante 40 dias a Quaresma nos prepara para esta festa ajudando-nos a percorrer com Jesus o caminho da cruz e, com Ele, passar, através da morte, à vida. Quanto mais importante uma festa, mais exige tempo de preparação. 

Ao relembrar o tempo que Jesus passou no deserto, preparando-se para sua missão, a Igreja conduz os fiéis a dedicarem maior atenção à escuta de Deus e às práticas religiosas da oração, da esmola e do jejum em referência ao primeiro e segundo mandamentos da Lei, respectivamente, ao amor a Deus, ao próximo e a si mesmo que, na Palavra de Jesus, resumem toda a Lei e os Profetas.

Desejo que cada um de nós consiga ver a sua vida como sacramento de Deus

e aprofundar ainda mais as virtudes concedidas pelo Senhor sepultando os vícios!


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Guardar o Sábado ou o Domingo: conhecendo o dia do Senhor








“No dia do Sol todos nos congregamos... Porque nesse dia ressuscitou dentre os mortos Jesus Cristo, nosso Salvador”. (São Justino).

       
De onde vem este nome?  

São João, no Apocalipse, é o primeiro autor sagrado que fala do “ Dia do Senhor”: Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, na realeza e na perseverança em Jesus, encontrava-me na ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus...” (cf. Ap 1,9-10a). No final do século I a Didaqué também faz menção deste nome: “Reuni-vos cada Dia do Senhor, parti o pão e daí graças depois de haver confessado vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro”.

Qual é a origem do domingo? Estes mesmo textos citados demonstram que era costume dos apóstolos assistir ao culto sinagogal, continuando logo com uma vigília que se estendia até a madrugada do primeiro dia. Havia, pois, uma justaposição do culto sabático judeu com o nascente culto dominical cristão.

O que se celebra neste dia? São Justino dá testemunho da consciência da celebração semanal da Páscoa da Igreja nascente: “nos reunimos no dia do sol, tanto porque é o primeiro dia em que Deus Criou o mundo, como porque nesse mesmo dia Cristo, Salvador, ressuscitou dentre os mortos”.(Ap. nº 67)

            Quais as característica do domingo Cristão?

A Aspersão – recordação da incorporação batismal no mistério de Cristo.
A celebração da Eucaristia e a obrigação de assistência à mesma.

Qual a origem da ideia do repouso dominical? Sua origem descansa na doutrina  vétero-testamentária do sábado. No cristianismo só se conhece a partir da segunda metade do século III. O imperador Constantino se encarregou de generalizar o descanso dominical estabelecido como lei o que já era costume bastante difundido entre os cristãos. Prescrições cada vez mais rigorosas foram aparecendo no século seguinte.

Qual é a significação teológica do domingo na tradição cristã?  Podemos considera-la em três aspectos, a saber:

O dia da Ressurreição – Aspecto Comemorativo:

Nos primeiros séculos do cristianismo, a Páscoa foi a única festa que se celebrou em toda a Igreja a sua celebração foi semanal. Concretamente, no domingo. A primazia do domingo sobre os demais, como comemoração anual, apareceu bem mais no século II. São inumeráveis os testemunhos da celebração dominical da Páscoa. Santo Inácio de Antioquia recomenda festejar o oitavo dia “Porque  nele Jesus ressuscitou dentre os mortos”. Tertuliano dá ao domingo o nome de “Dia da Ressurreição”. Posteriormente, São Jerônimo, Santo Agostinho e outros remontam aos apóstolos a instituição do domingo como “a celebração semanal da Ressurreição”.

O dia da vinda do Senhor – Aspecto escatológico.

O elemento escatológico é essencial na fé e na vida cristã. “ A Igreja, nos ensina o Concilio Vaticano II, a que todos temos sido chamados em Cristo Jesus e na qual, pela graça de Deus, adquirimos a santidade, não será elevada à sua plena perfeição senão quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas” (At 3,21) e quando o gênero humano, também o universo inteiro, que está intimamente unido com o homem por ele alcançar seu fim, será perfeitamente renovado. (cf  Ef 1,10; Cl 1,20 e 2Pd 1,10-13).
            Isto é o que professamos todos os domingos na recitação do credo: “... de novo há de vir julgar os vivos e os mortos (...) Cremos na ressurreição da carne e na vida eterna”. (Cf. Profissão de fé).
            Como se vê esta ansiosa espera da Igreja da vinda definitiva do Senhor tem lugar, de maneira especial, na celebração litúrgica do domingo, chamado também o “oitavo dia”, quer dizer o dia que segue ao tempo, o dia eterno “que não conhece o ocaso”.

O dia da presença do Senhor – Aspecto Significativo.

A celebração dominical de Cristo ressuscitado atualiza em nossas existências sua presença e seu ministério salvífico. A constituição Sacrossanctum Concilium sobre a liturgia, no nº 7, nos mostra os vários modos da presença de Cristo e de seu ministério na Celebração Eucarística. Desta maneira se vê claro que o domingo é o dia da presença do ressuscitado. É o “aqui e o agora” da festa cristã.
Através dos distintos elementos da celebração dominical, se fazem presentes, no meio de sua Igreja, o Senhor Ressuscitado e seu mistério salvífico pascal.

           
Qual é o elemento determinante do dia do Senhor?

            Assim como o domingo se caracteriza, antes de tudo, pela reunião da comunidade eclesial para escutar a palavra de Deus e participar da Eucaristia (SC nº 106), a santificação do domingo com a Eucaristia não é algo imposto à vista do cristão, por um preceito da Igreja, mas que é um elemento constitutivo e determinante do Dia do Senhor que é por ele mesmo o dia da comunidade.

            O domingo é o dia da fraternidade cristã:

            Foi nesse dia que São Paulo quis que se fizesse uma coleta em favor dos irmãos da Igreja de Jerusalém. E segundo o testemunho de São Justino era também nesse dia que os fiéis ajudavam aos irmãos mais necessitados. A Assembléia Dominical convoca todos os fieis para reunir-se em comunidade de irmãos, testemunhas  do ressuscitado. A Eucaristia – sinal e origem da unidade – os ligava uns aos outros  com um laço profundo: a vida de Cristo. Por isso não foi difícil compreender porque desde o principio foi constituído este dia como o dia da caridade fraterna.