Caríssimos irmãos e irmãs, neste que é o Segundo Domingo da Quaresma, somos convidados a atender ao chamado do Senhor. Somos
chamados a mudar nossa forma de lidar com a nossa própria vida e com
toda a sua realidade. O maior obstáculo para que possamos viver a
comunhão com Deus é o nosso pecado. De um lado se encontra o Deus, todo
poderoso e do outro, nós com nossos pecados. Para muitos esta barreira
parece intransponível, todavia, a vivência com Deus mostra que APESAR de
todos os nossos pecados, o Senhor continua nos querendo consigo. Este é
o grande mistério do Amor de Deus: apesar de nenhum de nós termos
méritos perante Deus, Ele se aproximou e se aproxima sempre de nós,
chamando a cada um de nós e purificando nossa fé.
A Primeira Leitura
mostra o desejo de Deus de que nos deixemos desafiar como Abraão e possamos sair de nossa zona de conforto, de nosso comodismo, de nossos desinteresses em vista de uma vida na qual se reflita para outros as bênçãos que de Deus recebemos. A primeira leitura pode nos lançar diante do grande marco de uma construção da nossa própria identidade: conduzidos por Deus e pelo desejo de começar algo novo não é permitido permanecer na inércia. Não nos é permitido permanecer em silêncio diante de um mundo do qual somos partícipes e construtores. Se não vemos a Paz é porque nós não temos nos empenhado suficientemente para isso. Neste sentido, essa primeira leitura nos convida a um grande exame de consciência em vista de uma melhor visão de si para uma integração com os irmãos, com a criação e com Deus. O que somos só será revelado se nos aventurarmos nos caminhos que o Pai nos mostra e permite. Esta aventura de encontro é o que a segunda leitura chamou de vocação santa.
A Transfiguração é o relato do Evangelho deste domingo. A Transfiguração do Senhor é uma imagem que aponta
a plenitude do Mistério de Cristo para que sejam reorientados os que
não assimilaram a ideia da Cruz como meio de salvação e caminho próprio
para a Ressurreição (8, 31 – 9, 1). Estamos diante de uma imagem que vem
para alimentar nossa fé e fortalecer nossa esperança como diz São Paulo
(Fl 3, 21).
As testemunhas da Transfiguração são Pedro, Tiago e João, que em Gl 2,9 são chamados de colunas da Igreja. Eles já foram testemunhas da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5, 37) e o serão da agonia de Jesus no horto (Mt 26,
37), representariam assim, um núcleo da Igreja de Jesus. Comumente se
chama o monte alto da transfiguração de Tabor, este monte está a 10 km a
Leste de Nazaré. Isto é fruto de uma Tradição de Orígenes, todavia,
como o texto fala de um alto monte, parece-nos mais viável que seja o Hermon que
tem 2.759 m e está perto de Cesareia de Filipe, contexto do relato
deste evento. Vale lembrar que a Transfiguração do Senhor não é uma
visão subjetiva dos três e sim uma epifania (manifestação) pois foi o
próprio Jesus que se mostrou a eles. Para Mateus (17, 2), o rosto de
Jesus resplandece, clara associação de Jesus a Moisés, e expressa a dimensão celestial
da identidade de Jesus, recorrendo a textos do Antigo Testamento e que
parece ser fortalecida no Novo Testamento (Dn 7, 9; At 1, 10; Ap 3, 4-5; 4, 4; 7, 9).
A
Lei e os profetas convergem em Jesus e demontram que todas as
expectativas do Antigo Testamento ganham agora realidade plena em Jesus,
é ele o homem novo, Cristo transfigurado é expressão de uma nova criação
inaugurada em sua morte e ressurreição, alimento para nossa fé porque
demonstra que não há nenhuma realidade de nossas vidas que estejam
perdidas diante dos olhos de Deus. Nossos pecados não sao capazes de nos
afastar de Deus se nos pusermos em marcha para o Pai com o desejo profundo de conversão. Não somos miseráveis perdidos de Deus, somos seus
filhos e em seu amor, podemos ser restaurados, transfigurados. A
presença de Deus em nossas vidas não
pode nos afastar dos irmãos, nem dos sofrimentos do mundo no qual
vivemos. Parece-nos que este era o desejo de Pedro ao propor a
construção de três tendas. É a demonstração de que se quer que aquele
momento perdura e não cesse jamais, mas veio então uma nuvem, esta nuvem é a tenda! (2 Sm 22, 12; Sl 18(17), 12), que cobre a Jesus (cf. Ex 13, 22; 19, 9; 24, 15-16; 33, 9; Lv 16, 2; Nm
9, 15-23; 11, 25).
Esta chegada da nuvem abre caminho e aponta para
plenitude do mistério Jesus. Sua plena manifestação nos revela o
mistério da Trindade, o Pai nos fala sobre o Filho, O Filho é
apresentado pelo Pai e o Espírito Santo é a nuvem que envolve Jesus, e
somente no Espírito podemos reconhecer em Jesus o Filho amado. A Palavra
do Pai nos mostra que OUVIR é a fundamentação de uma vida diferente em
Cristo. A ordem dada pelo Pai confirma a profissão de fé de Pedro (Mc
8,29) ao mesmo tempo em que nos convida a reorientar nosso ouvir para
que a Palavra de Deus tenha a soberania em nossas vidas, nosso coração
seja renovado pela palavra de Jesus e nossas atitudes sejam modeladas
pelo próprio Jesus.
Sugestão prática para nossa Oração seria ouvir mais e melhor a Palavra de Deus ou seja, fazer da Palavra nossa companhia diária. Para o Jejum se afastar de músicas que denigrem a imagem da família, da mulher, músicas que ofendem a dignidade da pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, talvez precisemos purificar os nossos ouvidos para percebermos ecoar em nós a palavra de Deus que nos mande ouvir Jesus. Já na Caridade, uma boa sugestão seria a visita a um doente.
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