sábado, 11 de março de 2017

O Segundo Domingo da Quaresma

 
 
 
 
 
 
Caríssimos irmãos e irmãs, neste que é o Segundo Domingo da Quaresma, somos convidados a atender ao chamado do Senhor.  Somos chamados a mudar nossa forma de lidar com a nossa própria vida e com toda a sua realidade. O maior obstáculo para que possamos viver a comunhão com Deus é o nosso pecado. De um lado se encontra o Deus, todo poderoso e do outro, nós com nossos pecados. Para muitos esta barreira parece intransponível, todavia, a vivência com Deus mostra que APESAR de todos os nossos pecados, o Senhor continua nos querendo consigo. Este é o grande mistério do Amor de Deus: apesar de nenhum de nós termos méritos perante Deus, Ele se aproximou e se aproxima sempre de nós, chamando a cada um de nós e purificando nossa fé. 
 
A Primeira Leitura mostra o desejo de Deus de que nos deixemos desafiar como Abraão e possamos sair de nossa zona de conforto, de nosso comodismo, de nossos desinteresses em vista de uma vida na qual se reflita para outros as bênçãos que de Deus recebemos. A primeira leitura pode nos lançar diante do grande marco de uma construção da nossa própria identidade: conduzidos por Deus e pelo desejo de começar algo novo não é permitido permanecer na inércia. Não nos é permitido permanecer em silêncio diante de um mundo do qual somos partícipes e construtores. Se não vemos a Paz é porque nós não temos nos empenhado suficientemente para isso. Neste sentido, essa primeira leitura nos convida a um grande exame de consciência em vista de uma melhor visão de si para uma integração com os irmãos, com a criação e com Deus. O que somos só será revelado se nos aventurarmos nos caminhos que o Pai nos mostra e permite. Esta aventura de encontro é o que a segunda leitura chamou de vocação santa.
 
A Transfiguração é o relato do Evangelho deste domingo.  A Transfiguração do Senhor é uma imagem que aponta a plenitude do Mistério de Cristo para que sejam reorientados os que não assimilaram a ideia da Cruz como meio de salvação e caminho próprio para a Ressurreição (8, 31 – 9, 1). Estamos diante de uma imagem que vem para alimentar nossa fé e fortalecer nossa esperança como diz São Paulo (Fl 3, 21). 
 
As testemunhas da Transfiguração são Pedro, Tiago e João, que em Gl 2,9 são chamados de colunas da Igreja. Eles já foram testemunhas da ressurreição da filha de Jairo (Mc 5, 37) e o serão da agonia de Jesus no horto (Mt 26, 37), representariam assim, um núcleo da Igreja de Jesus. Comumente se chama o monte alto da transfiguração de Tabor, este monte está a 10 km a Leste de Nazaré. Isto é fruto de uma Tradição de Orígenes, todavia, como o texto fala de um alto monte, parece-nos mais viável que seja o  Hermon  que tem 2.759 m e está perto de Cesareia de Filipe, contexto do relato deste evento. Vale lembrar que a Transfiguração do Senhor não é uma visão subjetiva dos três e sim uma epifania (manifestação) pois foi o próprio Jesus que se mostrou a eles. Para Mateus (17, 2), o rosto de Jesus resplandece, clara associação de Jesus a Moisés, e  expressa a dimensão celestial da identidade de Jesus, recorrendo a textos do Antigo Testamento e que parece ser fortalecida no Novo Testamento (Dn 7, 9; At 1, 10; Ap 3, 4-5; 4, 4; 7, 9). 
 
A Lei e os profetas convergem em Jesus e demontram que todas as expectativas do Antigo Testamento ganham agora realidade plena em Jesus, é ele o homem novo, Cristo transfigurado é expressão de uma nova criação inaugurada em sua morte e ressurreição, alimento para nossa fé porque demonstra que não há nenhuma realidade de nossas vidas que estejam perdidas diante dos olhos de Deus. Nossos pecados não sao capazes de nos afastar de Deus se nos pusermos em marcha para o Pai com o desejo profundo de conversão. Não somos miseráveis perdidos de Deus, somos seus filhos e em seu amor, podemos ser restaurados, transfigurados. A presença de Deus em nossas vidas não pode nos afastar dos irmãos, nem dos sofrimentos do mundo no qual vivemos. Parece-nos que este era o desejo de Pedro ao propor a construção de três tendas. É a demonstração de que se quer que aquele momento perdura e não cesse jamais, mas veio então uma nuvem, esta nuvem é a tenda! (2 Sm 22, 12; Sl 18(17), 12), que cobre a Jesus (cf. Ex 13, 22; 19, 9; 24, 15-16; 33, 9; Lv 16, 2; Nm 9, 15-23; 11, 25). 
 
Esta chegada da nuvem abre caminho e aponta para plenitude do mistério Jesus. Sua plena manifestação nos revela o mistério da Trindade, o Pai nos fala sobre o Filho, O Filho é apresentado pelo Pai e o Espírito Santo é a nuvem que envolve Jesus, e somente no Espírito podemos reconhecer em Jesus o Filho amado. A Palavra do Pai nos mostra que OUVIR é a fundamentação de uma vida diferente em Cristo. A ordem dada pelo Pai confirma a profissão de fé de Pedro (Mc 8,29) ao mesmo tempo em que nos convida a reorientar nosso ouvir para que a Palavra de Deus tenha a soberania em nossas vidas, nosso coração seja renovado pela palavra de Jesus e nossas atitudes sejam modeladas pelo próprio Jesus. 
 
Sugestão prática para nossa Oração seria ouvir mais e melhor a Palavra de Deus ou seja, fazer da Palavra nossa companhia diária. Para o Jejum se afastar de músicas que denigrem a imagem da família, da mulher, músicas que ofendem a dignidade da pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, talvez precisemos purificar os nossos ouvidos para percebermos ecoar em nós a palavra de Deus que nos mande ouvir Jesus. Já na Caridade, uma boa sugestão seria a visita a um doente.
 
Peçamos a Cristo que nosso coração guarde sua palavra, para que nossa vida seja transfigurada por sua força viva e libertadora.

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