O fato de um morto ser reerguido dentre os mortos não é algo desconhecido à Escritura. No simples fato de ter voltado à vida, aparentemente não há nada que diferencie Jesus daqueles que Ele mesmo, pela sua palavra trouxe do mundo dos mortos. Porém, não é isto que a ressurreição de Jesus quer expressar. Seu reerguer-se dentre os mortos não possui nenhuma analogia com o daqueles que voltaram a viver. Seu voltar à vida é expressão do fim da morte para sempre (Rm 6,10) e assim, os limites deste mundo, do tempo e do espaço foram superados. (Hb 9,26; 1Pd 3,18): Jesus é superior a Davi porque este se encontra entre os mortos. Também a Lázaro pelo fato de a este, os panos da morte novamente voltarem a envolver, enquanto que Jesus deixa os panos mortuários dobrados como sinal de total inutilidade da morte de agora em diante. Jesus é o vivente por todos os séculos, é aquele que tem nas mãos a chave do Hades e da morte. (Ap 1,17ss). Neste evento, segundo H. U. Von Balthasar, Cristo rompeu singularmente todo o universo do nosso viver e morrer, a fim de abrir-nos, certamente, com esta ruptura, um novo caminho para a vida eterna em Deus. (1 Cor 15,21ss) Portanto, a Ressurreição é proclamação de que a história foi superada em Deus, pois o mesmo Deus que está acima da história, age em seu Filho morto e faz com que se manifeste para a história e dentro da história como aquele que lhe é superior. Da singularidade do evento ressurreição, passamos para a expressão trinitária deste evento porque esta singularidade de Cristo, que é uma singularidade que não existe no mundo, nem pode se explicar a partir dele, nem é compreensível para ele, porque é singularidade de Dios, esta singularidade, irradia e comunica Cristo. A dá ao seu corpo, a outorga aos membros. Estes, selados com os caracteres de sua singularidade, apresentam-se ao mundo, ao menos negativamente, como ‘o que não é deste mundo’ Por ele o mundo tem que odiar os cristãos, porque odeia a Cristo, e odiando a Cristo odeia o Pai (Jo 15,18ss)
É importante afirmar que ao Pai cabe a iniciativa de trazer de volta à vida o Filho morto. E unido ao fato de ressuscitar seu Filho, encontra-se a efusão do Espírito Santo. A objetividade do que aconteceu a Jesus nos alcança existencialmente justamente pelo fato de o Pai ter enviado o Espírito de Seu Filho aos nossos corações (Gl 4,6). Por isso, todo o alcance do que venha a ser ressurreição só é possível se visto na perspectiva trinitária.
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