A pergunta que os discípulos fazem vem desafiar a nova lógica que Jesus oferece, como é possível conciliar a imagem do Deus que “faz chover sobre os bons e sobre os maus” (Mt 5,45), que convida para o seu banquete “bons e maus” (Mt 22,10) com a imagem do Deus justo que deve punir os maus? Onde está a justiça desse Deus que não castiga os maus como se encontra na própria escritura: “Sou um Deus que castiga a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração” (Ex 34,7). Como entender o sofrimento quando não somos diretamente responsáveis por ele? Porque o cego não pode pecar antes de sair do útero da mãe para que nascesse cego e muito menos conhecia o dito pecado de seus pais. A resposta mais popular ainda está em vigor hoje: acredita-se que o sofrimento era fruto de uma punição enviada por Deus. O cego era alguém que nem sequer sabia como era o mundo além dos sons. Como é o rosto de uma pessoa? Na verdade, o cego não sabia o que era a vida, caminhava por suas margens sem penetrar em seu íntimo. Ia passando indiferente. Para a pergunta dos discípulos, Jesus concede uma resposta que foge dos padrões conhecidos “Nem ele nem seus pais, mas isso aconteceu para que as obras de Deus se manifestem nele”, Afirmando que toda situação da nossa vida, por mais estranha que possa parecer não é vazia! Em qualquer vida, sempre haverá uma verdade a ser expressa e esta verdade é que Deus age. É em nosso cotidiano que Jesus nos encontra! É na nossa vida, seja como for que ele nos Vê! A atitude de Jesus nos lança a um cenário sacramental. Ele entra em contato com o cego por meio palavras e gestos! Hoje ele age assim conosco, faz-se sentir e toca o nosso coração.
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