No Próximo dia 17 de abril , celebraremos o Domingo de Ramos, abrindo solenemente a Semana Santa na qual Jesus, chegando a Jerusalém, enfrenta os poderes deste mundo e por meio de sua morte redentora, concede a todos nós a pertence definitiva a Deus, o Pai das Misericórdias. Os ramos que estará em nossas mãos demonstram o testemundo fiel de que Jesus é o Messias, o Ungido de Deus para a missão. Pois o povo que acompanhava Jesus estava com ramos de oliveira, e é justamente da Oliveira que se extrai o óleo para a Unção. Por meio das alegrias da caminhada e das palmas demonstramos a esperança perene na vitória de Jesus sobre a morte, triunfo já prefigurado no despertar de Lázaro.
Através desta Semana nós teremos a grata oportunidade de no silêncio de nosso coração e na atenção a tudo o que acontecerá, adentrar o Coração do Mistério da nossa Fé ao mesmo tempo em que por sua presença, Jesus vai lentamente, de forma progressiva, desfazendo a nossa forma equivocada de ver o mundo, porque ao mesmo tempo em que aclamamos sua SOLENE entrada em Jerusalém, teremos que nos deparar com o Mestre Jesus que entra SOLENEMENTE montado em um jumentinho, sinal claro de que o seu Reinado não pode ser comparado com os reinados deste mundo (Jo 18,36).
Jesus caminha silencioso perante as aclamações do povo e agora, nesta Semana, teremos a oportunidade de perceber que a morte adquire um novo significado, será uma morte frutífera; Deus será glorificado por sua morte porque irá transformá-la numa passagem luminosa para a Ressurreição. Porém, esta transformação o Senhor a realizará atravessando a dor, as trevas e a solidão, o total abandono que a morte traz dentro de si.
A Semana Santa nos purifica a forma de viver porque por meio daquilo que é o mais repulsivo no seu tempo, a cruz, é que o FIlho Amado de Deus nos garante salvação e paz, por meio do aparente fracasso é que nos vem a definitiva vitória. Isso se justifica porque as realidades significativas se realizam mais na profundidade do fracasso que na superficialidade do êxito. O êxito é efêmero, passageiro, porém, no fracasso nossa consciência fica perturbada para sempre. Nas palavras finais do Evangelho do Domingo de Ramos, o Senhor vai se distanciando lentamente da multidão até ocultar-se dela.. A sua vida pública vai chegando ao seu fim. A hora da glória só será compartilhada na intimidade por alguns poucos. O aparente êxito, será transformado no aparente fracasso dos dias que virão. Por isso, tudo pode ser novo nesta semana que começa se não abandonamos o Senhor porque, é a partir de suas ações, e não de nossos pensamentos, que cada coisa terá um novo olhar.
A resposta é bastante simples, porém, não simplória: responder à proposta que o Senhor nos faz no Evangelho: Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará. (Jo 12, 26).
Seguir o Senhor para estar com Ele, para servi-Lo, fazer um silêncio profundo sobre nossas necessidades, sobre nossos pensamentos, sobre nossos sentimentos, sobre nossas opiniões. Estar atentos aos acontecimentos sem a interferência de nosso eu, sequer para tentar compreender. Silêncio receptivo: somente a ação de Deus, seus atos, suas palavras, seu silêncio. Podemos repetir ao longo destes dias uma pequena oração “Não eu, Senhor, mas Tu”.
E, ao mesmo tempo, com o olhar posto somente nele, pedir-Lhe que nos revele as traições, as negações, a covardia e a indiferença que guardamos em nosso coração, defesas que impedem sua presença redentora em nós. Então, ao final deste curto percurso, animemo-nos a recorrer, algo se faça novo em nós, e comece nosso caminho rumo a verdadeira conversão. Domingo de Ramos, o Senhor entra em Jerusalém e nos convida para que O sigamos. Pressentindo já a glória da Ressurreição, abraçamos a todos vocês, amigos e fiéis, com o santo ósculo da Páscoa que faz passar por nós o sopro da Vida nova. Que as portas da igreja, que abriremos solenemente na liturgia, sejam simbolicamente as portas de nosso coração aberto e vulnerável, orientado unicamente, neste tempo de uma semana, para a realização do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
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