Os quatro  evangelistas falam sobre o Batismo de Jesus e são unânimes em dizer que  este foi o evento que marcou o início da vida Pública de Jesus, o início  da atuação do filho de Deus entre nós. No Evangelho de João, que não é o  mesmo João Batista, o destaque no Batismo repousa sobre o testemunho de  João Batista. Ele é o último profeta a anunciar a grande esperança  messiânica, último porque o que era anunciado chegou e veio realizar  toda a justiça de Deus. O primeiro ponto do testemunho de Batista é a  apresentação de Jesus como cordeiro. O profeta aponta para Jesus, então,  todas as profecias se concretizaram, todas as expectativas alcançaram  cumprimento. Deus se fez presente na história dos homens! O caminho nos é  mostrado por aquele que é o próprio caminho! Mas Batista não apresenta  apenas Jesus, mas o apresenta como Cordeiro de Deus. A alusão ao  "cordeiro de Deus", remete ao cordeiro sacrifical abundantemente  mencionado em Levítico, e também em Isaías 53,7, no quarto canto do  Servo. Vê-se aí a prefiguração simbólica da morte de Jesus, inocente,  nas mãos dos sacerdotes que procuram preservar o poder. Vê-se aqui que  dentro dos planos de Deus se encontra o cumprimento daquilo que Abraão  não precisou fazer! Abraão não sacrificou Isaac, mas o Pai em sua  misericórdia entrega seu Filho amado! O próprio João afirma que não  conhecia Jesus. Porém, com o seu batismo na água, simbolizando o apelo  em favor da conversão à prática da justiça que supera o pecado, abria  caminho para Jesus, que com seu Espírito liberta a todos da morte, dando  acesso às portas da vida eterna em Deus. O Espírito sobre Jesus é a  confirmação da sua divindade e da divinização de toda a humanidade nele  assumida, em todos seus valores e em toda sua dignidade, pela própria  humanidade de Jesus. Este é o sentido da encarnação: assumir os valores  humanos, resgatando a dignidade humana e elevando-a à condição de  filiação divina. Nesse sentido, Jesus assume o batismo de João. Os  evangelistas, em seus evangelhos, procuram projetar a figura de Jesus a  partir das exaltações atribuídas a João Batista: "Vem aquele que é mais  forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das  sandálias.". Com isso procuravam, em seu tempo, atrair os discípulos de  João Batista, que seguiam de maneira autônoma ao movimento de Jesus. Com  bastante certeza, pode-se entender que João Batista não tinha percepção  da profundidade da missão de Jesus, o que os próprios discípulos de  Jesus tiveram, também, dificuldade de entender até o fim de seu  ministério. João Batista tem uma atuação fundamental no projeto de Deus  realizado em Jesus. O seu batismo tinha características originais, e sua  proclamação foi tão marcante que o tornou conhecido como "o Batista".  Enquanto as abluções rituais de purificação com água, tradicionais entre  os judeus, eram repetidas com freqüência, o mergulho nas águas do  batismo, com João, era feito uma única vez e tinha o sentido de  sinalizar uma mudança de vida, para um compromisso perene com a prática  da justiça que remove o pecado e fortalece a vida. Jesus assume a  proclamação de João dando-lhe novo sentido de atualidade e eternidade,  identificando-a com o projeto de Deus de conferir vida plena e eterna à  humanidade. A libertação dos pecados não se dá pelos sacrifícios  cultuais sangrentos, mas pelo amor e pela prática da justiça, para que  todos tenham vida plenamente. 

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