sábado, 8 de janeiro de 2011

Batismo do Senhor - Meditação I

Com a Festa do Batismo do Senhor, encerramos o ciclo natalino de Manifestação do Senhor. Com toda a clareza, constata-se nos quatro evangelhos que o ministério de Jesus tem início a partir do seu batismo por João Batista. Evidencia-se assim a importância de João Batista no projeto de Deus ao assumir em plenitude a humanidade em todos seus valores a partir da encarnação de seu Filho. No Evangelho de são Lucas realça esta importância quando, em seu evangelho, faz um paralelo entre o anúncio da concepção e o nascimento de João Batista e de Jesus. No Novo Testamento, o Batismo de João Batista é mencionado por 11 vezes e sempre visto em sintonia com o início do ministério de Jesus.  O próprio Jesus, como lemos no Advento falava sobre a grandiosidade de João e no debate com as autoridades do Templo, apresenta o Batismo de João como vindo do céu (Mt 21,25). Quando os Apóstolos se reuniram para escolher quem ficaria no lugar de Judas, Pedro apresenta o critério para se ser apóstolo e este está vinculado à prática de João: "É necessário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que foi arrancado dentre nós, um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição" (At 1,21-22). Também em sua fala, em casa de Cornélio), Pedro menciona o começo do ministério de Jesus na Galiléia depois do batismo de João (At 10,13-17- segunda leitura). Olhando para João Batista vamos nos encontrar com o anuncio da conversão frutificada na prática da justiça como caminho para remover o pecado do mundo. A aspiração a um mundo de justiça e paz já esta presente em alguns textos do Antigo Testamento, quando o povo vivia oprimido e explorado pelas elites de poder, primeiro pelas cortes reais, e depois pelas elites religiosas sediadas no Templo de Jerusalém. No texto do "servo" de Isaias (primeira leitura) encontramos a aspiração à consolidação do direito e da justiça. Quando abrirmos os Evangelhos percebemos que antes que Jesus fale, quem fala é João, o Profeta. Figura de grande importância na história da Salvação, pois é ele quem fecha o ciclo profético ao declarar que Aquele que foi anunciado pelos profetas já está aqui e mais ainda, batiza o próprio senhor e autor do verdadeiro Batismo. Somente quem encontrar com João e com suas palavras poderá encontrar com Jesus. E encontrar com João e se deixar modelar pela Palavra de Deus, ou nas palavras do próprio Batista, “converter-se”. A oposição de João ao pedido de Jesus é na verdade a apresentação daquilo que somos diante de Jesus. Somos nós quem precisamos dele! Mas Ele vem a nós e diz: "é assim que devemos cumprir toda a justiça" A prática da Justiça dita por Jesus é a confirmação da palavra de João, somente quem se converter poderá ver Jesus! Depois de ser batizado, o gesto de Jesus é confirmado pelo Espírito Santo e pelo Pai, com a proclamação: "Este é o meu Filho amado; nele está meu pleno agrado". Jesus, assumindo e renovando a mensagem de João Batista, proclama a conversão com a prática efetiva da justiça como sendo a vontade do Pai e como uma bem-aventurança, pela qual se entra em comunhão de vida eterna com o Pai. Posteriormente, Pedro, fiel ao mestre, afirma, ainda em casa de Cornélio: "estou compreendendo que Deus não faz discriminação entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença" (segunda leitura). Esta é a verdadeira perspectiva universalista, em que todo aquele que se empenha na luta pela justiça, cultivando a vida, é agradável e entra em comunhão com Deus, em qualquer época, povo ou nação.

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