Um assunto que vem sendo amplamente discutido pela sociedade é a questão do aborto. Pessoas contrárias e favoráveis se digladiam nos mais variados lugares, em debates e até mesmo em supermercados.
Na verdade, o assunto veio à tona quando a ONU abriu, a 5 de setembro de 1994, a Conferência Mundial sobre População e Desenvolvimento, na cidade do Cairo (Egito). O objetivo do encontro era firmar um documento que garantisse à humanidade do próximo século um melhor padrão de dignidade e qualidade de vida. Contudo, o aborto tratado como método de planejamento familiar tornou-se o centro das questões e, ainda hoje, vários anos após o encerramento da Conferência, a polêmica continua.
Certamente a posição contrária ao aborto manifestada pela Igreja Católica durante a Conferência do Cairo (e também mantida durante toda a sua história) demonstra sua fidelidade à Palavra de Deus que defende a vida. Vejamos por que:
- O aborto é uma afronta direta ao Quinto Mandamento: “Não matarás (Ex 20.13).
- A ciência prova que a vida começa durante a fecundação do óvulo; nesse momento já existe vida, o que faz que aquele ser seja dotado de alma e conhecido de Deus (Jr 1,5).
- Ao contrário do que pregam os defensores do aborto, não é de hoje que a Igreja condena o aborto. Trata-se de preceito bíblico: em Ex 1,8-21, lemos que quando os hebreus começaram a se multiplicar no Egito, o faraó incentivou o aborto, mas as parteiras não seguiram essa recomendação porque “temiam a Deus”.
- O mais antigo catecismo usado pelos cristãos, a Didaqué, escrito no final do século I d.C., expressa claramente: “Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha nascido” (Did 2,2b).
Certamente o maior dom que Deus concedeu aos homens é a Vida. Torna-se inadmissível, portanto, que um cristão seja favorável ao aborto.
Aos que defendem que a mulher tem o direito de dispor de seu corpo, decidindo se deve ou não abortar, perguntamos: Será que o bebê que está naquele ventre faz parte do corpo da mãe? Ora, todos sabem que o embrião ou o feto não é um órgão da mãe, mas sim um outro ser humano.
Às mulheres que não desejam criar o filho que carregam no ventre, aconselhamos a doá-lo assim que o tiver. Não são poucos os casais que não podem ter filhos. Certamente não faltarão interessados! O que ocorre neste caso é que é muito mais fácil matar um ser que ainda não conhece e que, portanto, não lhe foi dedicado amor, do que tê-lo e doá-lo, pois depois de dar à luz, dificilmente a mãe venha a sentir ódio daquele ser tão pequeno e frágil.
Também é comum apelar-se para o aborto quando se sabe, por exames médicos, que o embrião ou feto possui alguma enfermidade que o levará à morte assim que for concebido. Por que não crer na providência de Deus? Quantos casos conhecemos de pais que, mesmo sabendo que seus filhos eram portadores de males fatais, resolveram tê-los e as crianças sobreviveram e muitas delas sem seqüelas? E quanto às que morreram? É bom saber que muitas crianças no país morrem por falta de transplante de órgãos do tamanho que precisam. Uma criança que morre logo após o parto pode doar seus órgão para crianças até 4 anos! É a morte que não gera outra morte, mas a Vida!
Dessa forma, podemos afirmar que o aborto, antes de ser um assunto religioso, trata-se de um direito humano: o direito à Vida!
Autor: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Agnus Dei
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