A compreensão católica acerca da Eucaristia a faz perceber nesta celebração não apenas um rito mas um retorno à última Ceia de Jesus. O sacrifício de Jesus na Cruz, consumado
pela separação do sangue derramado, simbolizado pela consagração separada de
pão e de vinho. Isto, Jesus ordenou aos Apóstolos e seus legítimos
sucessores no sacerdócio, com as palavras: "Fazei isto em memória de
Mim!" (Lc 22,19).
Este sacrifício de Jesus na
cruz, perpetuado em
cada Santa Missa constitui a
principal fonte de todas as graças e é de máxima importância.
Sobre a real presença de Jesus na Eucaristia encontramos as seguintes citações nas Escrituras:
a) Os Evangelhos foram escritos
na língua grega, de alta cultura, em que existem muitas expressões para os
verbos "simbolizar, significar, representar, lembrar, etc." No
entanto, os três Evangelistas e S. Paulo, ao descreverem a Última Ceia de
Jesus, usam exclusivamente a palavra "é": Isto é o meu Corpo: este
é o cálice do meu sangue. (Mt 26,26s; Mc 14,22s; Lc 22,19s; I Cor 11,23s.)
b) Jesus falava ao povo simples,
com palavras claras e compreensíveis. Quando usava comparações, p.ex.:
"Vós sois o sal da terra: Vós sois a luz do mundo”; ninguém reclamava, e
não esperava ver os Apóstolos transformados em imagens de sal ou de luz.
Quando, porém, Jesus lhes disse: "Este é o pão que desceu do céu, se
alguém comer deste pão, viverá eternamente: e o pão que eu vos darei é a minha
carne (imolada) pela vida do mundo". (Jo 6,50- 51) então os judeus
o entendem verbalmente e reclamam dizendo: "Como pode Ele dar-nos a
comer sua carne?" E Jesus reafirma: "Em verdade, em verdade Eu vos digo: se
não comerdes a carne do filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não
tereis a vida em vós... pois a minha carne é um verdadeiro alimento e o meu
sangue é uma verdadeira bebida. Quem come deste pão viverá eternamente
"( Jo 6,52-58 ) .
Até muitos discípulos seus o entenderam assim
verbalmente, e por isso murmuraram e se retiraram dizendo: "É dura tal
linguagem; quem pode escutá-la? (Jo 6,60-66). Mas Jesus não se retrata,
para recuperá-los. Pelo contrário, pergunta aos doze apóstolos: "Também
vós quereis partir?" E então Simão Pedro dá a bela resposta da fé, em
nome dos Apóstolos e de todos os fiéis católicos: "Para quem iremos nós,
Senhor? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós cremos e sabemos que és o
Santo de Deus". ( Jo 6,67-71). Porém, somente na Última Ceia foi
revelada a maneira de alimentar-se com o Corpo e o Sangue de Jesus, velado sob
espécies de pão e vinho consagrados.
Ainda vemos as admoestações de S. Paulo aos
Coríntios: "E por isso, todo aquele que comer o pão ou beber do cálice
do Senhor indignamente, torna-se culpado do corpo e do sangue do Senhor... Pois
quem come e bebe sem fazer distinção de tal corpo, come e bebe a própria
condenação". ( I Cor 11,27-29 ).
A comunhão sob uma ou duas
espécies não constitui essencial diferença já que em cada pedacinho de pão
e em cada gota de vinho consagrados recebemos Jesus inteiro, vivo e
ressuscitado; como consta claramente de suas palavras (Jo 6,51-56):
"Eu sou o pão vivo que desceu do céu. E o pão que Eu hei de
dar é a minha carne... Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece
em Mim e Eu nele". Claro, não é um pouquinho de carne ou sangue que
recebemos na santa Comunhão, mas o "EU" de Jesus: a Pessoa do Filho
de Deus Encarnado e nosso Salvador.
Por isso os primeiros cristãos
costumavam levar aos encarcerados pela fé, somente o pão consagrado; e aos
doentes que não conseguem engolir um pedacinho da hóstia consagrada, a Igreja
recomenda administrar algumas gotas do vinho consagrado. E em grupos, menores e
bem preparados, pode-se administrar a Santa Comunhão sob duas espécies. O
que mais importa é a viva fé, humildade e piedade diante deste Santíssimo
Sacramento do Amor!
Que pena que pela falta de fé no
poder e no amor infinitos de Jesus, tantos se afastaram
desta "árvore da vida", presente entre nós até ao fim do mundo, viva
na Eucaristia; apesar de suas palavras claras: "Se não comerdes a carne
do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós"
( Jo 6,53).
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