sexta-feira, 20 de junho de 2014

São João Com Cristo




A Igreja Católica tem por João Batista uma devoção muito especial dada sua importância para a obra concretizada por Jesus de Nazaré. Cresce em meios neopentecostais extremamente fundamentalistas uma rejeição à figura de João e neste período que normalmente se celebra São João Batista, sua natividade, surge por vários lugares um evento chamado Sem João com Cristo. A questão que se levanta a partir de então é "qual é o lugar e o papel de João Batista?" Aqui não quero polemizar com nenhuma tendência religiosa diferente da minha. A ideia é simples, esclarecer aos católicos elementos que perpassam a nossa Fé. 

A solenidade da natividade de São João Batista, no dia vinte e quatro de junho, é uma exceção na vida da Igreja Católica Apostólica Romana, pois normalmente os santos são lembrados apenas na data da sua morte. O Precursor de Nosso Senhor Jesus Cristo tem uma segunda data, a memória de sua morte em vinte e nove de agosto. O nascimento é recordado como uma solenidade, grau das grandes festas, enquanto o seu martírio é uma memória obrigatória, que situa-se depois da festa, porém antes de uma memória facultativa.

O papel de São João Batista na História da Salvação, como precursor de Nosso Senhor Jesus Cristo, as condições de seu nascimento, o seu modo de vida, a atividade que exerceu antes da vida pública do Divino Salvador e o modo de sua morte fazem dele um santo diferente, “exótico”, que foi “fogo”, “pegando pesado na sua pregação” sem fazer distinção da condição social de seus ouvintes.

São João Batista nasce em condições especiais, obra de Deus, pois seus pais, Isabel e Zacarias, eram idosos e sem filhos. Tinha um certo parentesco com Jesus, pois Maria era parenta de Isabel. Não temos mais notícias de sua infância, certamente vivida de modo ordinário, em contraposição às condições extraordinárias de seu nascimento. A tradição o representa como um menino loiro e de cabelos encaracolados, segurando em sua mão um cordeirinho e uma bandeirola, mais fruto da imaginação do que propriamente realidade, mas que expressa a ternura de uma criança.

A juventude de São João Batista é descrita de modo bem exótico: vivia pelos desertos, revestindo-se de peles de animais e alimentando-se de mel e insetos. O modo como é apresentado nos permite vê-lo como uma pessoa austera, sóbria, ciente de preparar-se para uma missão especial, por isso afasta-se do burburinho do dia a dia para na solidão fazer uma experiência singular de Deus.

Na maturidade de sua juventude, no período pós-deserto, São João Batista aparece pregando a conversão aos seus contemporâneos, chamando-os à penitência, diante da proximidade do Reino de Deus. Para os que desejavam mudar de vida, chamava-os ao batismo de penitência nas águas do rio Jordão. Anunciava a proximidade da pessoa do Messias, de quem não se considerava digno nem mesmo de desatar as sandálias. Multidões acorreram para ouvi-lo e Jesus se fez batizar por ele. 

A presença de João nos quatro Evangelhos demonstram sua importância para a comunidade primeira e para a missão do próprio Jesus. Não é duvidosa por parte do Evangelho a localização de João na obra de Jesus. Ele é o precursor. Vamos usar duas citações diretas neste texto. Vejamos Marcos 1, 1-4
Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus;
Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.

Marcos 1:1-3

Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus;
Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.

Marcos 1:1-3

Princípio da boa nova de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio o meu anjo diante de ti: ele preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: Traçai o caminho do Senhor, aplanai as suas veredas. João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão para a remissão dos pecados.

A forma como o relato aparece é muito importante porque o Evangelho é anunciado como sendo de Jesus. Após esta afirmação aparece uma menção ao profeta Isaías e em seguida aparece a figura de João. A missão de João é preparar o povo para o encontro com Jesus que concretiza as profecias. Sejamos honestos: se você retirar João da história da Salvação abrirá um problema na compreensão das Profecias e consequentemente não compreenderá a missão de Jesus.

Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus;
Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.

Marcos 1:1-3
É o nascimento deste Profeta de  Deus que celebramos no dia vinte e quatro de junho. A alegria da festa junina de São João Batista é resquício da exultação que seu nascimento, pessoa e atividade provocou nos seus contemporâneos. O que significa então a figura de João Batista?

João Batista significa que está terminado o Antigo Testamento, chega ao Povo Eleito a salvação prometida por Deus aos antepassados, sobretudo aos patriarcas, e predita pelos profetas. Terminou o tempo da espera. São João Batista tem a graça de viver estes dois tempos, do antigo e do novo, de contemplar com seus olhos e tocar com suas mãos a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Mestre e Divino Salvador.

Bom seria não esquecer a pessoa, o testemunho e as palavras que São João Batista nos deixou. Ele nos ensina a reconhecer a graça de Deus em nossa vida, a viver modestamente, a buscar a conversão, a valorizar nosso batismo, a viver profeticamente não calando diante do erro, da mentira e da injustiça.  Vamos valorizar o sacramento do matrimônio, preparando-nos para ele com um namoro e noivado sério e prolongado, pressuposto para viver a vida conjugal e familiar com amor fiel e fidelidade amorosa.
  
A outra passagem é esta:

"Elias já veio, mas não o reconheceram” (Mt 17,11)
 
Para a Tradição bíblica Elias retornaria para preparar os caminhos para o Senhor. Se isto é de fato um dado de fé como no Evangelho é aceita pelo próprio Jesus, deveremos admitir que vem de João um testemunho incontestável e profundamente determinante sobre a aceitação da Fé em Jesus. Não há como chegar a Jesus sem atravessar o Espírito profético de todo o Antigo Testamento e do qual João é a síntese.

 Então por qual motivo rejeitar João Batista e seu papel de presença profética que reafirma o espírito profético que tem Elias como representante? Certamente porque causa incomodo, suas palavras revelam a contradição humana de buscar em Deus somente as próprias necessidades. Muitas situações mostram que a verdade sobre o mundo e nós mesmos  só é aceita quando ela nos ajuda. Mas quando essa revela uma área escura de nossa humanidade, quase sempre buscamos disfarçá-la, rejeitá-la, escondê-la. Não reconhecemos que, feia ou bela, ela sempre nos faz crescer.

João Batista é essa figura de contradição, que causa instabilidade diante de nosso ser que busca constantemente segurança. Ele nos ajuda a purificar-nos de nossas falsas imagens de nós mesmos, e nos aponta aquele que é modelo de Homem: Jesus.


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