Se a
Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia,
consequentemente há entre ambas uma conexão estreitíssima, podendo nós aplicar
ao mistério eucarístico os atributos que dizemos da Igreja "una, santa, católica e
apostólica". Também a Eucaristia é una e católica; e é santa, antes, é o
Santíssimo Sacramento. Mas é principalmente sobre a sua apostolicidade que
agora queremos concentrar a nossa atenção.
Quando
o Catecismo da Igreja Católica explica em que sentido a Igreja se diz
apostólica, ou seja, fundada sobre o testemunho de fé dos Apóstolos, individua na expressão um
tríplice sentido. O primeiro significa que a Igreja "foi e continua a
ser construída sobre o 'alicerce dos Apóstolos' (Ef 2, 20), testemunhas
escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo". Ora, no caso da Eucaristia, os Apóstolos
também estão na sua base: naturalmente o sacramento remonta ao próprio Cristo,
mas foi confiado por Jesus aos Apóstolos e depois transmitido por eles e seus
sucessores até nós. É em continuidade com a ação dos Apóstolos e obedecendo ao
mandato do Senhor que a Igreja celebra a Eucaristia ao longo dos séculos.
O segundo
sentido que o Catecismo indica para a apostolicidade da Igreja é este:
ela "guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, a
doutrina, o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos Apóstolos". Também neste sentido a Eucaristia é
apostólica, porque é celebrada de acordo com a fé dos Apóstolos. Diversas vezes
na história bimilenária do povo da nova aliança, o magistério eclesial
especificou a doutrina eucarística, nomeadamente quanto à sua exata
terminologia, precisamente para salvaguardar a fé apostólica neste excelso
mistério. Esta fé permanece imutável, e é essencial para a Igreja que assim
continue.
Por
último, a Igreja é apostólica enquanto "continua a ser ensinada,
santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças
àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o Colégio dos Bispos, assistido
pelos presbíteros, em união com o Sucessor de Pedro, Pastor supremo da
Igreja". Para suceder aos Apóstolos na missão pastoral
é necessário o sacramento da Ordem, graças a uma série ininterrupta, desde as
origens, de Ordenações episcopais válidas. Esta sucessão é essencial, para que exista a
Igreja em sentido próprio e pleno.
A
assembleia que se reúne para a celebração da Eucaristia necessita absolutamente
de um sacerdote ordenado que a ela presida, para poder ser verdadeiramente uma
assembleia eucarística. Por outro lado, a comunidade não é capaz de dotar-se
por si só do ministro ordenado. Este é um dom que ela recebe através da
sucessão episcopal que remonta aos Apóstolos.
Se a
Eucaristia é centro e vértice da vida da Igreja, é também igualmente do ministério
sacerdotal. Por isso, com espírito repleto de gratidão a Jesus Cristo nosso
Senhor, volto a afirmar que a Eucaristia é a principal e central razão
de ser do sacramento do Sacerdócio, que nasceu efetivamente no momento da
instituição da Eucaristia e juntamente com ela. Da
centralidade da Eucaristia na vida e no ministério dos sacerdotes deriva também
a sua centralidade na pastoral em prol das vocações sacerdotais.
Primeiro, porque a oração pelas vocações encontra nela o lugar de maior união
com a oração de Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote; e, depois, porque a solícita
atenção dos sacerdotes pelo ministério eucarístico, juntamente com a promoção
da participação consciente, activa e frutuosa dos fiéis na Eucaristia,
constituem exemplo eficaz e estímulo para uma resposta generosa dos jovens ao
apelo de Deus. Com frequência, Ele serve-Se do exemplo de zelosa caridade
pastoral dum sacerdote para semear e fazer crescer no coração do jovem o germe
da vocação ao sacerdócio.
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Queria dizer que...
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