sábado, 19 de novembro de 2011

Anseios para o Sínodo: a Formação acadêmica em geral

Hoje estamos tomados de técnicas e nos seminários estas técnicas aparecem em disciplinas como homilética, comunicação pastoral, mas de nada adiantam estes esforços se o principal faltar e é justamente isto que anda em baixa: conteúdo. Qual o papel da comunicação em nossa pastoral? Vemos padres na mídia fazendo a cabeça do povo, são escutados, aclamados mas não formam ninguém, só incutem na mente do povo um cristianismo adocicado e em muitas ocasiões Pelagiano. Os santos Padres como Atanásio, Agostinho, pouco lidos nos seminários, tinham como destaque a sua capacidade de transmitir de forma eficiente o conteúdo da fé que professavam. No mundo medieval, podemos ver Tomás de Aquino, exemplar pensador que não se sente acuado nem por pensadores judeus nem muçulmanos e hoje nós muitas vezes, recusamos entrar em debate com determinados teólogos e/ou tendências teológicas e filosóficas. Não estou propondo trazer esses pensadores de volta, pois o tempo deles é diferente do nosso, estou propondo a coragem de fazer o nosso caminho como eles fizeram os seus. Isso é Tradição.

Não só a fé mas também a razão são desafiadas por problemas novos que exigem respostas nova. Se seguíssemos o exemplo de Tomás de Aquino, a Teologia e a Filosofia do seminário deveria se deixar desafiar pelas filosofias e outras ciências diversas do mundo atual. Dialogar com quem pensa igual a nós é simples demais. Para a Filosofia ser verdadeiramente firme e capaz de articular uma sadia Teologia precisa ouvir as filosofias que não são clones das nossas. A cada ano são feitas monografias em Agostinho, Boaventura, João Paulo II, isso é muito bom e super interessante, porém, deveria se investir também no desafio de Nietzsche, do atual Vattimo, entre outros tantos.

A formação acadêmica dos sacerdotes hoje em sua maioria visa a sua atividade pastoral em um ambiente que não existe mais, sem tocar a pluralidade de caminhos apresentados por nossa sociedade. As mudanças ocorrem rápidas demais, todavia, isso não justifica a acomodação a esquemas que não respondem mais. O povo de Deus continua desejando respostas para seus anseios e muitas vezes, encontra um clero fragilizado em sua identidade, incapaz de ouvir as perguntas do seu povo, intelectualmente infantilizado e espiritualmente intimista. Esse vazio tende a se aprofundar posto que os jovens candidatos ao sacerdócio carecem de uma formação geral. O problema não é que não saibam grego ou latim, o problema é a fragilidade do português mesmo. Os desafios pastorais são enormes e para muitos deles, boa vontade e dedicação, não resolvem se não estiverem unidas à competência.

Na magnifica Pastores Dabo Vobis João Paulo II diz que este momento “exige prementemente um nível excelente de formação intelectual, que torne os sacerdotes capazes de anunciar o imutável Evangelho de Cristo e torná-lo digno de credibilidade diante das legítimas exigências da razão humana” (n. 51). E mais ainda: “A obrigação do estudo, que preenche uma grande parte da vida de quem se prepara para o sacerdócio, não constitui de modo algum uma componente exterior e secundária do crescimento humano, cristão, espiritual e vocacional” (n. 51). Pastores Dabo Vobis, é um texto que não poderá jamais passar despercebido aos nossos olhos.
 

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