sábado, 19 de novembro de 2011

Anseios para o Sínodo: a Formação

De acordo com o Código de Direito Canônico, art. 253, § 2º é preciso na formação de um padre, além do reitor, diretores espirituais, um professor para cada uma das disciplinas principais. Quando não se investe não se tem um quadro adequado de professores então se improvisa um quadro de professores. De um professor se exige vivência diária e muita dedicação no estudo e na pesquisa. Observamos que a modalidade habitual do Seminário, que reúne no mesmo local a residência e os estudos, apresenta problemas sérios, como o do isolamento da vida social, e com facilidade abranda exigências acadêmicas, uma vez que existe dificuldade de formar um bom corpo docente com dedicação de tempo integral. A modalidade que separa o Seminário, ou seja, o local da formação sacerdotal do local da formação intelectual, articulando- se com um Centro de Estudos para o curso filosófico-teológico, pode encontrar um curso que não satisfaça às exigências eclesiais ou negligenciar a formação sacerdotal, sobretudo quando se trata de instituição leiga. Neste caso é importante a colaboração entre o Centro ou Faculdade e o Seminário, coisa nem sempre fácil. Tal assunto exige permanente atenção do episcopado.

Se tomarmos a sério o que disse S. Pedro, em sua primeira carta, quando exigiu de cada cristão que saiba dar a razão da sua esperança a quem a solicitar (1 Pd 3, 15), sentiremos o peso que esta passagem tem na vida de um candidato ao sacerdócio. Não precisaremos nos esforçar muito para compreendermos que nem todos os padres de uma Igreja local serão doutores. No entanto, esta constatação não libera o responsável por uma Igreja local da obrigação de montar um corpo de especialistas, pelo menos um em Bíblia, um em Teologia Sistemática, um em Ética, um em Direito Canônico, um em Liturgia, o que garantiria não só ao povo mas aos irmãos de presbitério encaminhamentos formativos indispensáveis. Se uma Igreja que se propor a fazer esse investimento conseguir gerar um padre doutor, não significa dizer que se fecharão as portas para um santo Cura D’Ars. O importante é que o seminário não seja nivelador por baixo!

Se passarmos para os documentos da CNBB, encontraremos o n. 55 que diz: “A formação intelectual dos candidatos ao sacerdócio encontra a sua específica justificação na própria natureza do ministério ordenado e manifesta a sua urgência atual defronte ao desafio da nova evangelização” (n. 144). E mais: “Por isso é inaceitável a tendência a diminuir a seriedade e a exigência dos estudos, em razão da deficiente preparação dos candidatos ou por outros motivos. Mais do que nunca os fiéis têm direito à competência, clareza e profundidade daqueles que assumem a responsabilidade de mestres na fé, no desempenho do ministério presbiteral” (n. 145, citando PDV 56).

A formação de um presbítero se articula em dois momentos e especificos: filosofia e teologia. A teologia tem por finalidade o estudo da Revelação de Deus à luz da Fé e do Magistério da Igreja. Sua finalidade consiste em fazer com que “os estudantes possam nela penetrar profundamente, torná-la alimento da própria vida espiritual, anunciá-la, expô-la e defendê-la no ministério” (Optatam Totius 16).

Não é estranha a ninguém que esta Palavra de Deus seja recebida em formulação humana, em linguagem humana, para homens de diferentes culturas. Para traduzir aos mais diversos estilos culturais e de desafios atuais, a teologia necessita de uma filosofia, a fim de melhor compreender a pessoa humana, sua liberdade, suas relações consigo, com outros e com Deus. Nessa perspectiva se justifica também o estudo das Ciências Humanas. Entretanto, a exegese histórico-crítica da Bíblia e o conhecimento científico-filosófico da situação humana não dispensam a leitura de ambas à luz da fé, que é tarefa, não só dos formadores, mas também dos docentes. Para isso exige-se um trabalho integrado entre docentes e formadores.

Creio que seja necessário delimitar melhor nos estudos de filosofia e de teologia aquilo que de fato é essencial daquilo que é simples opinião, evitando assim que o estudo se degenere em ideologia, e se perca aquilo que é necessário para o fortalecimento tanto da compreensão da própria fé quanto de si mesmo como ser humano que segundo à Revelação é criado a Imagem e semelhança de Deus.

Em suma, é necessário de fato um nível mais elevado na formação acadêmica dos presbíteros em uma sociedade cujo conhecimento navega em uma velocidade impressionante. Em outra ocasião falarei sobre a formação teológica e filosófica.
 

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