sábado, 19 de novembro de 2011

Anseios para o Sínodo: Aspectos da formação para o Diaconato permanente

1. Propedêutico:


O período inicial seria chamado de propedêutico. Aqui não estaríamos iniciando a formação acadêmica, mas a formação de uma comunidade, com um ritmo próprio de encontros e de oração que preveja também momentos comuns com a comunidade de origem dos candidatos. Acredito que para homens que já possuam uma vida de comunidade, este período propedêutico poderia ser de um ano, no qual a grande prioridade seria a criação de uma comunidade entre os candidatos ao diaconato, bem como o desenvolvimento de uma identidade eclesial, evitando que o diaconato em vez de ser serviço à Igreja seja serviço, uma vez que o local do candidato ao diaconato é sua própria comunidade.

2. Linhas formativas

Em vista do amadurecimento integral e harmônico do futuro diácono e do bom exercício de seu ministério, tenham-se presentes, desde o início do processo formativo, as dimensões: humano-afetiva, eclesial-comunitária, intelectual, espiritual e pastoral.

2.1. Dimensão humano-afetiva

Sem uma oportuna formação humana, toda a formação para o ministério ficaria privada do seu necessário fundamento (cf. PDV 43). A maturidade humano-afetiva é condição indispensável para o exercício do ministério. Ela está intimamente ligada com a vida conjugal e familiar do diácono e com a caridade pastoral, no exercício de seu ministério. No processo formativo privilegie-se a capacidade de abertura, de doação e de relacionamento. Em se tratando de homens com idade mais avançada, verifique-se com maior atenção sua capacidade de assimilar as novas expressões da fé, de adaptar-se aos novos contextos eclesiais e às exigências de uma evangelização inculturada. De modo particular o diácono alimentará em sua vida e nas relações familiares a retidão e a bondade de coração, a misericórdia, a justiça, o amor aos pobres, a humildade, o espírito de serviço e de sacrifício, a paciência, a amabilidade, a força de ânimo, o equilíbrio, a fidelidade à palavra dada e a coerência com os compromissos assumidos.
Na vivência matrimonial e na harmonia conjugal superará idéias e práticas machistas e buscará relações verdadeiramente humanas que reconheçam a igualdade e a dignidade da mulher. Valorizará e promoverá a participação mais ativa da mulher na sociedade e na Igreja. A mulher, presença que se destaca nos trabalhos de base, deverá ter maior acesso às responsabilidades de direção e à participação nas decisões importantes da vida eclesial.
Essa dimensão humano-afetiva, mesmo depois da ordenação diaconal do esposo, continua sendo a base da caridade e do amor recíprocos que sustenta o relacionamento do casal e das relações com os filhos e os outros membros da família. Por esse motivo, é fundamental reconhecer e valorizar tudo o que é característico da psicologia e da personalidade da mulher, com sua afetividade peculiar.
A esposa e os filhos participarão efetivamente do processo formativo e da missão do diácono, conscientizando-se de que essa vocação não constitui uma fuga do lar nem o desejo egoísta de uma realização pessoal, mas dom de Deus, uma nova dimensão cristã da própria vida conjugal e familiar. Esposa e filhos se enriquecem da graça sacramental.
A convivência familiar bem sucedida, com a esposa e os filhos, proporcionará ao diácono integração equilibrada na vida da comunidade eclesial e relacionamento maduro com todos.
Tal equilíbrio deverá expressar-se igualmente na vida profissional. Com grande empenho pessoal buscará colocar o Evangelho em sua vida, alcançando “uma união mais íntima entre a vida prática e a própria fé” (Apostolicam Actuositatem 19).
A “maturidade supõe a descoberta da centralidade do amor na própria existência e a luta vitoriosa contra o próprio egoísmo [...]viver o amor significa darem-se às próprias esposas numa pertença recíproca, com um vínculo total, fiel e indissolúvel, à imagem do amor de Cristo pela sua Igreja; significa ao mesmo tempo acolher os filhos, amá-los e educá-los, e irradiar a comunhão familiar a toda a Igreja e à sociedade.
 

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