Uma das coisas mais interessantes deste mundo, no que diz respeito ao conhecimento consiste na necessidade de se fundamentar aquilo que temos a dizer não na autoridade e sim nos argumentos. Assim sendo, o padre não tem autoridade reconhecida só por pertencer ao clero, é preciso cada vez mais dar razões à fé! O povo precisa ver segurança em seu sacerdote. Cada vez mais deveremos conviver com a criticidade da nossa sociedade que sempre colocará à prova a Palavra do Sacerdote, exigindo deste para o bem da Igreja e para a urgência do anúncio do Reino uma harmonia entre fé e razão cada vez maior.
A formação teológica de um padre dura até quatro anos. O tempo não quer dizer muita coisa porque muito mais importante do que a duração de um curso é o seu conteúdo, sua estrutura e consistência de conteúdo. O Curso de graduação exigido para o presbiterato gira em torno da Bíblia, da Teologia Sistemática e de disciplinas específicas para a pastoral, como Direito Canônico, Liturgia, Moral, História da Igreja e outras.
Na verdade, ninguém deveria concluir a Teologia sem estudo profundo da Bíblia. Isso pressupõe a leitura do texto. Como vai anunciar a Palavra de Deus quem a desconhece? Por mais eficiente que seja o professor, nenhum aluno deve se contentar com as aulas, ele precisará de leitura, assim sendo, precisará de uma estrutura de tempo que lhe permita pesquisar. Daqui uma interação cada vez maior entre o reitor do Seminário e o coordenador do curso acadêmico. Nem falarei que será necessário ao aluno uma biblioteca atualizada porque esta é a mais PRIMÁRIA exigência em qualquer curso sério.
O aluno deve ter acesso a métodos de leituras históricas que possibilitem a compreensão da Sagrada Escritura e de seu contexto. A isto deve se unir o conhecimento da Tradição por isso a cadeira de Patrologia deve ser consistente, com no mínimo três módulos. O aluno ainda deverá conhecer a interpretação da Igreja, percebendo assim o que é essencial e o que pode ser ainda discutível, porque a opinião de um teólogo é apenas uma entre tantas possíveis. Se espera do candidato ao sacerdócio uma desenvoltura na oralidade em vista das homilias, palestras em sua atividade pastoral, bem como para o aconselhamento do povo de Deus que lhe for confiado. O estudo de teologia deve conduzir os alunos à análise de problemas concretos, na elaboração crítica de juízo em relação ao contexto onde a Igreja se encontra.
Levando a sério o que foi dito, deveremos admitir que um homem ao concluir o seu curso de teologia estará pronto para iniciar suas atividades. Mas o que ninguém pode esquecer é que, como foi dito no Concílio Vaticano II e também a Pastores Dabo Vobis, um padre deve sempre se atualizar, é o que se chama Formação permanente do clero.
A dimensão intelectual, contrariando a muitos, faz parte da formação permanente do clero. Como diz Pastores Dabo Vobis, número 72:
“Também a dimensão intelectual da formação precisa de ser continuada e aprofundada durante toda a vida do presbítero, em particular mediante um estudo e atualização cultural séria e empenhada. [...] Em particular, a continuação do estudo teológico mostra-se necessária para que ele possa desempenhar com fidelidade o ministério da Palavra, anunciando- a sem confusões nem ambigüidades, distinguindo-a das simples opiniões humanas, mesmo se famosas e muito difusas” (PDV, n. 72).
O estudo da Teologia não está resumido no estudo da doutrina católica, se assim fosse, poderia ser feito em casa, com um bom manual e um catecismo da Igreja. Este conhecimento é necessário mas não é por si só suficiente para a vida e ação de um sacerdote. Na verdade, a doutrina é como que um esqueleto que embora dê sustento, precisará ser revestido, atualizado para novas situações da vida, mostrando a força sempre nova da mensagem de Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus. A missão do seminário de formar pastores se dá em um mundo que mudou e muda muito rápido. Percebemos o fenômeno da subjetivação da fé fazendo com que não só um crescente número de cristãos, mas também os seminaristas, manifestem menor sensibilidade ao conjunto global e objetivo da doutrina da fé. Essa situação não só dificulta a decisão dos jovens para o sacerdócio ministerial, pois, quando for padre, a tendência é alimentar práticas que sirvam a seus próprios interesses, bem como alimentar politicas por paroquias, e também dissolverá a motivação para um estudo sério da Teologia.
Nesse cenário, percebe-se que é indispensável uma interação entre formadores e professores, coisa que quase nunca acontece. Pelo contrário, vemos funcionar como compartimentos diferentes dentro do processo. O teólogo é, antes de tudo, um homem de fé, mas é também um crente que se interroga sobre a própria fé. Tenta compreender o que crê, o sentido de sua fé. Para isso o teólogo move-se numa dupla direção: o estudo da Palavra de Deus como chega a nós, na Tradição viva da Igreja, e o estudo do homem, interlocutor de Deus. E para este estudo do homem, nenhuma outra realidade pode ser mais útil ao padre que a Filosofia!
Fonte: Blog do Pe. Dalmo
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