(Marcos 10,17-30) 
Marcos é o evangelista que consegue nos escandalizar e nos pegar de surpresa com perguntas “diretas” que também gostaríamos de fazer a Jesus mas nem sempre temos coragem, porque não sabemos qual será a resposta. Jesus é imprevisível. O seu amor tem uma lógica diferente da nossa. Às vezes nós achamos que para seguir Jesus ou para termos a vida eterna é necessário fazer grandes coisas, esperamos “tempos novos e milagrosos” que nunca irão chegar. A vida espiritual e o seguimento de Jesus se constroem no dia a dia.
Marcos é o evangelista que consegue nos escandalizar e nos pegar de surpresa com perguntas “diretas” que também gostaríamos de fazer a Jesus mas nem sempre temos coragem, porque não sabemos qual será a resposta. Jesus é imprevisível. O seu amor tem uma lógica diferente da nossa. Às vezes nós achamos que para seguir Jesus ou para termos a vida eterna é necessário fazer grandes coisas, esperamos “tempos novos e milagrosos” que nunca irão chegar. A vida espiritual e o seguimento de Jesus se constroem no dia a dia.
O evangelista, com uma vivacidade de contador de  casos, nos diz que Jesus estava caminhando. Onde? Quando e como? São pormenores que gostaríamos de saber, mas o evangelho não é feito para satisfazer as  nossas mesquinhas curiosidades. Alguém se aproximou de Jesus. Este texto é  conhecido como o do “jovem rico”, mas na verdade nenhum dos evangelistas(Mt  19,16-30 e Lc 18,18-30) nos diz que ele fosse jovem. Pode ser, mas também  pode ser que seja já um homem feito, maduro, que decepcionado da vida vai procurando soluções para suas angústias  existenciais. 
Eu, pessoalmente penso que não era  jovem mas adulto, com uma certa vida de riqueza, preso ao seu poder e domínio, mas desejos de se libertar. Este jovem somos  cada um de nós que “corremos ao encontro de Jesus” e, provados pelas  dificuldades e tristezas, “nos ajoelhamos diante dele” e lhe perguntamos: o que devemos fazer para possuir a vida eterna? Quem  de nós não anda em certos momentos da vida com estas perguntas? Os místicos e entre eles João da Cruz, cheio de abandono e de confiança no Senhor, responde pacificando o nosso coração: “no entardecer da vida seremos julgados no  amor!”
Jesus se maravilha de ser chamado de “Bom Mestre” porque somente Deus é bom e somente Deus é  também o Mestre que desde o início da história humana tem caminhado conosco oferecendo-nos a beleza da lei, dos seus mandamentos. A cada dia preciso  mais dos mandamentos de Deus: simples, poucos. Claro que  qualquer pessoa, por pouco inteligente e inútil que seja,  pode compreende-los. Fico maravilhado como hoje, mesmo o Catecismo é para a maioria inacessível  pelos seus “termos e pela sua linguagem e conceitos”. Deus fala para se fazer compreender por todos os seus  filhos amados. 
Jesus, como bom mestre, não faz outra coisa que  “relembrar” os mandamentos de Deus. É somente a vivência dos mandamentos de Deus que  é necessário para entrar na posse da vida eterna, nada mais. Como é bonito  isto, como Deus nos surpreende com seu amor e como é triste às vezes ver como  em cima dos frágeis ombros dos nômades e peregrinos que somos nós nos são colocados fardos pesados. Mas diante da afirmação deste nosso irmão sem nome, porque tem o nosso nome, que está vivendo desde sua infância os  mandamentos de Deus, Jesus olha mais longe e lhe faz a proposta da perfeição.
Jesus olha com amor os que vivem os mandamentos de  Deus e para eles e elas faz uma proposta especial, de amor, de entrega. Jesus  não admite a mediocridade, ele quer que nós sejamos generosos com ele. A  proposta de Jesus é desconcertante, exigente, corajosa e ousada: “só te falta uma coisa”. O que falta a este homem angustiado, desejoso de perfeição?  Vender tudo, dá-lo aos pobres e depois, livre e sem mais receio, seguir Jesus  como autêntico mestre. O medo, o amor à riqueza faz recuar muitas vezes os  que o Senhor chama. Os discípulos vêem que esta pessoa, diante da proposta de  Jesus, porque era muito rica, se afasta. E o medo também entra no coração dos discípulos. Quem poderá salvar-se? Perguntam a Jesus. E ele responde: para Deus tudo é possível. Devemos  confiar no amor de Cristo sem medo. Ele nos dará o cêntuplo aqui e a vida eterna  se o seguirmos. Hoje celebramos a festa de Santa Teresa de Ávila e ela nos  recorda: Ó Senhor meu, como nos aproveitamos mal de todos os bens que nos dais!  Vossa Majestade buscando modos, maneiras e artifícios para mostrar o amor que  nos tendes; nós, pouco experientes em amar-Vos!
Frei Patrício  Sciadini ocd
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