sábado, 6 de agosto de 2011

Jovens “enraizados em Cristo”

Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo - SP




Aproxima-se a Jornada Mundial da Juventude da Espanha. A partir de 10 de agosto, jovens de todos os países do mundo chegarão às dioceses espanholas para participarem da pré-jornada; serão acolhidos pelos jovens espanhóis e, com eles, compartilharão experiências, a alegria da mesma fé e a pertença à Igreja de Cristo; tudo, numa grande variedade de línguas, culturas e tradições, mas irmanados na mesma Família de Deus.
O Brasil estará bem representado por mais de 13 mil jovens. Boa parte deles desembarcará na Andaluzia, em cidades como Sevilha, Granada e Córdoba. Será uma experiência religiosa cultural única! A história colonial do Brasil está bem ligada também à Espanha.
Depois, a partir de 15 de agosto, centenas de milhares de jovens encherão de vida a alegria a capital, Madrid. Nos dias 17-18-19, haverá catequeses, celebrações, eventos religiosos e culturais e interações entre os jovens, distribuídos em muitos grupos linguísticos. Dia 19, chegará também o Papa Bento XVI e será acolhido pelos jovens. Dia 20, sábado, haverá a grande vigília dos jovens com o Papa; será bonita e valerá a pena acompanhar pela TV. Dia 21, domingo, a Missa com o Papa e a conclusão da Jornada, com o anúncio do país e da cidade que serão a sede da próxima, em 2013 anos. Esperamos que seja o Brasil!
O tema escolhido pelo Papa Bento XVI para a Jornada da Espanha é belo, profundo e muito atual: “enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (cf Cl. 2,7). Vamos refletir sobre este tema, começando pela 1ª. parte. O texto é da Carta aos Colossenses e São Paulo exorta os fiéis a não se deixarem abalar na sua fé em Cristo.


O tema aponta para algo central na vida cristã: nossa referência e relação com Cristo. Ser cristão é ser discípulo de Cristo; é estar ligado a ele e dele receber um sentido novo para a vida, mediante a fé e o batismo. Para São Paulo, isso significa “estar nele”, ser edificados sobre ele, estar enraizados nele. Sem esta referência essencial a Cristo, o cristão perde o rumo e a Igreja, o seu sentido.
“Enraizados em Cristo” – isso nos lembra a parábola do semeador. A semente que caiu em terreno pedregoso, brotou logo, a plantinha até começou a crescer, mas logo secou, porque não conseguiu afundar as raízes, a terra era pouca, havia muita pedra. Planta sem raiz seca logo e não produz fruto. Árvore com raiz apenas superficial é arrancada pelo vento...
Vivemos tempos de superficialidade, de consumismo, a cultura do descartável, dos modismos passageiros, das novidades que suplantam as convicções a toda hora. Certezas duradouras estão fora de moda! E isso tende a invadir também o campo religioso e das certezas morais.  Nada de novo sob o sol: já São Paulo advertia seu jovem colaborador Timóteo a se manter firme na fé e a não diluir o Evangelho, só para satisfazer ao gosto “daqueles que têm comichão no ouvido” e desviam sua atenção da verdade, para ir atrás de fábulas (cf. 2Tm 4,1-5). Isso vale ainda hoje, quando a verdade é trocada pelos sentimentos, emoções ou satisfações imediatas; ou ainda, quando a verdade, o bem e os valores são medidos pela balança do lucro e das vaidades!
“Enraizados em Cristo”: os cristãos, jovens e não jovens, são convidados a lançar suas raízes em Cristo, para não serem como plantas arrastadas pelas correntes e tempestades, folhas secas, caniços agitados pelo vento” (cf Mt 11,7). O cristão precisa ter convicções firmes e bem fundamentadas, aprendidas do Evangelho, da fé vivida pela Igreja, do testemunho dos santos, dos mártires. A verdade não é medida por aquilo que todos dizem ou fazem: Jesus Cristo é, para nós e para o mundo,”o caminho a verdade e a vida”.


POR: CNBB

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