"Anunciamos, declaramos e definimos como dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrena, foi levada em corpo e alma para a glória celeste" (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, 1º de novembro de 1950 - Definição do dogma da Assunção). Em 1950, o papa Pio XII definiu a Assunção como dogma de fé. Não foi uma decisão tomada de um dia para o outro, mas o fruto maduro de um longo processo de aprofundamento da Escritura e da Tradição."Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3,15). Este trecho do Gênesis, chamado de proto evangelho, é o primeiro anúncio do triunfo de Cristo sobre o Diabo e, juntamente com Cristo, do triunfo de Maria, a mulher que esmaga a cabeça da serpente. Como nova Eva, a Virgem Maria está estreitamente unida ao novo Adão na sua luta contra o pecado e no seu triunfo sobre a morte. "Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que Iahweh teu Deus, te dá" (Ex 20,12). Sabemos que Cristo foi o mais perfeito cumpridor dos mandamentos. Portanto, além de honrar o Pai, deveria também honrar a mãe. Qual o filho que, tendo o poder de livrar sua mãe da morte e da corrupção, não o faria? Um filho que abandonasse a própria mãe desta forma não a estaria desonrando?
"Entre as tuas amadas estão as filhas do rei; à tua direita uma dama, ornada com ouro de Ofir. Ouve, ó filha, vê e inclina teu ouvido: esquece o teu povo e a casa do teu pai, que o rei se apaixone por sua beleza: prostra-te à sua frente, pois ele é o teu senhor! Vestida com brocados, a filha do rei é levada para dentro, até o rei, com séquito de virgens.
Introduzem as companheiras a ela destinadas, e com júbilo e alegria elas entram no palácio" (Sl 45(44),10-12.14b-16). Neste texto os Santos Padres viram a Virgem Maria em sua entrada triunfal na glória, aproximando-se do trono do Rei imortal, Cristo Senhor. "Levanta-te, Iahweh, para o teu repouso, tu e a arca da tua força" (Sl 132(131),8). A arca da aliança, segundo muitos teólogos, pregadores e doutores, é figura do corpo puríssimo da Virgem Maria, que portou a Nova Aliança entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Assim como a arca, feita de madeira incorruptível, o corpo da Virgem não poderia conhecer a degradação do sepulcro. Antes, foi levado para o Santuário Celeste, para junto de Deus. Acreditam os judeus que o Senhor protegeu a arca do saque do Templo, efetuado pelos babilônios sob a liderança de Nabucodonosor, no século VII a.C. O Apocalipse de Baruc, do final do século I d.C., menciona um anjo que removeu os objetos sagrados do Santuário, escondendo-os em lugar secreto antes da chegada dos babilônios. O Apocalipse de João nos mostra a antiga arca no Céu: "O templo de Deus que está no Céu se abriu, e apareceu no templo a arca da sua aliança. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e uma grande tempestade de granizo" (Ap 11,19). Se a arca que continha a antiga Lei foi preservada, quanto mais a novíssima arca que trouxe em seu seio não tábuas de madeira, mas o Verbo Santo de Deus!
"Que é aquilo que sobe do deserto, como colunas de fumaça perfumada com incenso e mirra, e perfumes dos mercadores?" (Ct 3,6). A esposa dos Cânticos é figura de Maria, esposa celeste que, com o divino Esposo, sobe ao Céu. "Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!’" (Lc 1,28). A Assunção é mais uma graça concedida por Deus a Maria, uma benção que se opõe à maldição lançada sobre Eva (cfr. Gn 3,19).
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