"Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas; estava grávida e gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz. Apareceu então outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete diademas; a sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. Ela deu à luz um filho, um varão, que irá reger todas as nações com cetro de ferro. Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono, e a Mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar em que fosse alimentada por mil duzentos e sessenta dias. Ao ver que fora expulso para a terra, o Dragão pôs-se a perseguir a Mulher que dera à luz o filho varão. Ela, porém, recebeu as duas asas da grande águia para voar ao deserto, para o lugar em que, longe da Serpente, é alimentada por um tempo, tempos e metade de um tempo. A Serpente, então, vomitou água como um rio atrás da Mulher: a terra abriu sua boca e engoliu o rio que o Dragão vomitara. Enfurecido por causa da Mulher, o Dragão foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes, os que observam os mandamentos de Deus e mantêm o Testemunho de Jesus" (Ap 12,1-6.13-17). A Mulher vestida de sol em Ap 12 é, primeiramente, a Igreja. Também identificamos esta Mulher com a Mãe do Senhor, que esmaga a cabeça da Serpente (cfr. Gn 3,15). Convém lembrar aqui as várias vezes em que Jesus se dirige à sua mãe chamando-a de "Mulher" (cfr. Jo 2,4; 19,26). Maria é, assim, tipo da Igreja, o novo Israel de Deus, lavada e santificada no sangue do Cordeiro, imaculada e incorruptível (cfr. Ef 5,25-27). A morte e a corrupção do corpo são conseqüência do pecado (cfr. Gn 3,19; Sl 16(15),10). "Eis porque, como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 5,12). "Porque o salário do pecado é a morte, e a graça de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6,23). "Com efeito, visto que a morte veio por um homem, também por um homem vem a ressurreição dos mortos. Pois, assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida" (1Cor 15,21-22). A Lei do pecado atinge a todos, exceto o Cristo e sua mãe. Se a carne de Cristo não conheceu a corrupção do sepulcro, então a carne de Maria, que é a mesma carne de Cristo, também não pode ter se corrompido. Maria foi levada para junto de seu Filho em corpo e alma. Não é demais lembrar que a Escritura apresenta precedentes para a assunção corporal. Os casos de Henoc, Elias e Moisés são bem conhecidos (cfr. Gn 5,24; Hb 11,5; 2Rs 2,1.11; Jd 2,9, que cita o apócrifo Assunção de Moisés). Paulo foi arrebatado até o terceiro céu (2Cor 12,2-4). No fim dos tempos, depois da ressurreição dos mortos, os que estiverem vivos serão arrebatados (1Ts 4,15-17). Alguns poderiam objetar citando 1Cor 15,23: "Cada um, porém, [ressuscitará] em sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda" (1Cor 15,23). O Evangelho, porém, relata que muitos mortos reviveram depois da ressurreição de Jesus: "Abriram-se os túmulos e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram. E, saindo dos túmulos após a ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e foram vistos por muitos" (Mt 27,52-53). Os últimos tempos, que marcam o retorno de Cristo, já começaram. É preciso deixar claro aqui que Maria não subiu ao Céu por seu próprio poder, como ocorreu com Cristo na Ascensão, mas foi elevada pelo poder de Deus. Aquela que, durante a vida, foi toda graça e gratuidade, recebeu no fim de sua peregrinação terrestre a sublime graça de entrar íntegra na glória eterna. Podemos nos perguntar, de passagem, se a Virgem experimentou a morte ou foi imediatamente transfigurada. Não existe nenhuma posição oficial da Igreja a respeito. Isenta do pecado, a Mãe do Senhor certamente é imune às suas nefastas conseqüências, entre elas a morte corporal. Porém, com a intenção de se associar mais perfeitamente a seu Filho, o qual deu a vida pelos pecadores, é razoável supor que ela quis passar por esta experiência.
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