Seguem considerações acerca do Documento 85 da CNBB
A fé há de ser apresentada aos jovens como um
encontro amoroso com Deus, que toma feições humanas na pessoa de Jesus Cristo:
“No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o
encontro com um acontecimento,com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e,
desta forma, o rumo decisivo”. Desse modo, estarão em jogo duas realidades: o
encontro pessoal com Jesus Cristo e a aceitação de um projeto de vida baseado
no seu Evangelho. Essa adesão necessariamente incorpora a realidade em que o
jovem vive como conseqüência de verdadeira encarnação cristã.
A evangelização exige testemunho de vida, anúncio
de Jesus Cristo e adesão a ele, adesão à comunidade, participação na missão da
Igreja e transformação da sociedade. Evangelizar implica, em primeiro lugar,
proporcionar o anúncio da pessoa de Jesus Cristo. Em seguida, esta
experiência deverá ser aprofundada em grupos de convivência que devem conduzir
catequeticamente a uma maturidade na fé e prontidão para ser discípulo e
protagonista na construção do Reino de Deus por toda a vida, buscando a
transformação da sociedade.”
Conhecer os jovens é condição prévia para
evangelização. Não se pode amar nem evangelizar a quem não se conhece. Por
esse motivo, iniciamos com alguns elementos das realidades juvenis, buscando
conhecer a geração de jovens cuja evangelização se apresenta como um dos
grandes desafios da Igreja neste início do século XXI. É necessário ter em
conta a variedade de comportamentos e situações da juventude hoje e a
dificuldade de delinear um único perfil da mesma no mundo e no Brasil. Além do
mais, trata-se de uma situação exposta à oscilação constante, marcada ainda com
maior impacto pela velocidade social das mudanças culturais e históricas, com
as vulnerabilidades e potencialidades dos jovens, tudo isso confrontado com uma
experiência significativa da Igreja quanto à evangelização da juventude.
Os jovens de hoje e a Igreja em que vivem são
influenciados pelos impactos da modernidade e da pós-modernidade. Alguns
elementos deste momento histórico exercem grande influência na mentalidade, nos
valores e no comportamento de todas as pessoas. Ignorar estas mudanças é
dificultar o processo de evangelização da juventude — o grupo social que
assimila esses valores e mentalidade com mais rapidez. Uma evangelização que
não dialoga com os sistemas culturais é uma evangelização de verniz, que não
resiste aos ventos contrários.
O fenômeno religioso que mais chama a atenção, dentro
desse novo contexto cultural centrado nas emoções, é o crescimento do
neopentecostalismo, que acentua a subjetividade e o elemento afetivo em sua
metodologia de evangelização. Este fenômeno é mais visível pelo número de
Igrejas pentecostais que nascem a cada dia, principalmente nas periferias das
grandes cidades. Com a diversificada oferta de escolha do sagrado, por parte do
“consumidor”, a fé é regulada pelo mercado, de modo especial, pela TV. “A
religião deixou de representar o espaço da relação do crente com Deus para se
transformar em veículo de ascensão social ou em promessa de felicidade plena.
Troca-se a elaboração analítica que exige a dor da busca e da reflexão por
sessões de entretenimento religioso.”
A tendência de acentuar os sentimentos, no mundo
contemporâneo, tem forte penetração no meio dos jovens e levanta questões
importantes referentes à metodologia de trabalho pastoral. Por outro lado, à
medida que aumenta o nível de escolaridade dos jovens, aumenta, também, a
necessidade de uma base intelectual da fé; caso contrário, muitos acabam
abandonando sua fé. É importante lembrar que as duas culturas continuam
convivendo juntas: a modernidade, que acentua a razão, e a pós-modernidade, que
acentua a centralidade das emoções. Há necessidade de levar em conta os dois
enfoques da cultura contemporânea e manter um equilíbrio entre os dois pólos: o
racional e o emocional. Emoções, sentimentos e imaginação precisam ser
integrados em uma metodologia que tenha objetivos claros.
Ao mesmo tempo, a razão
deve deixar espaço para as emoções e a imaginação. A mensagem do Evangelho
precisa ser apresentada como resposta às dimensões da vida do jovem. A formação
deve ser integral, isto é, considerar as diversas dimensões da pessoa humana e
os processos grupais.
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Queria dizer que...
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