A
história que encontramos na Bíblia é em realidade a história da Salvação, ou
melhor, do Plano Salvífico, estabelecido e levado a cabo por Deus, através de
sucessivas alianças que Deus faz com a humanidade, a saber:
-
A Aliança com Noé após o dilúvio (Gn
9, 1-17);
-
A Aliança com Abraão (Gn 15, 7-20; 17,
1-14) renovada com Isaac (Gn 22,1-19) e com Jacó (Gn 28, 10-22);
-
Aliança com Moisés (Ex 24, 1-8);
-
Aliança com Josué em Siquem (Jos
24,25-28);
-
Aliança com Davi (2 Sam 7, 4-16);
-
Aliança com Salomão na consagração do
Templo (I Re 8,1-13;
-
Aliança com o povo depois do desterro
(Ne 8, 1-10,40)
Todas estas Alianças
veterotestamentárias marcam etapas na história da Revelação e são preparatórias
para a Aliança definitiva estabelecida pelo sacrifício de Jesus Cristo no
Calvário, e selada com a vinda do Espírito Santo em Pentecostes.
O plano divino da salvação, da qual a
Revelação é uma parte, tem um centro que também é uma culminação e uma
recapitulação: Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro.
3. O que é a Bíblia?
A
Bíblia ou Sagrada Escritura é a coleção de livros que, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm Deus
por autor e como tais livros divinos e
inspirados , foram entregues à Igreja.
Se
quisermos entender o que são os Livros Sagrados, temos que ter em conta que
estes, diferentemente de todos os outros livros que existem e foram escritos,
têm duas características próprias e exclusivas:
1- São
de origem divina
devido a uma ação peculiar que é a inspiração divina.
A Fé na Inspiração dos textos da
sagrada Escritura possui raízes já no Antigo Testamento, na fé israelita, na
inspiração de Moisés, dos profetas, dos autores dos escritos sapienciais, dos
sacerdotes nas suas instruções religiosas. Essas formas de inspiração não são
idênticas. Moisés era o único mediador que transmitia a vontade de Deus à
Israel. O profeta era aquele que exprimia a palavra do Senhor à luz da aliança
selada com os Dez Mandamentos. A sabedoria era considerada um dom do Senhor e,
a instrução dos sacerdotes, uma derivação do ministério doutrinal de Moisés.
De fato, Jr (Jeremias) 18,18 fala
deste tríplice carisma do A.T: a instrução do sacerdote, o conselho do sábio, a
palavra do profeta.
Entre 400 a.C e 100 d.C, vai-se
impondo no judaísmo a convicção firme à origem divina dos livros sagrados. Os
rabinos atribuíam um grau máximo de inspiração ao Pentateuco, um grau inferior
aos Livros Proféticos, e um nível ainda inferior aos demais livros.
A Inspiração era entendida pelos
rabinos como uma espécie de ditado, mediante o qual Deus comunicava as palavras
do texto sagrado aos autores humanos inspirados. Por conseguinte, todo
versículo é considerado nas discussões rabínicas um oráculo divino, contendo
uma revelação capaz de dirimir qualquer dúvida ou controvérsia.
O Novo Testamento assume a Fé de
Israel na Inspiração dos Livros Sagrados. Prova disso, o N.T cita cerca de 350
vezes o A.T , o que significa que tanto Jesus, em sua pregação sobre o Reino do
Céus, quanto os Apóstolos, em sua missão de transmitir tudo quanto ouviram e
testemunharam de Cristo , assumem a origem divina destes textos.
A fé na Inspiração bíblica aparece de
forma explícita no N.T em dois textos:
2
Tm 3,14-17
“Tu,
porem, permanece firme naquilo que aprendeste e creste. Sabes de quem
aprendeste. E desde a infância conheces as sagradas Escrituras e sabes que elas
têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda
a escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para
corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito,
capacitado para toda boa obra”.
2
Pd 1,19-21
“Assim
demos ainda maior crédito à palavra dos profetas, à qual fazeis bem em atender,
como a uma lâmpada que brilha em um lugar tenebroso até que desponte o dia e a
estrela da manhã se levante em vossos corações. Antes d etudo, sabei que
nenhuma profecia da escritura é de interpretação pessoal. Por que jamais uma
profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo
Espírito Santa falaram da parte de Deus”.
Outros tantos textos do N.T
testemunham que a Igreja primitiva tinha firme convicção de ter aquele mesmo
carisma profético que Israel possuia: At 2, 16-20; 11,27; 13,1; I Cor 12,28s;
4,37; Ef 4,11).
Os Padres da Igreja aceitaram desde o
início a fé na origem divina e na autoridade da Bíblia. A literatura pratística
do século II cita o Novo Testamento no mesmo nível de autoridade que o A.T.
Segundo esta, Deus é o autor da Bíblia;
o autor humano é instrumento de Deus; a Bíblia é a Palavra de Deus.
Dito isto, surge naturalmente a
seguinte pergunta: como atua a ação divina da inspiração sobre os autores
humanos dos Livros Sagrados?
Como já foi referido, segundo a fé de
Israel, ela atuaria em forma de ditado. Os Padres da Igreja parecem ter
assumido este conceito de ditado. Somente no século XIX o problema da
inspiração tornou-se um problema teológico grave, de modo que até o Concílio
Vaticano I, em 1870, nenhuma declaração da Igreja visa esta questão. O Concílio
Vaticano I declara que a Igreja aceita os livros sagrados não porque são
aprovados por sua autoridade na hipótese que são de origem humana, mas
aceita-os porque Deus é seu autor mediante a inspiração do Espírito Santo. A
rejeição da inspiração divina da Bíblia é condenada como heresia formal.
Em 1893, o papa Leão XIII interveio
com a encíclica Providentissimus Deus, declarando
que “Deus moveu os escritores
inspirados mediante a sua ação sobrenatural, incitando-os a escrever e
assistindo-os no escrever; por isso, eles conceberam corretamente e exprimiram
fielmente tudo aquilo que Deus queria e somente aquilo que ele queria; somente
assim Deus pode ser o autor da Bíblia”.
Segundo esta afirmação do Magistério,
Deus é o agente principal, em todas as operações essenciais na composição dos
livros que compõem a Sagrada Escritura, desde a sua idealização, até a
formulação do canon bíblico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
* Caso o comentário seja contrário a fé Católica, contrário a Tradição Católica será deletado.
Queria dizer que...
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.