O que Cristo deixou determinado com relação a
liturgia?
Jesus Cristo não deixou nada
escrito. Não traçou nenhum ritual de cerimônias religiosas. A grande liturgia
de sua vida foi, de fato, a sua entrega, na cruz, oferecendo-se como
sacrifício, ao Pai e aos homens. Os apóstolos, porém, assistidos pelo Espírito
Santo, organizaram as primeiras comunidades e criaram maneiras novas para o
culto das mesmas. Tudo foi sendo conforme a realidade e necessidade do povo.
A Igreja vai se encarnando, se
aculturando, se adaptando conforme as necessidades de cada lugar e de cada
época. E isto é bem claro com relação a
liturgia. No principio, os apóstolos, como os primeiros cristãos, continuam
freqüentando o templo para oração. A Igreja, no seu começo, não possuía um culto próprio diferente do culto do
judaísmo. Mas, ao mesmo tempo que freqüentavam o templo, os cristãos iam
criando formas próprias de culto. O mesmo vai acontecendo nas casas. Ai, os cristãos se reúnem para a sua
liturgia, celebrando a nova aliança com morte de Cristo pela renovação da Ceia
Pascal do Senhor.
Nossa liturgia tem sua origem (fato): A nossa liturgia tem a sua origem na última ceia de
Jesus Cristo com o grupo dos 12 apóstolos. Dela falam os evangelistas Mateus
(26,26-28) Durante a refeição •
,
Jesus tomou o pão e, depois de ter pronunciado a bênção, ele o partiu; depois,
dando-o aos discípulos, disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo • A
seguir, tomou uma taça e, depois de ter dado graças, deu-a a eles, dizendo:
Bebei dela todos, pois isto é o meu
sangue, o sangue da Aliança, derramado em prol da multidão, para o perdão dos
pecados • Marcos
(14,22-25) e Lucas (22,19-20) e o
apóstolo Paulo (1Cor 11,23-25). Eles ainda apresentam o pedido de Jesus “Fazei
isto em memória de mim”.
Liturgia
será sempre memória: De Jesus Cristo. Ou melhor, da sua Paixão e morte,
ressurreição e ascensão. Para nós a celebração eucarística é um “memorial” –
nela recordamos a ceia de Jesus na véspera de sua morte, na qual se entregou ao
Pai por nós.
As
Primeiras Liturgias nas primeiras comunidades: As primeiras liturgias das
comunidades primitivas eram bem celebradas e participativas; conservavam um
sabor especial que era a presença viva de Jesus. Celebravam nas casas, entre as
famílias.
Os
alimentos, os cantos, a música, tudo era parte das pessoas e não algo estranho
a elas. A Eucaristia era, acima de tudo, a recordação viva do mestre Jesus. E
essa recordação era para ser confrontada com a vida pessoal de cada um e com a
vida da comunidade. O mais importante em tudo isto era a viva participação de
todos: “Quando estais reunido, cada um de vós, pode cantar um canto, proferir
um ensinamento ou uma revelação... mas que tudo se faça para a edificação”
(1Cor 14,26).
Entre os primeiros Cristão já havia uma rito da
palavra: Os primeiros Cristãos
reunidos para a liturgia tinham a consciência de que a pregação dos apóstolos
era a Palavra de Deus. Após ouvir com atenção, a pregação dos apóstolos, eles
celebravam a ceia do Senhor. Assim, desde o inicio, a palavra anunciada
antecede à celebração Eucarística.
Porque os cristãos das comunidades
primitivas tinham o costume de reunir-se no domingo? Porque foi no domingo
– “o primeiro dia da semana” – que o Senhor Jesus Cristo Ressuscitou.
“Devido à tradição apostólica que
tem sua origem no dia mesmo da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada
oitavo dia o Mistério Pascal. Esse dia Chamava-se justamente dia do Senhor ou domingo. Neste dia, pois, os
cristãos devem reunir-se para, ouvindo a Palavra de Deus e participando da
Eucaristia, lembrarem-se da Paixão, Ressurreição e Glória do Senhor
Jesus
e darem graças a Deus que os regenerou
para a viva esperança, pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos.”
(1Pd 1,3).Por isso, o domingo é um dia de festa primordial que deve ser
lembrado e inculcado à piedade dos fieis, de modo que seja também uma dia de
alegria e de descanso do trabalho”. (
cf. SC, 106).
O modo como as primeiras comunidades celebravam a
eucaristia? (Atos 2,42-47) Eles
eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do
pão e às orações
O temor se apoderava de todo mundo: muitos prodígios e sinais se realizavam
pelos apóstolos. Todos
os que abraçaram a fé estavam unidos e tudo partilhavam. Vendiam as suas propriedades e os seus bens para
repartir o dinheiro apurado entre todos, segundo as necessidades de cada um. De comum acordo, iam diariamente ao Templo • com assiduidade: partiam o pão em casa, tomando o
alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram favoravelmente aceitos por
todo o povo e o Senhor ajuntava cada dia à comunidade os que
encontravam a salvação.
O que aprendemos da Liturgia dos
primeiros Cristãos: Os primeiros cristãos não apenas celebravam a liturgia,
mas vivia a liturgia. Do se comportamento podemos retirar algumas lições para nós,
hoje:
Constata-se, em primeiro lugar, uma estreita ligação
entre a celebração e a vida deles. A celebração da entrega do Corpo e Sangue do
Senhor Jesus era a expressão da doação de suas vidas pelos outros. Todos se
preocupavam pelos problemas de todos “Um por todos e todos por um”.
Descobre-se também a presença de uma comunidade
ativa por ocasião das celebrações, de onde se tirava força para viver a
mensagem libertadora de Jesus Cristo.
Denuncia-se ainda a barreira que impede a celebração
autêntica: o egoísmo de alguns ricos que se uniam em grupos fechados e
marginalizavam os pobres. Aparece a exigência da mudança de vida, para que a
Eucaristia seja, de fato, sinal e instrumento de transformação social, para
criar verdadeira comunhão e não apenas reunião.
(cf 1Cor 11,17-34).
(1Cor 11,
17-26). Isto posto, eu não
tenho de que vos felicitar: as vossas reuniões, muito ao invés de vos fazer
progredir, vos prejudicam. Primeiramente, quando vos reunis em assembléia
há entre vós divisões, dizem-me, e creio que em parte seja verdade:
é mesmo necessário que
haja cisões entre vós, a fim de que se veja quem dentre vós resiste a essa
provação . Mas
quando vos reunis em comum, não é a ceia do Senhor que tomais.
Pois na hora de comer,
cada um se apressa a tomar a própria refeição • , de maneira que um tem
fome, enquanto o outro está embriagado. Então, não tendes casas
para comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus, e quereis afrontar os que
não têm nada? Que vos dizer? É preciso louvar-vos? Não, neste ponto eu não vos
louvo.
De fato,
eis o que eu recebi do Senhor•, e o que vos transmiti•: o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou pão, e após ter
dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, em prol de vós•,fazei isto em memória de mim• . Ele fez o
mesmo quanto ao cálice, após a refeição, dizendo: Este cálice é a nova Aliança
no meu sangue; fazei isto todas as vezes que dele beberdes, em memória de mim. Pois todas
as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do
Senhor, até que ele venha. Sente-se a ligação entre a missa e Igreja: pela
Eucaristia a Igreja se constrói anunciando, denunciando e vivendo Jesus.
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