Desejamos pensar quais são os melhores caminhos para a nossa ação
evangelizadora com a juventude. É um grande desafio entrar e compreender
o universo da juventude, mas, ao mesmo tempo, compreender para além do
período marcado por mudanças físicas, cognitivas ou afetivas. Queremos
pensar na juventude como fase em que se afirmam suas escolhas, suas
aptidões, suas experiências e, acima de tudo, sua necessidade de
encontro com Deus. A evangelização deverá ser considerada como a ação
fundamental e prioritária para que o jovem adquira boa identidade cristã
e se envolva na edificação do reino de Deus.
Infelizmente, a realidade nos mostra que um grande número de jovens
são interessados pela comunidade cristã quando se trata do sacramento da
crisma, e logo após receber o sacramento deixam a comunidade de fé, ou
participam esporadicamente da celebração da eucaristia. É urgente
pensarmos em algo que seja mais contínuo para a participação dos jovens
na vida eclesial. Nas realidades que temos assistido, vemos a preocupação dos
catequistas com muitos jovens que não estão iniciados à vida cristã.
Alguns, quando procuram, não encontram respaldo, não se tem o que
oferecer a eles, e há centenas de jovens que nem atentos para isso
estão.
Precisamos rever nossa “catequese de crisma”, que deveria ser
catequese com juventude, ou jovens, que não deveria focar apenas no
sacramento, mas ajudar os jovens a enriquecer sua experiência de vida e
construir sentido para ela em interação com a fé cristã. Para isso é
necessário acolhermos e estarmos atentos às características e
necessidades dos jovens e não apenas a transmitir conteúdo e doutrina.
1. Juventude e relações interpessoais
A juventude é o momento em que os olhares, a atenção e as energias se
voltam para o outro. Os jovens descobrem e usufruem a fraternidade do
seu universo jovem. Acabarão por descobrir que todo ser humano vive em
busca de um sentido, que por trás das máscaras sociais há corações
palpitantes. Em muitas situações, a vida que lhes parece um drama.
Surpreender-se, comover-se, transtornar-se à ideia de que há um outro
também. O universo interior, vibrar ao sentimento de “você semelhante a
mim”. Isso só é possível quando, pelo menos, começa-se a explorar esse
universo. Pressente-se, então, que esse universo pode-se expandir na
construção de intimidade recíproca com outros. Nasce, desse modo, uma
verdadeira e imensa necessidade de amar.
O jovem tem sede de amar gratuitamente, com um amor novo, que nada
deve a ninguém, escolhido livremente. Tem sede de amar profundamente até
o encontro da intimidade do coração, onde o que é posto em comum são as
próprias pessoas que se amam por elas mesmas.
O romantismo pôs em
relevo essa fase indistinta do amor jovem. Na fase da juventude, as relações interpessoais se intensificam,
sinal de maturidade. É o momento de abertura ao outro, convivência com o
diferente, sensibilidade. Por isso precisamos pensar em uma
evangelização que saiba lidar com a afetividade efervescente que esse
jovem vive em sua vida; do contrário, não estaremos anunciando a
mensagem ao seu coração.
2. A sexualidade como fator de socialização
A sexualidade por muito tempo foi considerada e interpretada como um
tabu, e isso acontece ainda hoje em muitos ambientes. Com isso reduz-se a
sexualidade a genitalidade apenas. No entanto, devemos compreendê-la
para além disso. A sexualidade conduz a pessoa para a dimensão
societária, eu-tu-nós.
A fase da juventude é o momento da abertura para o outro, como vimos
acima. A relação de acolhida, diálogo, reciprocidade deve ser
incentivada por aqueles e aquelas que assumem o papel e a missão de
evangelizar os jovens. A cultura e a sociedade têm uma grande influência
na formação do comportamento dos nossos jovens. Desde o nosso
nascimento, fomos sendo formados a um determinado modo em relação a
nossa sexualidade. Não recebemos a formação da sexualidade simplesmente
nos livros ou aula, isso acontece naturalmente em todo o desenvolvimento
da pessoa.
O meio social e a sociedade são fatores que contribuem para a
formação da sexualidade, pois são eles que, muitas vezes, apresentam os
padrões de comportamentos humanos. Algumas pessoas podem ser altamente
sensíveis aos sofrimentos dos outros, pois foram criadas em um clima de
ternura e compaixão. Outras, porém, tornaram-se pessoas altamente
insensíveis à dor do outro, pois o seu convívio com as pessoas que as
cercavam era de frieza.
A evangelização com jovens deve ser feita de momentos de interação
que possibilitem o encontro com os outros, a partir da vivência da fé na
vida em comunidade, e que os ajudem a fazer a experiência do Deus de
Jesus Cristo. A evangelização com os jovens não pode simplesmente negar a
sexualidade ou criar barreiras com uma série de moralismos, mas
dialogar com os jovens, mostrar que a sexualidade também é criação de
Deus e que pode ser melhor vivida à luz da fé. Não passar por cima das
questões relativas à sexualidade, mas abordar com aquilo que a fé cristã
pode oferecer para ajudar os jovens a aprimorar e a amadurecer sua
sexualidade; não simplesmente com moralismos e interditos, mas como um
caminho para maior felicidade ao esclarecer o uso mercadológico que é
feito da exacerbação do sexo e as consequências disso na vida.
3. Juventude e vida afetiva
Devemos oferecer nosso apoio afetivo e emocional ao jovem, que vive um momento profundo de transformações. Vivemos na época do sentimentalismo e emoções exacerbadas, o jovem em
um dia pode ter vários sentimentos: melancólico, eufórico, retraído,
tímido, expansivo etc. A atual sociedade coloca em alta os sentimentos e
emoções. “A tendência de acentuar os sentimentos, no mundo
contemporâneo, tem forte penetração no meio dos jovens e levanta
questões importantes referentes à metodologia de trabalho pastoral”
(Estudos da CNBB, 85, Evangelização da juventude, n. 24-25).
Há
necessidade de levar em conta os dois enfoques da cultura contemporânea
e manter um equilíbrio entre os dois polos: o racional e o emocional.
Emoções, sentimentos e imaginação precisam ser integrados em uma
metodologia que tenha objetivos claros. Ao mesmo tempo, a razão deve
deixar espaço para as emoções e a imaginação. Ao mesmo tempo que têm fortes variações de emoções, os jovens têm uma
grande facilidade para discutir, opinar sobre papel do Estado ou sobre
as diversas ideologias políticas, mas têm uma enorme dificuldade em
alguns momentos de falar sobre si mesmos, das suas dificuldades com os
pais, das suas inconstâncias emocionais, das suas tristezas. No seio da
comunidade cristã, é preciso criar espaços de confiança para essa
abertura e para o apoio mútuo. A mensagem do Evangelho precisa ser
apresentada como resposta às dimensões da vida do jovem. A formação deve
ser integral, isto é, considerar as diversas dimensões da pessoa humana
e os processos grupais.
Na adolescência e juventude, a emoção está muito presente, pois a sua
abertura para a relação com o outro é imbuída a todo o momento de
emoções. O traço dominante da afetividade da juventude é sua vivacidade.
O que inclui, pelo menos, três caracteres: fácil agitação, o seu ardor e a sua profundidade.
Nervos ao vivo e sensibilidade “à flor da pele”. Pouca coisa é
necessária para que o jovem se exalte ou se indigne. Sabemos também que
as paixões juvenis são momentos fortes na vida, as paixões são estados
afetivos absorventes e tiranizantes que polarizam a vida psíquica em
direção ao objeto. As paixões dos adolescentes e jovens valem enquanto
duram.
Dessa hiperemotividade, ligada à idade, e por vezes reforçada
pela constituição, a ambiência e o regime de vida, decorre a
instabilidade, a mobilidade de seus estados da alma. O aspecto
espiritual do sentimento pode ganhar mais peso, mais consistência do que
terá muitas vezes no decorrer da idade adulta. A compreensão dessas características é, sem dúvida, fundamental, pois
o jovem necessita se sentir num ambiente amigável e confiável para agir
de forma natural, espontânea e sensata. Essa relação de amizade só
funciona se for recíproca. Apesar de não haver uma receita pronta, cabe a
nós, que nos propomos trabalhar com eles, a tarefa de ajudar mostrando o
valor do respeito, da liberdade, da confiança, da vida em comunidade,
da vida de fé, lembrando que o melhor exemplo deve ser a própria conduta
do agente evangelizador.
4. Projeto de vida e escolhas
Sabemos que é na fase da adolescência e da juventude que se faz a
escolha profissional, vocacional e elabora-se um projeto de vida. Vale
lembrar-se das dificuldades que se enfrentam para tais escolhas. É a
partir da convivência com o outro, dentro do meio social, que os jovens
farão suas escolhas de vida. Os responsáveis pela evangelização dos jovens devem ajudá-los a tomar
consciência da sua vocação, o chamado à vida, a ser pessoa, a ser
cristão, a ser Igreja, a ser cidadão. “Desse modo, incluir os jovens na
Igreja, hoje, significa olhar para as múltiplas dimensões nas quais eles
estão inseridos, para, a partir daí, tratá-los como sujeitos com
necessidades, potencialidades e demandas singulares em relação às outras
faixas etárias. A juventude requer estrutura adequada para seu
desenvolvimento integral, para suas buscas, para a construção de seu
projeto de vida e sua inserção na vida profissional, social, religiosa
etc.” (Estudos da CNBB, 85, Evangelização da juventude, n. 27).
O jovem hoje encontra dificuldade na busca de sua identidade, na qual
se inclui a identidade ocupacional. Em geral, a fase da juventude é
caracterizada por pelo menos algum questionamento dos temas básicos e um
reexame dos valores, atitudes e crenças. Em parte, essas explorações
são possíveis graças ao desenvolvimento intelectual desse estágio; em
parte, resultam também da maturação sexual, que traz muitas inquietações
sobre a própria identidade e valores. O que estou sentindo? Por que estou me sentindo assim? Como serei
quando me tornar adulto ou idoso? As questões emocionais associam-se
como uma espécie de intransigência que conduz à expressão de sentimento,
tais como: “ninguém se sentiu assim antes”, “ninguém na verdade me
compreende”, “eu sei o que eu quero e para onde vou”, “deixe-me sozinho,
eu estou bem”.
O jovem tende a agir nessas questões como se, depois de
entender e aplicar um princípio moral abstrato seu, não pairasse para os
outros dúvidas sobre a exatidão de suas opções. Algumas vezes é difícil
estabelecer uma comunicação eficiente com eles e até mesmo a
convivência. Diante dessa realidade, o jovem pesquisa, indaga, conhece
novos mundos, novas realidades sociais que apresentam a ele um turbilhão
de possibilidades dentro da dimensão vocacional profissional. O grande número de profissões existentes, as dificuldades de mercado
de trabalho, o momento em que esse jovem vive, a formação da sua
sexualidade, suas experiências afetivas, a pressão e a expectativa
familiar, as exigências do grupo de iguais colocam dificuldades no
caminho desse jovem no momento de escolha vocacional e profissional.
Recentemente, pesquisas realizadas pelas universidades brasileiras
constataram que a principal causa do abandono do curso é a escolha
errada da profissão. Por isso, afirmamos a necessidade de orientação
vocacional e profissional para os jovens com o intuito de ajudá-los em
suas escolhas, levando ao exercício de tomada de decisão, pois é algo
essencial à pessoa, numa dimensão constitutiva e qualificadora da
própria vida. A experiência do processo de escolha e da elaboração do
projeto de vida chega a ser vital para a formação da personalidade do
jovem.
Nossa missão como Igreja é ajudá-los no
discernimento vocacional e profissional, na elaboração do seu projeto de
vida. Dentro de uma perspectiva cristã, ajudá-los a tomar consciência
de que Deus tem um plano para cada pessoa, ou seja, Deus chama para uma
missão específica na Igreja e para a construção do Reino e, assim, para
assumir seu papel na sociedade.
5. Catequese para a educação da fé
Com uma juventude que é muito itinerante, como pensar a educação da
fé para os dias de hoje? Sabemos que isso é um desafio, pois a fé
pressupõe compromissos permanentes, a fé pressupõe coerência com a vida,
a fé requer adesão ao seguimento de Jesus fundado na vida eclesial.
Como fazer isso se temos a maioria dos jovens afastados da vida
eclesial? É realmente uma missão que nós, homens e mulheres preocupados
com a evangelização dos jovens, temos que enfrentar e assumir, fazer com
que nossa prática seja atraente, que viver com Jesus Cristo seja
compromisso assumido em prol de uma causa.
A maioria dos jovens considera-se católica, embora seja uma
porcentagem em declínio. Essa autodenominação não significa a celebração
habitual da eucaristia dominical, nem sua identificação com a Igreja,
nem a influência da religião em sua vida cotidiana. Podemos dizer que os
jovens atuais não se caracterizam pela indiferença ante a religião, mas
se encontram imersos em novo itinerário religioso, pelo qual eles
mesmos constroem seu próprio universo religioso à margem da referência
eclesial. É a chamada religião ao gosto (Dicionário de Catequética,
p. 643).
Por outro lado, vemos alguns jovens inseridos em movimentos
radicais, dentro e fora da Igreja, e isso prova a necessidade que nossa
juventude tem de referencial. Os jovens de hoje vivem com urgência a busca de sentido que dê
respostas às questões fundamentais do ser humano. Essa busca, e sua
abertura experiencial ao religioso, são duas perspectivas que deverão
ser tidas em conta na catequese, já que potenciam o caráter pessoal e
personalizador que deve ter o ato de fé, sem menosprezo dos componentes
racionais e institucionais da mesma fé.
Esse tempo é marcado por uma mudança de época, com relação à prática
religiosa. Somos a todo o momento expostos a muitas religiões, vindas
com inúmeros convites e ofertas de milagres mágicos, com hora marcada.
São inúmeras as propostas de um Deus milagreiro, esquecendo do Deus de
Jesus Cristo. A mensagem bíblica é encontrada pelos jovens nos meios de
comunicação e no comércio. Os jovens, mais do que os adultos, estão
diretamente orientados para uma religiosidade que busca adequar-se à
realidade pós-moderna. Diante dessa realidade de desafios e desencontros, vemos ainda em
nossas comunidades alguns jovens que sentem necessidade de contato mais
íntimo com Deus e com o outro. Ainda percebemos a grande necessidade que
o jovem e a jovem têm de Deus em sua vida, e isso eles podem encontrar
na prática da religião, mesmo tendo algumas objeções com relação à
Igreja instituição:
Constatamos que a imagem que muitos deles têm da Igreja é de algo
ultrapassado, burocrático, e que fala uma linguagem que não se conecta
com sua vida. Frequentemente compreendem-na apenas como instituição e
não como a comunidade dos seguidores de Jesus (cf. Estudos da CNBB, 85, Evangelização da juventude, n. 67).
Algumas atitudes entre os jovens são comuns, pois alguns consideram a
religião algo importante, mas que cada um deve acreditar do seu modo, a
partir daquilo que se sinta melhor. Há também uma parcela da juventude
que atua na vida da Igreja, embora apresente algumas discordâncias com
relação à sua ação, e essa participação é mais eventual do que efetiva. E
temos jovens que participam efetivamente da vida da comunidade e
consideram isso de suma importância para a vida, como algo que dá
sentido à vida, mas isso também não os impede de serem questionadores
com relação à Igreja.
A fé não se compra no supermercado, fé é processo, é dom destinado a
crescer, fé é compromisso. Quando olhamos para a Sagrada Escritura, ela
afirma que o justo sabe que quem o sustenta é a fé.
O sábio entende que
não é possível viver sem a fé. A pessoa simples não faz interrogação
sobre a fé, vive-a do seu modo simples… Entretanto, vivemos na sociedade
da mais-valia, a pessoa vale pela produção, por aquilo que se pode
oferecer, ou por aquilo que possui. O mercado é interesseiro e não se
preocupa com a fé, mas, sim, com o lucro, o quanto se vai ganhar, quanto
proveito se tira disso ou daquilo.
A catequese como educação da fé deve levar tudo isso em consideração e
procurar desenvolver-se de maneira integral, dentro de uma pedagogia de
caráter processual e dinâmica que valorize as dimensões da relação do
jovem consigo mesmo, a relação com o grupo de catequese, com a
sociedade, com Deus e com a Igreja, ou seja, uma catequese que conduza
ao encontro transformador.
6. Catequese para o seguimento de Jesus Cristo
Pelo marcante significado e pelos riscos a que estão expostos nessa
fase da vida, os jovens são interlocutores que merecem uma atenção
especial da catequese. No coração da catequese com os jovens está a
proposta explícita do seguimento do Cristo. É uma proposta que faz deles
interlocutores, sujeitos ativos, protagonistas da evangelização,
envolvidos na construção de uma nova sociedade para todos (cf. DNC, n.
189-193).
Nossa missão de catequistas é ajudar os jovens a compreender melhor o
chamado para seguir Jesus Cristo. Ajudá-los a rever o seu conceito de
Deus e de religião, por meio de uma boa atualização catequética e de um
bom aprofundamento bíblico. Essa revisão e atualização se fazem ainda
mais necessárias nos grupos que possuem jovens vindos de outras igrejas
cristãs ou católicos que viviam afastados da comunidade. É na experiência de Jesus que se educa a fé. Para isso, é importante
destacar alguns elementos a serem trabalhados para uma consciência mais
clara do verdadeiro sentido do chamado a ser cristão.
O primeiro passo para se ter um encontro é o OLHAR. “Vem e vê” (Jo
1,46); “Chamou a si os que ele queria (…) para que ficassem com ele” (Mc
3,1.3-14). É bom lembrar aos catequistas que ninguém pode seguir Jesus
Cristo sem ter uma profunda experiência de vida com ele. Por isso, a
catequese com jovens deve incentivar a importância da oração, através da
leitura orante da Palavra de Deus, da celebração dos sacramentos e da
vivência dos valores do Evangelho.
A catequese com jovens deve ser questionadora. Para seguir Jesus é
preciso deixar-se questionar por ele: “Se queres (…) vem e segue-me” (Mt
19,21). Os catequistas devem compreender que isso não é teoria, não
basta fazer o jovem sentir-se bem na experiência pessoal com Jesus
Cristo e achar bonito o que ele fala. É preciso na educação ao
seguimento de Jesus comprometer-se com ele. Esse compromisso nascerá de
um sério e necessário questionamento, como fez o jovem Saulo: “Que
farei, Senhor?” (At 22,10). O seguimento a Jesus é um caminho a
percorrer e construir. A catequese deve ajudar o jovem a relacionar sua
fé cristã com sua experiência existencial, com sua vida concreta, e a
assumir compromissos permanentes.
Com criatividade pastoral, é importante apresentar e testemunhar
Jesus Cristo dentro do contexto em que o jovem vive hoje. E como
resposta às suas angústias e aspirações mais profundas, “devemos
apresentar Jesus de Nazaré compartilhando a vida, as esperanças e as
angústias do seu povo”. Um Jesus que caminha com o jovem, como caminhava
com os discípulos de Emaús, escutando, dialogando e orientando (Estudos
da CNBB, 85, Evangelização da juventude, n. 54).
A catequese com jovens deve ajudar cada um a perceber que seguir a
Jesus é estar disposto a viver de um jeito novo, abraçando sua missão;
iluminando seu projeto de vida com o projeto do Reino; construindo novas
relações com as pessoas; assumindo com liberdade e fidelidade os
anseios humanos que se revelam na juventude.
7. Catequese para inserção na Igreja e na sociedade
A formação do discípulo acontece na vida de comunidade, onde se
experimenta o mandamento novo do amor recíproco, que suscita um ambiente
de alegria, de amizade, de carinho, de acolhida e de respeito. O
encontro com Cristo, presente entre aqueles que se reúnem em seu nome
(cf. Mt 18,20), no amor, trará consequências e deixará marcas indeléveis
na capacidade de relacionamento entre as pessoas, envolvendo os
sentimentos, a inteligência, a liberdade e o compromisso com um novo
modo de agir na Igreja e na sociedade. Comunidades e grupos assim
formados atrairão os que vierem de fora (Estudos da CNBB, 85, Evangelização da juventude, n. 61).
A catequese deve em seu itinerário pedagógico motivar o jovem para a
inserção na comunidade cristã. É preciso ajudar os jovens a compreender
que não se pode seguir Jesus Cristo de forma isolada, egoísta, mas que o
seguimento só se realiza plenamente quando estamos na comunidade. Tomé
só conseguiu crer na ressurreição de Cristo quando voltou para a
comunidade (cf. Jo 20,24-28).
Em nossa Igreja, há uma presença significativa de jovens em vários
setores da vida eclesial: nas comunidades eclesiais de base e nas
paróquias; participando das equipes de liturgia e de canto; atuando como
catequistas e em diversas pastorais, movimentos, novas comunidades;
institutos seculares e congregações. Entretanto, a presença de jovens na
Igreja tem decaído.
A Igreja, em suas diversas comunidades e formas de expressão, precisa
ajudar os jovens a fazer a experiência da comunidade-Igreja como corpo
místico de Cristo, onde todos os membros estão interligados e cada um
ocupa um papel diferenciado. A catequese deve apresentar que na
comunidade há espaço para todos os dons e talentos e por isso deve
motivar o jovem a perceber qual a função que pode exercer na comunidade
através dos seus dons. A comunidade que precisamos apresentar ao jovem é
a comunidade Corpo de Cristo. Temos serviços diferentes, mas todos
convergem para a realização da única missão da Igreja (cf. 1Cor
12,4-30). Com isso, supriremos uma catequese apenas sacramental, pois
com essa compreensão não basta ser batizado, ser crismado, dizer-se
seguidor de Cristo, é preciso participar, assumindo seu papel e a sua
missão na comunidade.
Tal inserção dos jovens será favorecida se as comunidades estiverem
abertas para acolher o jeito de ser jovem, rompendo preconceitos e
assumindo o seu papel de educadora, pois toda a comunidade é
catequizadora, como nos afirma Puebla. É preciso, em nossa catequese,
ajudar os jovens a fazer a experiência prazerosa de pertencer à
comunidade cristã. A consequência da inserção e da experiência na comunidade cristã faz
com que o jovem assuma o compromisso com a transformação do mundo, da
sociedade humana a partir dos valores do Evangelho. Não se pode ser
cristão apenas dentro da Igreja, uma vez que o convite de Jesus é: “Vão
pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade” (Mc
16,15). Inserido na sociedade, o jovem é chamado a ser sal e luz: “Vocês
são o sal da terra (…) Vocês são a luz do mundo” (Mt 5,13-14).
A catequese bem feita ajuda os jovens a sentirem-se incomodados,
inquietos com a realidade social que os cerca, cheia de injustiças,
discriminações e atentados à vida, e, a partir disso, leva-os a uma
atitude de solidariedade, de compaixão ativa e de compromisso com o bem,
com a verdade, a justiça e a vida como fez Jesus. A educação da fé que aponta para o compromisso com a transformação da
sociedade conduzirá o jovem para a realização do seu “ser jovem”, como
agente transformador e protagonista dentro de uma sociedade que nem
sempre o acolhe. Com isso, a catequese estará cumprindo o seu papel de
unir fé e vida, formando cidadãos do Reino, discípulos jovens que sejam
apaixonados e seguidores de Jesus.
Fonte:
http://www.vidapastoral.com.br/artigos/temas-teologicos/evangelizar-a-juventude/
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