1. A revelação de Deus
“A Igreja é Israel que
abre os seus braços ao mundo para acolher a todos os homens de todas as raças e
fazê-los partícipes do dom da Salvação que Deus outorga por meio de Jesus
Cristo”[1]
O
conteúdo da Sagrada Escritura, em seu conjunto, é a história da salvação. Deus,
Todo poderoso, que não está submetido ao devenir da história humana, quis por
sua livre decisão e movido por sua infinita bondade , entrar na história dos homens
, orientando-a por caminhos misteriosos porém reais para trazer a salvação ao
Gênero humano.
A
história de que é portadora a Sagrada Escritura, em realidade, é o compêndio
das intervenções de Deus na história orientada a levar a cumprimento o desejo
divino de que “todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da
verdade”(1 Tm 2,4).
A
Carta aos Hebreus nos oferece uma ideia bastante clara sobre a historicidade
dessas intervenções divinas que compõem
a história da salvação e que a torna tão misteriosa quanto real:
“Muitas
vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas.
Ultimamente nos falou por Seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo
qual criou todas as coisas(Hb 1,1-2).”
Tomemos
as três afirmações do texto:
a) Deus
fala na história “Muitas vezes e de diversos modos”;
Implica
que Deus se revelou ao longo da história humana em diversas ocasiões e de modo
gradual, certamente respeitando a capacidade humana e esperando que esta esteja
preparada para recebê-la. “Deus não quis revelar-se a Si mesmo e nem revelar
seus desígnios eternos em uma só vez, em um só instante, mas seguiu um plano
pedagógico, manifestando novas verdades quando os homens estavam preparados
para aceitá-las[2]”.
Deus se
manifestou com palavras e ações. Com ações e fatos seguidos de
palavras pronunciadas pelo profetas e de outros escritores sagrados, que explicitavam o sentido dos acontecimentos,
ao mesmo tempo em que punham em evidência a intervenção divina; com palavras
seguidas de ações, que ilustravam o
significado da Palavra. A constituição do Concílio Vaticano II Dei Verbum explica essa relação da
seguinte forma:
“Aprouve
a Deus. na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o
mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de
Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam
participantes da natureza divina (cfr. Ef. 2,18; 2 Ped. 1,4).” Em virtude desta
revelação, Deus invisível (cfr. Col. 1,15; 1 Tim. 1,17), na riqueza do seu amor,
fala aos homens como amigos (cfr. Ex. 33, 11; Jo. 15,1415) e convive com eles
(cfr. Bar. 3,38) para os convidar e admitir à comunhão com Ele. Esta “economia”
da revelação realiza-se por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre
si, de tal maneira que, as obras realizadas por Deus na história da salvação,
manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras. E,
as palavras por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas
contido. Porém, a verdade profunda, tanto a respeito de Deus, como a respeito
da salvação dos homens, nos é manifestada por esta revelação em Cristo , que é,
simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação[3].
Deus se
revela de forma progressiva e Didática. Essa lei da progressividade é
evidente, por exemplo, nos preceitos morais do Antigo Testamento, que se
ajustavam aos costumes e aos tempos , e se destaca de modo especial no que
se refere à essência mesma de Deus. Somente no Novo Testamento, de fato, se manifesta
que o Deus único é Trino em Pessoas, que ao lado de Deus Pai existe o Filho e o
Espírito Santo.
Entre o
Antigo e Novo Testamento há uma certa continuidade que se pode expressar com os
seguintes modelos: preparação (V.T) e cumprimento (N.T); figura (V.T) e
realidade (N.T); imperfeito (V.T) e perfeito (N.T); profecia (V.T) e realização
(N.T).
Esta
revelação progressiva é uma manifestação da pedagogia divina que se foi
revelando aos homens , pouco a pouco, de acordo com o que em cada momento eram
capazes de entender. Por isso, o Concílio Vaticano II disse que “o fim
principal da economia antiga era preparar a vinda de Cristo, redentor universal
e de seu reino messiânico (...). Os livros do Antigo Testamento, segundo a
condição dos homens antes da salvação estabelecida por Cristo, mostram a todos
o conhecimento de Deus e do homem e o modo como Deus, justo e misericordioso,
trata os homens. Estes livros, ainda que contenham elementos imperfeitos e
passageiros, nos ensinam a pedagogia divina. Por isso, os cristãos devem
recebê-los com devoção, pois expressam um vivo sentido de Deus, contêm
ensinamentos sublimes sobre Deus e uma sabedoria salvadora acerca do homem,
guardam tesouros de oração e escondem o mistério de nossa salvação”[4]
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