terça-feira, 3 de maio de 2011

Preparando o Natal de Jesus


Um texto chave para se tentar compreender a função de Maria na obra salvífica de Deus é o texto de Lucas que fala sobre a concepção de Maria. Neste texto, percebemos a liberdade de Deus que escolhe Maria para ser mãe de Cristo e também a disponibilidade de Maria que aceita a missão vinda dos céus. Vejamos o texto:

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘ alegra-te, cheia de Graça, o Senhor é contigo! ’ Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. O anjo disse: ‘Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e dará a luz um filho a quem chamarás Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. E o senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará eternamente sobre os descendentes de Jacó e o seu Reino não terá fim.’ Maria perguntou ao anjo: ‘Como acontecerá isso, pois não conheço homem algum?’ O anjo respondeu: ‘o Espírito Santo virá sobre ti e a força do altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino santo que nascer de ti, será chamado Filho de Deus. Olhe a tua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. Para Deus nada é impossível.’ Maria disse: ‘Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!’ E o anjo se retirou.” Lc 1,26-38

            Deste texto riquíssimo que nenhum de nós tem a possibilidade de explorar em sua totalidade, retiramos alguns elementos que esclarecem nossa fé, possibilitando um melhor conhecimento da ação de Deus no meio da história dos homens por meio da participação de um ser humano: Maria.
            O primeiro elemento do diálogo entre Maria e o Anjo que devemos comentar é o início da saudação: ‘ alegra-te, cheia de Graça, o Senhor é contigo! ’     Este trecho nos é muito familiar por ser o início da oração que dirigimos a Maria, com intuito de alcançar em nossas vidas os mesmos méritos que ela alcançou por meio da Encarnação de Deus entre os homens. Quando os católicos rezam a Ave Maria, estão tomando para si de início a saudação do Arcanjo Gabriel. Vale lembrar que no texto que lemos, encontramos a seguinte explicação: “o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria.” Pela abertura deste Evangelho entendemos que as palavras não são próprias do Anjo, mas sim, daquele que o enviou então, se o anjo diz que Maria é cheia de Graça e que o Senhor está com ela, é porque Deus o mandou dizer isso. Gabriel é o portador de uma mensagem de Deus. Aquele que o enviou ver Maria desta forma como lemos um pouco mais à frente: Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Ter medo é próprio de quem é encontrado por Deus como vemos acontecer com Isaias, (cf Is 6).
            Mas a virgem não tem o que temer, pois o Deus que vem a seu encontro por meio de um mensageiro, a tem em grande conta porque ela encontra Graça diante de seus olhos. Muitos vêem em Maria que encontra graça diante de Deus um paralelo com o inocente Abel, (cf Gn 4) cujas ofertas agradavam a Deus. Tomando este paralelo agora, percebemos que de fato a grande oferta de vida, feita por Maria, ‘Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!’ É de grande agrado a Deus.
            Outros preferem associar este encontrar Graça diante dos olhos de Deus com a figura de Jó. (Cf. Jó 1) a quem a vida agrada a Deus. Caso tomemos esta figura, lembremos da profecia de Simeão, segundo a qual a espada da dor atravessará a alma de Maria. (Lc 2,25). Mas a grande e mais unânime de todas as comparações feitas entre Maria e figuras do Antigo Testamento se dá entre Maria e Abraão porque Deus promete a Maria um filho, assim como o fez com Abraão (Gn 12,2;15) O filho de Abraão se chamava Isaac que quer dizer, Filho da promessa. Abraão é posto à prova por Deus que lhe pede como oferta o filho (Gn 22). No caso de Maria ela entrega o seu filho, coisa que Abraão não precisou fazer. Este será retomado no momento oportuno.
            A grande distinção de Maria ocorre no fato de seu sim ter inaugurado a plenitude dos tempos (Gl 4,4) Ou seja, todas as expectativas em torno da definitiva ação de Deus se efetivam a partir do momento em que Maria assume para si a tarefa confiada por Deus de mostrar ao mundo o salvador, o único capaz de revelar a face de Deus até então nunca vista por nenhum de nós (Jo 1,18). Outra distinção importante em relação a Maria consiste no fato de ela ser lugar teológico da Trindade, isso quer dizer: Em Maria, a Trindade se expressa com toda a sua maravilhosa força amorosa e esplendor encantador. Vejamos:
Maria e o Pai:

1. O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘ alegra-te, cheia de Graça, o Senhor é contigo! ’
2. Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.

Maria e o Filho eterno:
1. Eis que conceberás e dará a luz um filho a quem chamarás Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo
2. chamarás Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo.

Maria e o Espírito Santo:
1. o Espírito Santo virá sobre ti e a força do altíssimo te cobrirá com sua sombra.

Uma pequena dúvida ainda surge: O texto seria melhor traduzido por Alegra-te. Então por qual motivo, rezamos Ave Maria?

Primeiro acrescentamos o nome da virgem à saudação do Anjo, o que de modo algum desrespeita e escritura porque o mesmo texto diz o nome da virgem: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria”. O fato de termos colocado na oração o Ave em lugar do alegra-te é de grande teor teológico e bíblico. Porque em Gn 3,15 lemos a profecia feita por Deus, segundo a qual, o descendente da mulher, há de esmagar a cabeça da serpente.  Aquele que é capaz de esmagar a cabeça da serpente é Cristo Jesus, por meio do sacrifício perfeito que Ele fez de si mesmo no alto da Cruz.                 Pelo fato de ser Cristo o homem Novo, aquele capaz de julgar e vencer o príncipe deste mundo, cumpridor da profecia expressa em Gn 3,15, a conseqüência obvia disto é que se Cristo é o descendente da mulher, então a mulher de cuja descendência virá o libertador, só pode ser Maria. Por ser Maria, a Serva do Senhor que deseja em tudo fazer em sua carne a vontade de Deus, ela se opõe à primeira mulher, Eva. Desta maneira, por meio da desobediência de Adão e Eva, veio o pecado e a morte ao mundo, pela obediência de Maria exemplar mulher, veio a nós Cristo, e por meio de Cristo obediente até a morte de Cruz (Fl 2,5-11) veio a salvação.                                                                         Sendo Maria a serva obediente, a Igreja adotou a saudação que era própria no mundo Romano AVE por ser o contrário de Eva, demonstrando quem é Maria.

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