terça-feira, 3 de maio de 2011

Número três: Jesus e sua mãe


OBJEÇÃO DE IGNORANTES: Maria não tem muita importância para Jesus porque nunca lemos em lugar algum que Jesus chamasse Maria de mãe. E mais ainda, segundo Mt 12, 46-50, lemos que quando falaram que a mãe e os irmãos de Jesus o esperavam, ele disse que sua mãe e seus irmãos são os que fazem a vontade de Deus.

            Há uma ignorância profunda que insiste em ser tão radical a ponto de dizer que Maria não é mãe de Jesus. Contra esta, lemos entre outros, o texto de Mt 12,46-50 que se inicia assim Jesus ainda estava falando às multidões. Sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora. Sobre os irmãos, veremos no próximo encontro. Mas olhemos e vejamos que os Evangelhos deixam claro que Maria é a mãe de Jesus. O mesmo ocorre em Mc 3,31-35; Lc 2, 7. Maria deu à luz a seu primogênito. Lc 2, 27.23s. Portanto, ninguém em pleno uso da razão nega que Maria seja mãe de Jesus! Intrigante entre os textos que apresentamos é o que fala que Maria deu a luz a seu primogênito. Qualquer dicionário vai traduzir primogênito por primeiro. Então, apressadamente, alguém pode cair na tentação de crer que se Jesus foi o primeiro, outros vieram depois. Até porque o Evangelho traz uma lista de irmãos de Jesus, isso, discutiremos no próximo encontro.
O que muitas vezes passa despercebido é que o filho primogênito de Maria é o Unigênito de Deus (Jo 3,15s). Sendo Jesus Filho de Deus e de Maria ele é ao mesmo tempo o primeiro e o Único. Este termo primogênito explica também porque Maria não é chamada de mãe por Jesus, pelo menos, não nos textos. Ele é o primogênito de toda a criatura (Cl 1,15-19). O primeiro de todas as criaturas, é uma menção a Adão o primeiro ser humano, posto como guardião de toda a criação. Então se Jesus é o novo Adão, o fato de nos Evangelhos Ele não chamar Maria de mãe e sim de mulher, é uma menção à mulher do Gênesis: Eva. Só que desta vez, a nova mulher é fiel, serva obediente e atenta à Palavra que brota de Deus. Então Maria é a Novíssima Eva, mãe da nova humanidade que nasce ao pé da cruz.
            Leiamos Jo 19, 25-28:
“A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estava junto à cruz. Jesus viu a mãe e ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: ‘mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí a tua mãe!’ E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa.”
            Claramente o Evangelho diz que Maria é a mãe de Jesus. O importante aqui é o fato de Maria estar junto da cruz. Enquanto os discípulos fugiram, ela persiste na companhia do Filho. Desde o calvário até a hora da morte, recebendo o corpo do filho morto logo depois. O Cristo que é o novo Adão, aquele que destrói a barreira do pecado erguida pelo primeiro Adão, pisando a cabeça da serpente (Gn 3,15) dá uma nova missão a Maria: guardar os discípulos de seu filho. Tomar conta da Igreja que nasce. E o discípulo amado por Jesus, toma Maria como sua mãe!
            Uma nova criação tem início por meio da cruz de Jesus e de seu sacrifício, esta criação o tem como o primeiro homem. E de seu lado aberto na cruz, do qual jorrou sangue e água, nasce a Igreja tendo Maria como Nova Eva, a mulher por excelência, livre de todo pecado, preservada de toda a vaidade, presente dado aos seguidores de Jesus. E estes seguidores, uma vez que amam Jesus, devem tomar Maria como mãe, levando-a para sua casa, ou em outras palavras, para sua vida! Negar Maria, por este texto que lemos é uma demonstração terrível de desamor a Cristo que do alto de sua cruz nos entregou a ela como filhos e a entregou a nós como mãe. A cruz constitui a hora para qual Jesus veio ao mundo. Mas é interessante perceber que esta hora foi antecipada em uma ocasião: as Bodas de Caná (Jo 2,1-12). Olhemos com atenção para este texto. A resposta de Jesus para o pedido de sua mãe foi Mulher, que existe entre nós? Elencamos pontos em comum entre este texto e Jo 19, 25-28:
Água que Jesus transforma em vinho. Na cruz, do seu lado aberto, jorra sangue e água. Os textos eucarísticos fazem uma identificação entre o vinho e o sangue de Cristo. Agora o que há entre Jesus e Maria? Ainda não havia chegado a sua hora, a hora de passar deste mundo para o Pai (Jo13,1) Mas antecipando esta hora e manifestando a sua glória (Jo 2, 11), Jesus manifesta que há em comum entre ele e sua mãe o fato de os dois terem que chegar mais longe, a um lugar onde se revelará a plena identidade de Jesus, de seus discípulos, de sua mãe e de sua missão:  a cruz, de onde ele estenderá entre Deus e o mundo o sinal de permanente Aliança: o altar de seu próprio corpo, cuja carne foi dada pela humanidade de Maria!
Este texto das Bodas de Caná constitui um dos mais brilhantes exemplos bíblicos acerca da intercessão, pois ao perceber que está faltando o vinho, Maria pede a seu Filho que faça algo em favor daquele casal. Contrariando assim, a tese protestante de que a Igreja teria inventado a intercessão possível de Maria. Mas, só pelo fato de ter dado sim a Deus, Maria é intercessora, pois é ponte entre o Deus que quer nos visitar e a humanidade que necessita de Deus.
Assim percebemos de onde veio a nossa Ave Maria.
Ave Maria cheia de Graça, o Senhor é convosco. (Lc 1,26-38) Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus! (Lc 1,39-56).
Santa Maria, mãe de Deus (Jo 1,1.14), rogai por nós pecadores agora (Jo 2, 1-12) e na hora de nossa morte. (Jo 19, 25-28)
  Portanto, em tudo procuramos ser fiéis a Sagrada Escritura, que não pode ser mutilada como muitos desejam, mas sim, ser lida como um conjunto, o que de fato é.


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