Missa sertaneja, saia desta Igreja que não te pertence
Segura, peãoooooooo
Tenho visto com preocupação o crescimento das chamadas “Missas Sertanejas” nas dioceses do Brasil. Um número grande de padres têm dedicado tempo e empenho nessas celebrações, digamos, “curiosas”. É verdade que elas têm atraído muitas pessoas para Igreja, mas muito mais pelo sabor da novidade do que pelo amor a Cristo. No final, a famosa “Missa” resume-se à apenas mais um passatempo de fim de semana. Um mero entretenimento.
O que podemos observar nessas celebrações anti-litúrgicas é o total desprezo dos Mistérios Divinos. Não se sabe mais o valor de uma Missa e por isso, acaba-se deturpando os seus ritos na ânsia de agradar a plateia e atrair mais público. De Santo Sacrifício a Liturgia Eucarística se torna um palco de distrações. A comunidade deixa de celebrar o culto a Deus para se auto-celebrar.
Alguns podem achar a minha crítica um tanto quanto antiquada, mas o que temos de ter em mente é que quando falamos da Igreja não é a opinião do padre, a minha ou a da Assembleia que vale, mas a Verdade de Deus. Precisamos entender que não temos permissão para alterar aquilo que foi definido por Jesus, afinal de contas, quem somos nós diante da autoridade do Senhor?
A palavra “liturgia” significa “obra pública” ou “serviço da parte do povo e em favor do povo”. Dentro da fé católica, desde muito cedo se compreendeu a liturgia como a celebração dos mistérios da Economia da Salvação, ou seja, aquilo que Deus fez do Antigo Testamento até a Ressurreição de Jesus para nos salvar. Portanto, dentro da celebração católica “a Igreja é serva à imagem do seu Senhor, o único “liturgo”, participando de seu sacerdócio (culto) profético (anúncio) e régio (serviço de caridade), (CIC, 1070).
Quando perguntavam a São Padre Pio como um fiel devia se comportar em um Missa, o santo sempre respondia: “Como São João e a Virgem se comportaram na crucificação de Cristo”. Por que essa resposta? Porque na Missa estamos diante do sacrifício incruento de Cristo na Cruz. Façamos um exame de consciência! Quem eram os que estavam festejando, batendo palmas e dançando no dia da crucificação de Nosso Senhor? Certamente, não eram São João e Nossa Senhora.
A Missa não é uma criação do homem suscetível a qualquer tipo de mudança conforme às modas. Ela é uma herança dada a nós, homens, pelas próprias mãos de Deus. Se pegarmos os testemunhos dos primeiros Cristãos, veremos que a estrutura da Missa celebrada por eles é a mesma que está presente no Missal. Isso torna visível a comunhão e a catolicidade da Igreja. “Uma só fé e um só batismo” (Efésios 4,5).
Terminadas as orações, damos mutuamente o ósculo da paz. Apresenta-se, então, a quem preside aos irmãos, pão e um vaso de água e vinho, e ele tomando-os dá louvores e glória ao Pai do universo pelo nome de seu Filho e pelo Espírito Santo, e pronuncia uma longa ação de graças em razão dos dons que dele nos vêm. Quando o presidente termina as orações e a ação de graças, o povo presente aclama dizendo: Amém… Uma vez dadas as graças e feita a aclamação pelo povo, os que entre nós se chamam diáconos oferecem a cada um dos assistentes parte do pão, do vinho, da água, sobre os quais se disse a ação de graças, e levam-na aos ausentes. Este alimento se chama entre nós Eucaristia, não sendo lícito participar dele senão ao que crê ser verdadeiro o que foi ensinado por nós e já se tiver lavado no banho [batismo] da remissão dos pecados e da regeneração, professando o que Cristo nos ensinou. Porque não tomamos estas coisas como pão e bebida comuns, mas da mesma forma que Jesus Cristo, nosso Senhor, se fez carne e sangue por nossa salvação, assim também se nos ensinou que por virtude da oração do Verbo, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças – alimento de que, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossas carnes – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. E foi assim que os Apóstolos, nas Memórias por eles escritas, chamadas Evangelhos, nos transmitiram ter-lhe sido ordenado fazer, quando Jesus, tomando o pão e dando graças, disse: “Fazei isto em memória de mim, isto é o meu corpo”. E igualmente, tomando o cálice e dando graças, disse: “Este é o meu sangue”, o qual somente a eles deu a participar… (São Justino Mártir)
Todos os ritos previstos no Missal para Celebração Eucarística têm função anagógica, de nos remeter a Deus, de nos fazer olhar para o céu. A introdução de gestos alheios ao Missal não somente perturba a comunhão e a unicidade da Igreja, como também imanentiza a ação da Assembleia. Ela deixa de se colocar diante do Senhor para se entreter com a novidade do dia. Hoje teremos Missa sertaneja, amanhã, carismática, na próxima semana, jovem, depois, pré-balada e assim por diante. Por conseguinte, a comunidade dos crentes vai perdendo a fé na Eucaristia pouco à pouco.
A Liturgia não é uma coisa que a gente faz, ela é o lugar da manifestação de Deus nos gestos, nos ritos, nos símbolos… Dom Henrique Soares
Todos os padres deveriam entender que a Missa é como o chão da Sarça Ardente. “Tire as sandálias, pois aqui é solo santo”, (Êxodo 3,5). A Missa é santa, por isso não admite enfeite. Ela não é uma árvore de natal, nem um bolo de aniversário. O Papa Bento XVI tem insistindo muito no zelo pela liturgia.
Tive a oportunidade de participar da Missa do Sábado Santo na Basílica de São Pedro em Roma, neste ano. Foi rezada inteiramente em latim e com canto gregoriano. Não entendi nada, mas foi a coisa mais espetacular e linda que já vi na minha vida, dada à beleza, o amor e a simplicidade do Sacrifício Eucarístico lá celebrado pelo Santo Padre. Cheguei a me emocionar, pois a sede de Deus foi preenchida totalmente pela Santa Missa.
Espero que um dia os padres do Brasil compreendam isto: o povo que vai à Missa, vai com sede de Deus. Se ele chegar lá e no lugar da Missa e do padre encontrar um teatrinho, no primeiro momento ele vai se divertir, mas logo depois ficará fatigado, pois o vazio de Deus permanecerá. E se pela rua ele encontrar uma comunidade evangélica que lhe dê, mesmo que ruim, um conforto a essa sede, por lá ele ficará.
Padres, o povo quer Deus, não pão e circo. De sertanejo nos dias de hoje já basta o universitário!
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