Recentemente, a activista dos direitos humanos, ex-política holandesa e exilada somali, Ayaan Hirsi Ali, escreveu sobre uma guerra mundial contra os cristãos nos países muçulmanos. Ela discutiu ao pormenor o fenómeno inaceitável de intolerância violenta para com as comunidades cristãs e atribui a culpa à comunidade internacional e às proeminentes ONG por não resolverem este problema.
Em quase todas as partes do mundo, surgem relatos numa base diária de comunidades cristãs que são vítimas de assédio e de perseguição. Na Nigéria, no dia 26 de Fevereiro, três cristãos foram mortos e dezenas ficaram feridos após um carro-bomba ter explodido perto de uma igreja, na cidade nortenha de Jos. Pelo menos 500 pessoas morreram, durante o último ano, em ataques atribuídos ao violento grupo islamista Boko Haram, que apelou a que todos os cristãos abandonassem o norte da Nigéria.
Nos estados da África Oriental, tais como o Sudão, foi dado aos cristãos um prazo até ao dia 8 de Abril para deixarem o norte. O ultimato afetará até 700 mil cristãos que nasceram no Sudão do Sul, antes de se tornar independente em 2011. Na Eritreia, é relatado que 2 mil - 3 mil cristãos estão detidos e que muitos foram torturados.
Mas o Médio Oriente continua a ser o lugar mais perigoso para os cristãos viverem e os ataques ocorrem com uma regularidade assustadora. A população copta do Egipto e a diminuída comunidade cristã no Iraque sentem mais a pressão. Dependendo do resultado dos eventos na Síria, muitos questionam o destino da vibrante comunidade cristã daquele país. No Irão, os membros das chamadas “igrejas domésticas” (independentes assembleias de cristãos que se reúnem em casas particulares devido ao medo da opressão) são encurralados e presos.
Em 2012, a organização Open Doors [Portas Abertas], que se dedica em focar a difícil situação dos cristãos, designou os países de maioria muçulmana – incluindo o Afeganistão, a Arábia Saudita e até mesmo as Maldivas – como alguns dos piores infractores do mundo. No Paquistão, as conhecidas leis do país referentes à blasfémia são frequentemente utilizadas contra os cristãos, para acertar contas pessoais ou extorquir ganhos financeiros. Os assassinatos chocantes de Shahbaz Bhatti, ministro do Paquistão para os Assuntos Minoritários, e do governador da província de Punjab, Salmaan Taseer, garantiram que qualquer pessoa que fala sobre este assunto pode esperar uma rápida retribuição.
No entanto, o problema não se limita ao mundo muçulmano. Na China, de acordo com a organização The Voice of the Martyrs [A Voz dos Mártires], a perseguição dos cristãos aumentou significativamente de 2010 para 2011. As igrejas domésticas não-oficiais são especialmente vulneráveis ao assédio oficial ou às rusgas das autoridades.
Mas o infractor número um do mundo continua a ser a Coreia do Norte, onde os cristãos estão sujeitos às piores formas de abuso, com relatos de que pelo menos 25% suportam condições análogas à escravidão nos campos de trabalho. No Vietname, o povo indígena Degar, também apelidado de Montagnards, é visto com desconfiança devido à sua fé cristã e o governo é responsável por numerosos casos de tortura e abuso, ao mesmo tempo que centenas de mulheres degar foram submetidas à esterilização forçada.
Mesmo nos países que são saudados pela sua abertura e tolerância, como a Índia, os grupos de cristãos têm sido alvo de ataques. Durante 2011, pelo menos mil casos de violência anti-cristã foram relatados em todo o país. Em Janeiro, no estado de Andhra Pradesh, fundamentalistas hindus atacaram um pastor evangélico a quem acusaram de conversões forçadas.
Tão mau como a violência e a intimidação anti-cristã é o facto da indiferença ao sofrimento dos grupos cristãos sob ameaça ser generalizada entre os governos, entre os meios de comunicação social e até mesmo entre os cidadãos comuns. Um punhado de ONG cristãs trabalha para divulgar o problema, mas as principais organizações de direitos humanos têm negligenciado muito em destacar os casos de ataques e perseguição anti-cristã explícitos.
Há uma reticência evidente por parte dos organismos internacionais, até mesmo para reconhecerem o problema. Mas, segundo o Pew Forum, pelo menos 10% dos cristãos no mundo – 200 milhões de pessoas em 133 países – vivem em sociedades como grupos minoritários. A menos que sejam tomadas medidas para resolver o problema, centenas de comunidades que simplesmente desejam praticar a sua religião em paz, enfrentarão profundas consequências psicológicas e demográficas, fugindo para o exílio para preservarem a sua fé.A União Europeia, os Estados Unidos e outras democracias mundiais têm a capacidade de levantar a questão da perseguição religiosa, o que lhes falta é a vontade. A UE deve seguir o exemplo do Departamento de Estado norte-americano, que publica um exaustivo relatório anual sobre a liberdade religiosa a nível mundial.
Outra possibilidade é levantar a questão através de acordos bilaterais com países onde os cristãos são perseguidos. Dessa forma, ficaria claro que estes estados não podem operar com impunidade quando se trata das suas minorias religiosas, professem elas o cristianismo ou qualquer outra fé.
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