Os assuntos mais populares das redes sociais nesses doze primeiros dias de janeiro são o cantor Michel Teló que foi a primeira capa da Época e a Décima segunda edição do BBB. Antes de qualquer coisa é bom lembrar que Época e Globo são pacotes de uma mesma organização. Teló ganhou a capa da Época por ser o “cantor, compositor, multiinstrumentista” que mais tocou nas rádios em 2011. Sua canção que conseguiu a façanha de (ser mais pegajosa do que aquela Ana Júlia dos Los Hermanos e a Florentina do Tiririca) ganhar o mundo, desde o exército de Israel até Cristiano Ronaldo nos jogos do Real Madrid. Por conta disso, a Época dedicou doze páginas para ele e o chamou de tradução. TRADUÇÃO dos“valores da cultura popular para os brasileiros de todas as classes”. Teló não tem nada a ver com isso, ele fez o que quis e está colhendo o que plantou com seu trabalho. Já o Big Brother Brasil, chegou à sua décima segunda edição. O conteúdo é o mesmo, igual aos pastelões mexicanos que o SBT exibe: doze pessoas trancafiadas, numa casa, pondo as diferenças em relevo por semanas. Com o passar do tempo, as máscaras vão caindo, o mais forte, o mais popular ou que der mais retorno financeiro se consagra campeão. Uns têm muita sorte, e ganham muito dinheiro tirando a roupa ao longo do ano, outros fazem carreira política respaldando-se em grupos que representam minorias sociais, outros viram artistas e outros, sem o mesmo futuro, voltam para a vida que tinham antes. É neste momento que me vejo em uma encruzilhada, ou na linguagem que vai entrar em vigor, no paredão, sem o anjo ou sem ser líder, porque se eu elevo Teló e o BBB à condição de culturalmente edificantes, eu estarei negando tudo aquilo que eu acredito ser cultura e edificante. Todavia, se eu chamar o super cantor da atualidade e o programa da globo de subcultura, ou deformante, os VIGILANTES de plantão irão me chamar de preconceituoso, arcaico, falso moralista, atrasado, defensor de um estilo de vida que não cabe mais. Dirão que eu sou um burguês de nariz empinado que desrespeita a cultura. Mas me deixem então expressar minha opinião: BBB e Michel Teló são frutos de marketing exclusivamente produzidos para gerar dinheiro. Estou falando agora de Teló, mas se tivesse feito a oito meses antes, seria Luan Santana. A fórmula é simples: pega um rapaz de boa aparência e o apresenta aos outros jovens e ele cai nas graças porque está na TV, nos rádios, na net, filho da propaganda. Depois coloca uma letra curta, pobre e com um refrão pegajoso, de apelo sexual e se tem esse resultado. Essa não foi a primeira vez que isso aconteceu, já tivemos um bom tempo com a loira e a morena do Tchan, e todas as modificações que vieram da Bahia, já tivemos o créu, e um monte de expressões desse tipo que depois de um tempo, apodrecem nos sebos de CDs. O BBB é a versão compacta da doutrina capitalista, da selva de pedra que construímos e chamamos de arranjo existencial e do qual achamos que não temos forças para nos libertar. Muitos dizem que do mesmo jeito que doze pessoas convivem numa casa e se suportam, nós também em nosso dia a dia convivemos com pessoas que desejaríamos ver fora de nossa vida, ou eliminados depois de um paredão. Mas isso é enganoso porque as diferenças têm razões de existir e nosso desejo de eliminar quem não queremos conosco, é só apresentação de nossa dificuldade de interagir com quem quem é diferente. Por isso, é tão popular e as pessoas se sentem ofendidas quando falamos mal do BBB porque nesse programa elas se vêem. São falsas demais para assumir que não gostam de outras pessoas e então, nesse programa têm uma válvula de escape.
Ainda existe outra ótica presente por trás dessa realidade. E desta, nós deveríamos nos afastar porque mascara a realidade do nosso país. No momento em que uma revista de grande peso diz que Michel Teló é a tradução de “valores da cultura popular para os brasileiros de todas as classes”, termina por nos transmitir uma ideologia muito perigosa de que nosso país não tem preconceitos, somos todos iguais e vivemos como se fossemos os meninos da fantástica fábrica de chocolates. No Grande Irmão, a lógica será a mesma, o mais forte ou o mais popular sairá vencedor. E para quem assiste, os temas serão, as armações, os novos casais que duram o tempo que dura o BBB e então, o mercador de sonhos, Pedro Bial estará unindo todo o país na mesma multidão, aquela que irá descobrir quem se deu mal naquela semana. Eu não sou falso moralista, nem sou preconceituoso, eu só acho que temos coisas mais importantes para se debater e decidir. O homem precisa do lúdico, mesmo que sua qualidade seja questionável, como é esse caso. Enquanto decidimos quem sai do BBB, começamos a achar que outros assuntos não dizem respeito a nós e na verdade pertencem à nossa vida e à de nossos irmãos e irmãs, a não ser que digamos (e aí sim seremos falsos moralistas hipócritas) que não podemos nos envolver com questões que atinjam diretamente a vida alheia. Nesta semana poderíamos pensar em alguns temas que dizem respeito a nossa vida e que não são sequer lembrados pela maioria dos telespectadores: As velhas questões de ética envolvendo mais um ministério do governo Petista, a questão do micro tráfico entre os usuários de drogas que estavam na cracolândia em São Paulo, as chuvas que sempre nos pegam de “surpresa” no mês de janeiro, as eleições que se aproximam e qual futuro queremos para nossa cidade. É, você não precisa ter vergonha de admitir que assisti o BBB, não é vergonha nenhuma. Vergonha é deixar que durante três meses sua vida seja conduzida pelas disputas entre falsos “heróis”. Quando falo contra o BBB e contra os outros subprodutos da mídia, não estou levando uma questão sobre inteligência e não inteligência, sobre cultura ou não cultura. O fato de assistir ou não assistir não demonstra se alguém é culto ou não. Pobre é quem acha que qualquer crítica é arrogância intelectual. O debate é sobre o que é verdadeiramente importante. E do BBB, eu só vejo temas desimportantes para o debate. E aí você vai se mexer na cadeira e dizer a mim que não vi a pérola de um dos participantes: “de que por debaixo da pele é tudo sangue”. E eu direi que já li, está em todo canto na internet.
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