terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mais Jesus, menos religião... Direito de resposta

"Mais Jesus, menos religião". Era o que dizia um email que recebi ontem a noite. Essa frase é uma das máximas do mundo convencional. determinados segmentos de nossa sociedade alegam que a religião representa o lado negro da história, formada por homens e mulheres incapazes de vencer na vida e que se escondem por trás do nome Deus, criado para manipular consciências. Essa linha de pensamento defendida por muitos e que tem suas raízes, firmadas nos pensamentos de Marx e Nietzsche, (desconhecidos pela maioria dos defensores atuais) e mais ainda no pensar de Max Stirner, esse sim, um ilustre desconhecido, possui alguns limites estruturais.
Primeiramente, há uma distinção entre religiosidade e religião. Isso não lhe ensinaram, nem lhe ensinarão na Universidade. Do ponto de vista Antropológico, nunca existiu uma cultura atéia. Pelo menos até aqui, não se tem notícia de nenhuma sociedade que tem sido eminentemente atéia. Na obra O Ser e o Nada,  Jean Paul Sartre, afirma existir no ser humano uma abertura para o Infinito. O ser humano tem um desejo insaciável pelo infinito. Para ele, isto é absurdo, mas a esta ânsia de infinito, as religiões chamam de Deus. Isso que no ateísmo de Sartre, aparece como desejo infinito, é o que pode ser chamado de religiosidade. O que vem a ser então a religiosidade? Religiosidade é o sentimento de que algo infinito possa existir para além da história, pois há uma incompatibilidade entre o desejo infinito e a finitude de todas as coisas com as quais nos relacionamos, inclusive nós mesmos. Religião é um código ao qual nós aderimos, com o qual nos configuramos e aceitamos como sendo capaz de harmonizar nossa vida, com o eterno e infinito. Ou seja, a religião tem a finalidade de esclarecer aquilo que em nós é uma abertura ao infinito.
Aqui se encontra o erro de todo o materialismo porque tentou construir uma imagem de homem sem levar em conta essa abertura ao infinito, esse desejo de eternidade presente em cada ser humano. Desmanche as religiões e ainda assim, permanecerá um desejo de infinito, ou na linguagem religiosa,  a vontade de Deus. "Mais Jesus, menos religião", essa afirmação limitada, do ponto de vista intelectual, demonstra ignorância dos passos da história. Até para você negar a religião, se precisou dela. Por que? Porque foi a Igreja quem guardou as escrituras e a fez chegar até nós. Nem mesmo os que afirmam que não precisam de religião para viver em paz com Deus, o fazem sem a religião. Pois precisaram dela para conhecer Jesus de Nazaré. Se você não acreditar que Jesus seja o Filho Eterno de Deus, deve à religião, pelo menos o conhecimento desse personagem da história, mas se sua fé afirma que ele é o Filho de Deus e salvador, você também deve à religião esse encontro de fé! Sinto muito, mas você ainda se encontra na sombra da velha religião dos homens e mulheres frustrados e vencidos pela história. Sua frase deveria ser "mais Jesus, menos religião, graças à religião" porque como ja falei, seus argumentos estão à sombra da igreja. Seus argumentos dependeram da Igreja para existir, porque sem a Igreja, não teria o seu acesso às escrituras! E se hoje você estuda em uma universidade, isso se deve à religião porque foi a Igreja quem criou a universidade. Logo, seu grande esclarecimento, deve-se a uma Instituição que você chama de ignorante. 
O problema que vejo hoje dentro da religião e mais especificamente da religião católica é que qualquer um se diz católico, religião não pode ser biológica e sim adesão por meio de um encontro vivo e libertador com aquele que é o Eterno Filho de Deus feito homem.
E os erros? Todos os erros cometidos pelos homens da religião demonstram a fraqueza humana, sua dificuldade em aceitar diferenças, sua vontade de crescer de forma egoísta, mas mostra também que só Deus é perfeito, só Deus não comete erros e que nós, como religião podemos e devemos ser sempre melhores. E exemplo de pessoas melhores o temos, São Francisco de Assis que largou tudo para viver imitando Jesus, Teresa de Calcutá, que viveu acolhendo os pobres na periferia do mundo, aqui perto de nós Irmã Dulce, Zilda Arns,  e tantos outros e outras que no anonimato da vida, as Marias e os Josés que buscam a concórdia, a paz, a justiça, o melhor tratamento para os fracos e o fazerm sem exigir nada em troca. Muitos homens e mulheres que por acreditarem no Deus professado por sua religião,  fazem de sua vida auxílio aos outros e serviço a Deus. A sociedade que exige que os erros do passado continuem sendo remoídos apenas demonstra a incapacidade de lidar com seus próprios erros, esse drama de consciência acompanha nossa sociedade que embora diga que a religião divide pessoas, apenas procura um responsável pela sua miséria humana, já que desde Lutero, temos "liberdade" de escolha frente à religião. A própria dinâmica plural do mundo globalizado mostra que ninguém é obrigado a seguir esta ou aquela religião. Na sua liberdade cada um escolhe, embora eu me sinta realizado na minha, não me sentiria bem, em saber que as pessoas se sentem obrigadas a ser desta religião.  Nós lidamos com os nossos erros, nós os reconhecemos e nos reconciliamos com nossa história porque o presente não pode se condenado só pelo fato de o passado ter contido fracassos. O importante mesmo é não esquecer o passado para que o presente não o repita e o futuro não se comprometa.  Encerro citando Sören Kierkegaard: "Para compreendermos a vida, temos que olhar para trás, mas para viver a vida devemos olhar para frente!" Poderia ter concluido citando a Biblia, mas aí você me diria, com preconceito de intelectual,  que isso é coisa de gente de religião, embora o seja, posso dialogar usando outras fontes para ser mais acessível para você que muito provavelmente nem saberia encontrar uma citação que eu fizesse. E não se iluda, embora você ache que religião seja coisa de gente ignorante, eu também passei por um espaço onde se ensina essências universais.

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