quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O Grande Irmão e a Pedagogia da Violência

Um ramo de intelectuais desse país, diz que programas no nível do BBB e A Fazenda, servem para expressar a profundidade da natureza humana. Muito particularmente, acho que o BBB, não serve como meio para expressar a natureza humana. O ser humano ali “confinado” não se encontra em seu ambiente porque a estrutura do confinamento explora aspectos negativos da realidade humana. Tendo como meta apenas o prêmio, este programa serve apenas para despertar o que há de mais vil porque exige que para se ganhe se faça tudo. Nos próximos três meses, por onde passarmos, esse será o assunto: no jornal, no ônibus, no elevador, em todos os lugares. Assim sendo, essa história de que quem crítica é hipócrita é uma farsa. O lixo, produzido pela mídia nos é imposto quase de forma totalitária, basta ver esse Teló e seu mega sucesso, é sempre assim, somos obrigados a absorver tudo isso mesmo que não queiramos, estão na TV, nos rádios, nos sons de carros que circulam às alturas de nossas cidades. Esse estilo midiático do BIG BROTHER, o grande irmão, mostra que tem sempre alguém manipulando nossa consciência e desejando decidir por nós o que é bom e o que não é. O que causa pena é que as pessoas nem sabem de onde veio esse título, BIG BROTHER, o que por si só representa o intuito desse programa. Dizem que o Pedro Bial, em determinada ocasião afirmou que o BBB seria um Zoológico divertido. A promiscuidade e a imoralidade, o mau caráter e a busca cega e egoísta de vencer passando por cima dos outros, encontramos em novelas e filmes. Porém aqui é diferente, há uma profunda desestruturação de consciências. Tudo bem que as pessoas que estão ali, não foram obrigadas, mandaram vídeos e sonham em estar naquela casa para obter um lugar ao sol, ou, aos olhos de todos. É a saída do anonimato, ainda assim, é perverso o que os “inventores” fazem com aquelas pessoas.
Expressão da natureza humana? Sinto muito, mas não concordo. Quem assiste tem que nas mãos o poder de eliminar pessoas, coisa que muitos desejam fazer na realidade e como não podem, vêem nesse programa a oportunidade de fazer sumir pessoas que aos olhos de quem assiste são inconvenientes. É uma representação de uma lógica que exige a nivelação das diferenças. Dentro do próprio “show” há também o sabotador, alguém que em nome do dinheiro, tem que sabotar a vida de outra ou outras pessoas. Abre-se a porta de uma espécie de Darwinismo social, no qual o dinheiro exige que se faça qualquer coisa. É o dinheiro que torna as pessoas mais fortes, porque em seu nome, se arranca das pessoas atitudes que em determinadas situações, elas nao teriam. Como isso pode expressar a natureza humana, se há alguém de fora manipulando? Alguém que liga e ao ser atendido, exige de quem atendeu maldades como indicar alguém para a votação popular, manda indicar alguém para a solitária, coisa que aqui fora, nas cadeias de verdade, é motivo de grandes mobilizações de grupos em defesa dos direitos humanos. E é claro que o indicado ou a indicada para a solitária ou para a votação, ao voltar, se voltar, vai buscar revidar, e isto garante a aspiral da violência. E assim as pessoas vão desmanchando valores e em pouco tempo, aquilo lá se torna uma selva, onde cada um deseja se sair bem. Essa ordem da lógica capitalista vai estar presente em muitos lares brasileiros e mais uma vez, fará muitos acreditarem que aquilo é o ser humano: dono do poder de eliminar pessoas, que traem os amigos; uma verdadeira lavagem cerebral. É a educação pela violência transmitida entre aplausos e choros dos “meus heróis e heroínas” apresentados por Pedro Bial. (Cá entre nós, o Pedro Bial, com esta afirmação, zomba da história desse país formado pelo sacrífico de muita gente!)
Enquanto a violência vai ditando o curso do circo, a Globo, junto com as companhias telefônicas amarrotam seu cofres com o dinheiro das ligações das pessoas que vão eliminar seus irmãos e irmãs. Criticar esse programa é algo que não vai agradar muita gente, todavia, deve ser feito por qualquer pessoa que pense. O problema a ser criticado por todos os que tenham senso, é a fundamentação de uma pedagogia que mostra que para se alcançar a felicidade, o outro deve ser eliminado. Eu acredito que a gente possa se divertir sem precisar eliminar pessoas. Podemos crescer em companhia de outras pessoas, porque na natureza, seres menos evoluídos sabem que para subsistirem precisam de cooperação. E a cada dia que se passa, nossa realidade vem mostrando que somente a cooperação, a solidariedade, a preocupação com o outro, com o mundo, é capaz de produzir uma vida melhor! 

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