quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Serra e Dilma, unidos pela hipocrisia!

É impressionante como os candidatos atuais no segundo turno conseguem ser hipócritas! O segundo turno da eleição presidencial começa sob o signo da hipocrisia!
A descriminalização do aborto foi elevado a tema de suma importância pela campanha tucana. Ou melhor, o aborto, pura e simples. Nunca antes na história deste país tal tema foi abordado de forma relevante em um contexto eleitoral. Collor o usou para desestabilizar emocionalmente Lula em 1989. Jandira Feghalli perdeu uma eleição certa para o Senado pelo Rio em 2006 por conta do que ela pensava a respeito.
Serra e seus aliados descobriram o potencial explosivo de tal tema quando Dilma começou a cair nas intenções de voto graças à propagação de padres e pastores que pregavam a derrota do PT e de sua candidata, por conta do apoio que o PT sempre deu a campanhas favoráveis ao aborto, como comprovam uma entrevista da então ministra para a Folha de S. Paulo em 2007 e o Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. Esta campanha que surgiu do legítimo exercício da opinião das diferentes lideranças religiosas, foi capaz de fazer muitas pessoas mudarem de opinião, por outro lado, se tornou carro-chefe da campanha do PSDB com direito à participação da própria mulher de Serra, Mônica ("Ela é a favor de matar criancinhas").
Agora, Serra não passa dia sem se colocar contra o aborto, como defensor dos valores, da família, e da religião. Usa e abusa do verbo nascer com a devida ajuda de Índio da Costa, que apesar da cara nova, talvez seja o que há de mais mesquinho e antigo na política brasileira.
Serra é hipócrita. Enterrou fundo o progressismo do qual se disse porta-voz durante toda a sua vida. Em nome da vitória dia 31, elevou uma plataforma de intolerância, brutalidade e desinformação a programa de governo. Fala que é contra o aborto, quando foi um dos responsáveis pelo seu avanço rumo à descriminalização.
O Código Penal, desde 1940, previa que o aborto era permitido quando a gravidez fosse resultado de estupro. Por quase 60 anos, essa norma não valeu na prática. Foi através de uma portaria do Ministério da Saúde que o dispositivo legal passou a ser eficaz no Sistema Único de Saúde. Intitulada Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes, de 9 de novembro de 1998, a portaria traz uma apresentação do ministro da Saúde, aonde se lê: "É dever do Estado e da sociedade civil delinearem estratégias para terminar com esta violência (sexual, contra as mulheres). E, ao setor saúde compete acolher as vítimas, e não virar as costas para elas, buscando minimizar sua dor e evitar outros agravos." O ministro era José Serra.
Estranho que um candidato que adore se gabar de suas realizações à frente da pasta da Saúde no governo FHC esconda o fato de ter sido o PRIMEIRO a garantir que o SUS realize abortos em vítimas de abuso sexual. Na época foi considerado por movimentos a favor do aborto, um marco tão importante quanto os genéricos.
Ele é tão hipócrita que mesmo tendo normatizado o que a lei já previa, esconde esse fato! Se ele nunca concordou com a prática, como afirma agora, poderia ter ignorado o Código Penal, como fizeram seus antecessores desde Getúlio Vargas. Se apenas regulamentou o que a lei já previa, o fez porque quis, pois a lei penal não o obrigou a isso.
A CNBB e diversos padres e pastores criticaram a portaria. Eles se mantém coerentes com sua posição. Quem mudou foi Serra. Quem mudou foi o PSDB, que bancou duas das três versões do Programa Nacional dos Direitos Humanos, tão polêmicas e ousadas quanto o PNDH-3.
(Na Constituinte de 88, apresentou-se em plenário a emenda 70, que proibia de qualquer forma o aborto. Foi derrotada com o voto contrário do senador Fernando Henrique Cardoso. O deputado José Serra faltou.)
Do outro lado, Dilma e o PT estão apavorados com a possibilidade de perder uma eleição virtualmente impossível de perder. Para estancar a sangria de votos, pode-se tudo, inclusive renegar, na maior cara limpa, uma bandeira histórica do PT como a descriminalização do aborto. Já o fizera quando, devido à reação negativa ao PNDH-3, Lula (que teria assinado o documento sem ler) mandou extirpar a previsão do projeto final.
Não o fizera quando, no ano passado, suspendeu o deputado Luiz Bassuma, que se posicionou abertamente contra a descriminalização. Bassuma foi para o PV. Hoje, seria elevado a símbolo do PT.
A hipocrisia fede, mas os hipócritas têm muito dinheiro para comprar caríssimos perfumes!

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