segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Homilia para o Primeiro Domingo do Advento

Irmãos e irmãs, este ciclo do Advento é um convite para que revisitemos as fontes de nossa vocação neste mundo, mas não qualquer vocação e sim nossa vocação cristã porque segundo São Paulo, Cristo nos enriqueceu em tudo,

“em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de nosso Senhor, Jesus Cristo. Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso.”

Depois de nos encontrarmos com São Paulo que nos ensinou que não nos falta nada em vista de nossa salvação. Para que entremos em comunhão com Cristo, todos os dons já nos foram ofertados pelo próprio Deus que nos quer ao seu lado, realizados e felizes! Esta é nossa vocação, uma vocação para a liberdade consciente de filhos e filhas de Deus e desta nos vem a garantia de que entre as coisas que passam, porque neste mundo tudo é passageiro, possamos abraçar a eternidade. Estamos aqui como administradores deste mundo e não temos aqui a morada definitiva, isso se comprova historicamente pelo fato de nenhum de nós viver para sempre. Somos pó e ao pó voltaremos. A falta desta consciência favorece o nosso afastamento de Deus e é diante desta situação que poderemos entender as preocupações de Jesus no Evangelho de hoje:

“Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando.”

Parece que a fé de muitos esfriou e assim, se abre na vida espaço para a construção da “felicidade” à luz deste mundo, sustentada pelo acúmulo e riquezas, busca desenfreada por auto glorificação, banalização da vida dos outros, da criação e indiferença perante o sofrimento dos outros! Os verdadeiros seguidores de Jesus devem estar atentos, para que as ilusões deste mundo em constante consumação, não os enganem. Devemos viver neste mundo com a convicção de que ele não é portador do sentido da felicidade, mas deve ser administrado por nós até a volta do seu dono, para que sejamos contados entre os servos fiéis. Quem é que está dormindo? Os que estão mergulhados no pecado, os que se acostumaram e que pior ainda, até encontram justificativas para seus pecados. Estão adormecidos aqueles que acreditam que a felicidade se encontra nos bens que possuem, estão adormecidos, aqueles que não reconhecem Jesus presente no sofrimento dos outros. Estão dormindo, os que embora professam a fé em Cristo, vivam como se ele nunca tivesse renovado suas vidas. Por isso, somo convidados a olhar nossa vida e preparar nosso coração para o encontro com Cristo que não sabemos quando será, pois no fim dos tempos, ele virá revestido de Glória para julgar os vivos e os mortos. Mas ainda em nosso tempo, vem ao nosso encontro naqueles que nós amamos e que ele colocou em nossas vidas, mas também no faminto, no sedento, no doente, nos que precisam de abrigo e nos que estão aprisionados por grades ou por vícios, como nos alertava o Evangelho do domingo passado. Em cada encontro com os sofredores deste mundo, temos o prenúncio do que será nosso encontro eterno com Cristo.

“Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”

Que estas palavras do Senhor encontrem sempre eco em nossas vidas de cristãos neste mundo!
 
 

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