sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Natal: a ameaça de um menino pobre. Meditação II


O título dessa postagem PARECE perturbador, sobretudo porque PARECE distoar do clima festivo que vivemos neste período do ano. Luzes enfeitam as cidades, árvores de Natal e Presépios ornamentam casas e Igrejas, várias pessoas procuram a reconciliação, prepararam festas lindas para a noite de Natal e ceias para reunir as famílias. Então, em meio a tudo isso, como é que o Natal pode ser uma ameaça?
Pode PARECER estranho, mas é justamente essa a impressão que tenho do Natal toda vez que leio os relatos de São Mateus e São Lucas sobre o nascimento e a infância de Jesus. "Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria"
Deus poderia se valer de seu poder para nascer em qualquer lugar que quisesse. Poderia ter feito Jesus nascer em uma casa quente e confortável, poderia ter feito Jesus nascer como um rei, afinal, o Filho de Deus é Senhor de toda a criação. Poderia sim, mas prefiriu se deixar mover pela liberdade dos homens. A aventura de Deus no meio da vida dos homens se torna intensa pelo sim dos humanos. Para o Evangelista Mateus, o Sim é de José que é chamado por meio de um anjo em sonho. Para o Evangelho de Lucas, o sim é de Maria que recebe a notícia por meio do Anjo Gabriel. Todavia, Lucas em seu Evangelho, denúncia toda a hipocrisia dos homens e afirma que não havia lugar para eles na hospedaria. É claro que não há lugar para José, Maria e o menino que ela traz em seu útero, porque eles escutam a palavra de Deus, o mundo não!
Fico imaginando José, agoniado à procura de um lugar para sua esposa que estava sentindo todo o peso da hora do nascimento do menino chegando. Fico imaginando a tristeza nos olhos dele ao ouvir as pessoas dizerem que não havia lugar ao mesmo tempo em que tinha que cuidar de sua esposa que sentindo dores, desejava um lugar para descansar. Mas José a levou para o estábulo porque não havia lugar para eles na hospedaria. Não havia lugar para ele naquele mundo entre os homens porque as preocupações deste mundo são o  TER, o QUERER, o PODER. Em nossos jornais, na noite de hoje, a preocupação era uma só: até que horas o comércio estará aberto amanhã, véspera de Natal? É preciso saber a hora que o comércio fecha e qual o melhor presente que devemos dar! é nesse sentido que não há lugar para José, Maria e Jesus nesse mundo que corre preocupado com uma estrutura de pensamento que prioriza o materialismo extremo, o bem estar por si mesmo e o acúmulo de riquezas.
E é justamente nesse sentido que o Natal é a ameaça de um menino pobre: porque é preciso que o mundo o esqueça para continuar vivendo seu esquema ilusório que diz defender a liberdade contudo, nao passa de um prisioneiro de suas próprias ideologias. É preciso que esse mundo continue sem dar espaço para Cristo porque só assim, poderá continuar falando de felicidade, sendo apenas produtor de uma felicidade falsa que arranca a liberdade das pessoas que são obrigadas a seguir padrões de comportamento, de beleza e de estrutura social, alimentando ainda mais as distâncias entre as pessoas.
É preciso que nesse mundo não aja espaço para Jesus para que a grande omissão vigente continue frente ao sofrimento de muitos de nossos irmãos e irmãs.
Nesse sentido, o Natal é uma ameaça e será sempre! Ameaça aos poderosos deste mundo, aos que se alimentam do sofrimento, aos que fazer da dor e da tristeza alheias, meio de subsistência de mercadores do Sagrado. O Natal, em seu sentido mais puro, é uma ameaça porque nos obriga a uma escolha: ou fazemos de nossa vida, um lugar para Deus nascer ou fechamos em definitivo as portas de nossa vida, para que a lógica perversa deste mundo permaneça. Não há como unir os anseios de Deus apresentados em Cristo e por Cristo com os poderes estabelecidos neste mundo. O Natal é uma ameaça porque desafia o comodismo, inquieta estruturas e obriga as pessoas a uma decisão. Deixemos que o Menino Deus nasça em nossa vida. Deixemos que José entre em nosso coração trazendo Maria, mãe do Salvador, para que o Deus que se fez pobre nos enriqueça por meio de sua pobreza e simplicidade para que fiéis a ele, possamos testemunhar a misericórdia de Deus e assim, ponhamos em xeque as estruturas deste mundo mesquinho que há muito tem nos mantido como prisioneiros.
Peçamos a Deus que aquilo que ameaça a falsa paz deste mundo, ilumine nossas vidas e possamos nos sentir confortado em meio às adversidades deste mundo cada dia mais hóstil a Deus!

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