Desde os anos sessenta, os EUA, como capital mundial das celebridades e como pátria da fabricação de imagens em quantidade e velocidade nunca vista, vêm exportando para nosso país o movimento gospel neo-pentencostal. Esse tipo de manifestação tomou um impulso extraordinário nos últimos dias, tanto lá como aqui, nas terras de D. João VI, encontrou terreno fértil para propagar as suas ideias, e, como uma epidemia incontrolável, vem se alastrando, contaminando os não vacinados, com o vírus maléfico da sedução, que transformou o símbolo da cruz, em passaporte para o “reino interno”.
Essa indústria de entretenimento religioso tem anestesiado as massas, e sobre elas, têm causado um impacto assustador. O seu objetivo (está claro), não é de pregar e ensinar as verdades existentes na mensagem de Cristo, e sim, o de fazer unicamente a propaganda da fé.
Os programas empacotados trazidos dos EUA empanturram e saturam as almas que procuram apoio espiritual para suas agruras. Nunca se viu tantas celebridades e estrelas gospel, subindo e descendo dos palcos dos templos, para dar o seu recado mercadológico de diversão, conforto, e conveniência ou prazer, que mais parecem emanações fantasmagóricas.
Como é que tantos, passam horas e horas escutando mentiras, promessas de prazeres rasteiros num grau sem precedentes?
Ah! Como esses líderes midiáticos sabem tão bem amarrar as suas vítimas nas engrenagens mortais de suas máquinas. Será que a única coisa que consola o sofrimento desse povo, é a diversão? Na mídia gospel se sabe que o entretenimento forma hábitos. Na busca de excitação, as pessoas podem tolamente imaginar que a posse de objetos, as tornarão mais felizes. E o que fazem: deixam de ver o único caminho possível para a salvação ─ a devoção cristã.
Lembro-me agora, do que li sobre o famoso cantor e compositor Americano, Bruce Springsteen. Acostumado a fazer shows para centenas de milhares de pessoas, ele sempre falava esse refrão gospel diante da multidão em delírio: “Não posso lhe prometer a vida eterna, mas posso lhe prometer a vida bem AGORA”. Eis aí, a nobre promessa da mídia gospel. Quando Bruce, através de seu ministério do “rock’n’roll”, gritava para uma imensa platéia enlouquecida, os seus fãs respondiam com um trovão de vozes, retribuindo-o no mesmo espírito. O vínculo do fã com a estrela gospel é o mesmo do torcedor fanático com o seu time.
Eu me pergunto: Por que eles nomeiam de “poder divino” ou “avivamento do alto”, esses excessos de sentimentos que raiam à beira da loucura? Por que não ser fã de um ídolo gospel, hoje, é o mesmo que nadar contra a maré? Maré essa, constituída por congressos e reuniões onde se debatem os últimos sermões e obras das celebridades importadas, todos usando devidamente suas estrelas no peito, como marcadores de distinção.
Onde está o senso crítico dessa gente? Como é que se deixa ser levada por essa espúria “facticidade sacrossanta”? Como é que eles se realizam, absorvendo os produtos de ilusão dessa fábrica de manufaturas “inspirituais”? Como se deixam ser subjugados pela lengalenga vazia dos pesadelos gospel? Como se deixam passivamente ser sugados pelos “vampiros de almas” que assolam as igrejas de nosso país?
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