O Evangelho deste domingo nos revela que as portas para a Salvação estão abertas a todos aqueles que, em sinceridade, com o coração, se voltar para Deus. Ao mesmo tempo o Evangelho nos mostra que o Pai recebe com alegria um filho que verdadeiramente se arrependa. E a pergunta que logo nos vem à mente é qual é o sinal do arrependimento verdadeiro? E a resposta nos é bem clara: não voltar a cair em velhos erros e arrancar do coração, pela raiz, os pecados que nos punham em perigo de morte. Romper com tudo aquilo que pode nos afastar de Deus e também de nossos irmãos e irmãs, sobretudo, com aquilo que nos afasta dos pobres. Quando estes pecados estiverem apagados, Deus virá habitar-nos, ou melhor, Deus virá a restabelecer em nós a sua semelhança. Semelhança esta que o pecado obscurece. A ida do filho para a vinha, mesmo depois de um “não” dado no primeiro momento é o grande desejo de Deus para toda a humanidade pois, como diz a Escritura, um pecador que se converte e se arrepende encontrará no Pai e nos anjos do céu uma imensa e incomparável alegria (Lc 15,10). Assim poderemos entender o que significa: “Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios” (Os 6,6; Mt 9,13). Somos convidados por Jesus a rever nosso conceito de Deus. Convidados a reencontrar a verdadeira imagem do Pai de Jesus porque em muitas vezes, devido a determinadas experiências vividas em nosso dia a dia: o sofrimento, a doença, a ausência de alguém que amamos, a incompreensão da qual é vítima muitos lares, somos tentados a duvidar do amor de Deus. Mas Deus não deseja a dor e o sofrimento dos justos, pelo contrário: “Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá, não morrerá”. (Ez 18, 26-28 – Trecho da Primeira Leitura) O como lemos em outro trecho também do Profeta Ezequiel “Não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim na sua conversão” (Ez 33,11). A grande alegria de Deus consiste em nossa entrada na sua messe, não com palavras que apenas expressam o exterior e muitas vezes só serve para gerar uma justificação social. Deus não quer que nós o amemos só com palavras, ele quer que nos o amemos em atos! Para tanto, devemos acreditar na misericórdia infinita do Pai que nos quer felizes e que sempre está disposto a nos perdoar: “Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão brancos como a neve. Mesmo que sejam vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã” (Is 1,18). Jesus em diversas ocasiões nos Evangelhos nos convida a perdoar de forma plena nossos irmãos e irmãs que pecam contra nós e se arrependem. Este perdão é uma demonstração de que perdoar é humano! E esta humanidade do perdão é sinal de algo muito maior porque se nós, que somos maus, sabemos dar coisas boas aos outros (Mt 7,11), quanto não será capaz de dar “o Pai das misericórdias” (2 Cor 1,3)? O Pai de toda a consolação, que é bom, cheio de compaixão, de misericórdia e de paciência por natureza, espera os que se convertem. E a verdadeira conversão supõe que deixemos de pecar e que não olhemos mais para trás. Supõe que “Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro.” (Fl 2, 3-4 – Trecho da Segunda Leitura) A verdadeira conversão é manter no coração os mesmos sentimentos de Cristo (Fl 2,5 – trecho da Segunda Leitura). O alerta dado por Jesus de que as prostitutas e os cobradores de impostos terão a precedência no Reino demonstra por um lado a fragilidade de muitos corações que se dizem convertidos porque muitos que afirmam ter fé e estarem no caminho certo, continuam presos à vida velha, de pecado e hipocrisias, incapazes de reconhecer na misericórdia de Deus a força capaz de transformar os corações. E por outro lado, demonstra o alcance desta mesma misericórdia capaz de arrancar as prostitutas do caminho errado e os reconduzir os cobradores de impostos. Portanto, lamentemos amargamente, os erros cometidos e peçamos ao Pai que os esqueça. Ele pode, na Sua misericórdia, desfazer o que foi feito e, com o orvalho do Espírito, apagar as nossas faltas passadas.
Padre Dalmo Radimack
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