Mt 2, 1-12 – NASCIMENTO E VISITA DOS MAGOS
A
terceira unidade do Evangelho da Infância de Mt esclarece o “onde” do advento
divino à história, em sua forma visível, perceptível aos olhos dos homens:
Belém da Judéia, a cidade de Davi. Mt apresenta a idéia positiva da
descendência davídico-régia do Messias e da salvação oferecida por meio dele a
todos os povos. Mt explica o mistério de Jesus a uma comunidade formada de
cristãos judeus e gentios. Nesse quadro messiânico-régio, Maria é apresentada
como mãe do Messias-rei (vv.2.11). A homenagem de adoração prestada pelos magos
ao menino no colo da mãe apresenta Maria no papel da rainha-mãe do AT (1Rs 1,
15-21; 2, 12-20).
O
episódio dos magos não é propriamente história, mas um midrash, isto é, uma história construída para fins de edificação.
Isso, contudo, não impede que o midrash
tenha sido plasmado de um núcleo histórico, proveniente de reminiscências
familiares. Estamos diante de densa releitura pascal, que confessa Jesus como
messias e salvador universal e colada ao lado dele sua mês, com acentos que
refletem a percepção de fé da sua extraordinária proximidade do Filho. O
fundamento pré-pascal desse dado só pode ser a proximidade de Maria em relação
à missão daquele que, sendo seu filho, será confessado Senhor e Cristo e Filho
de Deus: no “onde” do nascimento se reflete a messianidade do Filho e a
excepcional dignidade da mãe.
Mt 2, 13-23 – FUGA PARA O EGITO
A
última unidade do Evangelho da Infância de Mt apresenta o “de onde” a missão de
Jesus começou. Mt desloca Jesus de Belém para Narazé, o faz ir para o Egito e
voltar, ao mesmo tempo comenta a morte dos inocentes em Belém com as palavras
usadas por Jeremias para descrever as tribos do Norte condenadas ao exílio.
Assim, de certo modo, o Jesus de Mt revive o êxodo e o exílio, isto é, revive
de maneira plena a história de Israel. O menino é, pois, a figura do novo
Israel, e nele vem cumprir-se finalmente a espera messiânica do povo do êxodo e
do exílio: Nazareu (v.23) pode lembrar o rebento messiânico (Is 11, 1), o santo
de Deus (Jz 13, 5.7) ou o resto escatológico de Israel (Is 42,6; 49,8). Ao lado
dele, sempre presente, como mostra a expressão recorrente “o menino e sua mãe”
(vv. 13.14.20.21) está Maria: figura do Israel da espera que entra no tempo
escatológico. A mãe do Messias Rei que acolhe todos os povos na unidade
anterior aqui é a mulher do êxodo e do exílio, reconduzida com o Narazeno para
a terra dos pais: Maria representa a porta através da qual a espera passa pra o
cumprimento.
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