sábado, 9 de novembro de 2013

Por que eu sou Cristão?


Por qual motivo eu sou cristão? Esta é uma pergunta não muito fácil de se responder. É mais fácil responder sua cor favorita, time favorito, música favorita, mas falar sobre os reais motivos que levam alguém a ser cristão é uma tarefa que exige muita meditação. Não posso falar pelos outros, então falarei por mim mesmo.Vivemos em um mundo cheio de alternativas, cheio de possibilidades ou caminhos a serem seguidos, muitas vozes se apresentam como portadoras da realidade do sentido, muitos ombros se apresentam oferecendo carona na travessia do mar da vida. 

Neste mundo, as opções são cada vez mais atraentes, prazerosas e acalentadoras do coração. A sensação que se tem é que a realidade é um grande supermercado da fé, cheio de prateleiras empilhadas de alternativas, tudo ali, à disposição e ao alcance, prontinho para ser consumido. Com isto, não há espaço para estabilidades, é sempre necessário inventar algo novo, do contrário as pessoas não permanecem. Nós nos acostumamos a ver que o mercado sagrado é vital e que não há alternativa se não a de consumi-las. Assim, ganha mais “fiéis” consumidores o marqueteiro mais eficaz, o slogan mais criativo e persuasivo o marketing melhor elaborado e que se apresentar como mais eficiente. O desvio de conduta religiosa não tem nada a ver com intelectualidade é sim um desafio existencial. Definitivamente podemos afirmar que a cosmovisão moderna embriagou a religião e esta se tornou mercadológica, hedonista e pragmática. Assim sendo, mesmo Deus se tornou uma mercadoria! A força desta influência de mercado é notória e vem, há algum tempo, causando uma substancial mudança na leitura bíblica e na concepção de igreja. 

Novos grupos com forte apelo de marketing e com traços neoliberais (no campo político e econômico) surgem a cada dia e crescem num ritmo “sobrenatural”. Um sentimento cada vez mais introspectivo e desalojado da história se infiltrou na religião, revestindo de sacralidade o individualismo vivenciado já na ordem capitalista. Diante dessa postura de um número expressivo de pessoas que se intitulam cristãs, surgem questões teológicas, éticas, morais, eclesiológicas e comerciais. Calorosos debates foram instaurados, principalmente entre as denominações chamadas históricas, onde discute-se os métodos pentecostal, a participação do fiel na vida da igreja, ou da igreja na vida do fiel, o nominalismo, a livre interpretação bíblica, a ética do cristão, a ética da igreja na sociedade, na política e, principalmente, na prática pastoral.

 No campo teológico retornam perguntas clássicas sobre os reais fatores que conduzem a pessoa a Cristo e qual é o caráter desse encontro com ele. Porém, o que faz com que os embates se tornem mais acirrados são perguntas do tipo: A pessoa está livre para escolher a Cristo assim como escolhe uma roupa, o alimento que vai comprar ou o time que vai torcer? Quais são os fatores que determinam a adesão à um determinado grupo religioso? Qual o papel da propaganda, das estratégias de marketing e da utilização da mídia, principalmente televisiva, no processo de conversão das pessoas? Qualquer linguagem, qualquer apelo, qualquer ação, qualquer mensagem são válidos? As respostas são diversas e, em muitos casos, divergentes.
Está evidente que muitas ações de grupos religiosos cristãos fizeram do nome de Cristo uma lucrativa marca. Grandes denominações surgiram nos últimos 20 anos, cada uma com um apelo (propaganda) mais elaborado que o outro. E mesmo o catolicismo tem enfrentado abalos terríveis com a instauração de Missas do genitivo: CURA E LIBERTAÇÃO, DA LUZ, ÁGAPE, etc. A televisão, com toda a sua potencialidade, tornou-se o propagador da fé e do novo estilo de ser do mundo chamado cristão. Programas de palco onde poder, prosperidade, solução dos problemas, entretenimento, êxtase espiritual, exorcismos, catarse e status social são oferecidos como itens essenciais do cardápio da fé e da vida com Jesus Cristo. A cada dia, mais e mais pessoas são atraídas para dentro das “igrejas” por esses “produtos” e passam a se autodenominar como cristãs, seguidoras de cristo. Será que são cristãs mesmo? Será que entendem as implicações de serem cristãs? O fato de receberem uma “benção” de cura, libertação ou material fazem com que sejam realmente cristãs?
Diante disso tudo cabe então a pergunta que intitula nossa reflexão: Por que ser cristão? Será que estou frequentando uma igreja porque simplesmente fui fisgado por uma dessas “iscas” de comércio? Será que tenho uma clara noção do que significa e das implicações que envolvem a afirmação de que sou um cristão? Será que realmente eu tive um encontro com Cristo? Como saberei?
As respostas para tantas perguntas passam necessariamente pela entendimento de que cristão é muito mais do que vestir uma camiseta e fazer parte de uma agremiação ou grupo social chamado igreja. Ser cristão é muito mais do que falar um dialeto específico ou vestir-se com vestes estabelecidas como santas. Ser cristão é muito mais do que ouvir música gospel. Ser cristão é muito mais do que opinião ideológica ou participação em um movimento social, é muito mais do que filosofia de auto-ajuda ou afins.
Ser cristão é estar existencialmente envolvido com a eternidade, é experimentar uma nova vida totalmente inundada pelo Espírito Santo, o qual nos conduz a uma espiritualidade norteadora de todos os nossos atos, assim como nossos desejos, pensamentos, projetos, relacionamentos, conflitos e todos os outros aspectos de nossa vida. Ser cristão é olhar para a realidade com os olhos de Cristo, entendendo que tudo existente é uma manifestação clara e inequívoca da existência de Deus, e do seu amor e poder, diante dos quais cabe a nós somente reconhecer, em atitude de adoração e culto (serviço), o quão maravilhoso é esse Deus.
Ser cristão é olhar para o outro com os olhos de Cristo, um olhar amoroso onde o próximo é alguém a ser abençoado por meio de nossa vida, mesmo que para isso seja necessária a nossa humilhação pessoal, ou a partilha do pouco que possuímos. Olhar que nos conduz pela militância em favor da justiça, da liberdade, da ética e, principalmente do amor. O cristão é aquele que ama Deus, ama a Jesus Cristo, que é conduzido e orientado pelo Espírito Santo para uma vida de serviço e amor ao próximo. O cristão não vai à igreja movido pela necessidade de resolver seus problemas, mas porque teve seus olhos abertos miraculosamente pelo Espírito Santo, enxergou a Deus e simplesmente se prostrou aos seus pés.
Definitivamente, ser cristão é muito mais que uma escolha, é ouvir a voz do Espírito Santo que nos chama para olharmos a cruz de Cristo e a entendermos como sendo o evento mais importante que a humanidade e os seres celestiais jamais viram. É entendermos que esta cruz, na verdade, é nossa por causa de nossos pecados, e que devemos, nos colocar diante dela totalmente quebrantados, arrependidos de nossos pecados crendo em Cristo como Senhor e Salvador de nossa vida. Ser cristão é amar a Cristo com toda a força de nosso ser.
Portanto, ninguém é cristão porque é filhos de cristãos ou por ter recebido uma formação cristã, não se é cristão porque se mora em um país formado a partir da ótica do cristianismo, não se é cristão porque religiosamente frequenta-se uma denominação, não se é cristão por causa da galera que conhecemos quando fomos a uma igreja. Por fim, ninguém é cristão meramente por causa de circunstâncias que nos envolveram durante a caminhada de nossa vida, elas podem ter sido mecanismos de Deus para nos chamar e alcançar, mas só é cristão quando Deus, na sua grande misericórdia, e cumprindo seus planos eternos, nos chama das trevas para a luz, da morte para a vida, operando em nosso coração nos transformando, fazendo-nos nova criatura, mudando o centro de nossa realidade do eu para Deus. 
Então, sou cristão porque fui alvo do amor de Deus que me elegeu antes da fundação do mundo e por meio de Jesus Cristo me tirou da perdição do pecado, da morte para a vida, de forma que sou cristão, porque sou uma nova criatura, nascida do alto, nascida de Deus. E por isso, o coração de minha pregação deve ser o amor de Deus e não o medo de demônios! Como cristão não sou melhor do que nenhum outro ser humano desta terra, mas tenho um dever global em defesa da vida e anunciando o Senhor que vítima da injustiça superou toda maldade por meio da soberania do amor do Pai!

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