segunda-feira, 2 de abril de 2012

Homilia do Domingo de Ramos


Irmãos e Irmãs, começo a homilia deste Domingo com uma citação de São Epifânio de Salamina. Ele nos convida a exultação:

“ ‘Exulta de alegria, filha de Sião!’ (Zc 9,9), alegra-te e exulta, Igreja de Deus, pois eis que o teu Rei vem a ti, eis o Esposo que chega, sentado num burro como num trono! Vamos depressa ao Seu encontro para contemplar a Sua glória. Eis a salvação do mundo: Deus avança para a cruz. Também nós, os povos, gritamos hoje com o povo: ‘Hosana ao Filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas (Mt 21,9; Sl 118,26)”

Durante cinco domingos da Quaresma escutamos sempre uma palavra insistente e esta dizia: Quaresma é período de mudança de vida, mudança da nossa forma de ver o mundo, de ver a nós mesmos, ao mundo onde habitamos e a Deus. Estamos nos preparando para entrar com Jesus em Jerusalém, local onde a vida de Cristo é oferecida por nossa salvação. Pois bem, hoje chegamos em procissão e as portas estavam fechadas, somente após a oração é que foram abertas. O Evangelho que motivou nossa caminhada falava sobre a solene entrada de Jesus em Jerusalém. Então uma pergunta pode ser feita: Como é possível entrar com Jesus em Jerusalém se não saímos de Tibiri II, Santa Rita? Eu respondo a vocês que entramos sim, com Jesus na cidade de Jerusalém! A cidade de Jerusalém não é um dado geográfico ou político. Jerusalém, o nome da cidade dá todo o teor de significado ao que celebramos: Jerusalém significa cidade da Paz.  Jerusalém na Sagrada Escritura significa então o lugar onde Deus reina e deseja reinar sempre! Portanto, entrar em Jerusalém é adentrar o nosso próprio interior, nosso coração mesmo, o local onde nós não podemos nos esconder, o local onde tudo sobre nós está guardado! Para Jesus, entrar em Jerusalém é se fazer presente no coração da humanidade e Cristo deseja se fazer presente em nosso coração para nos purificar por dentro e assim, renovados em nosso interior teremos como modificar o mundo onde vivemos. Não há transformação do mundo se nosso coração não se abrir para o Cristo que vem. Esta abertura de nosso coração também foi simbolizada pelas portas fechadas da Igreja. Assim se encontram muitos corações e por maior que seja a vontade e o amor de Jesus, estes não se abrirão, infelizmente. Eis que estou à porta e bato, se alguém abrir eu entrarei e cearei com ele. Estas palavras de Jesus continuam sempre presentes no mundo e no mundo, escurecido pelo pecado, a resistência se torna cada vez mais clara e forte. As portas do coração devem se abrir para Jesus que vem reinar, mas não vem reinar como os poderosos deste mundo, Jesus vem reinar como manso e humilde irmão da humanidade, essa humildade do Senhor vem expressa no animal que o conduz para Jerusalém. Qual a solenidade que existe em se entrar montado em um jumento? A solenidade reside na mansidão, na entrega desinteressada de quem só deseja amar e servir. A Solene entrada de Jesus em Jerusalém é a humilde solenidade de quem desmancha as imagens que temos de Deus. Em nossa pobre imaginação, vemos Deus como Rei e de fato Deus é Rei, mas não como os reis que vemos neste mundo e sim um rei diferente que faz do serviço força, da humildade escudo e da cruz estandarte contra os poderes do mal. A entrada de Jesus em Jerusalém esconde já em si, a traição, a negação e o sofrimento. Lemos no Evangelho que a multidão se divide em duas partes: os que vão à frente de Jesus e os que o seguem. Estes dois grupos aclamam Jesus do mesmo jeito, mas não podemos nos deixar enganar porque ao vermos que pessoas entram em Jerusalém à frente de Jesus, devemos lembrar que o senhor em outro trecho nos ensina: Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo e siga-me! Nosso lugar é seguindo Jesus, não à sua frente, porque é ele quem sabe o caminho. É ele o próprio caminho, caminho que conduz até a Verdade e verdade esta capaz de dar a vida, assim ele nos falou: Eu sou o caminho, a verdade e a vida! Nosso caminho ao longo desta semana deve ser aberto por Jesus e nos seus passos, devemos reencontrar a fidelidade à nossa vocação batismal. Muitos aclamam Jesus como Senhor, pedem a ele socorro por meio do Hosana que é um pedido de socorro a Deus, mas embora o façam com os lábios, o coração está distante há muito tempo do Evangelho de Cristo! Peçamos a Cristo que nos socorra: Hosana no mais alto dos céus! Mas, peçamos de coração sincero! Peçamos a ele que realize em nossas vidas o que os ramos que trouxemos significam: Os ramos simbolizam a realeza de Jesus, simbolizam a paz que Deus quer nos ofertar pois já em Genesis se diz que o sinal da vida na terra  reestabelecida após o dilúvio é um ramo de oliveira trazido por uma pombinha que foi solta da arca e para ela voltou! Mas os ramos também simbolizam a unção, o óleo que ungia os reis, o Espírito Santo sobre Jesus e o óleo que nos ungiu no Batismo! Por isso, hoje, A Igreja celebra um dia de festa à sombra de Cristo, oliveira na casa de Deus (Sl 52,10); Ele caminhando à nossa frente, abriga nossas vidas em sua sombra! A Igreja celebra um dia de Festa com Cristo, lírio primaveril do Paraíso em flor. Porque Cristo está no meio da Igreja como verdadeiro lírio florido, raiz de Jessé que não julga o mundo mas o serve (Is 11,1.3). Ele está no meio da Igreja, fonte eterna donde jorram, não já os rios do paraíso (cf. Gn 2,10), mas Mateus, Marcos, Lucas e João, que regam os jardins da Igreja de Cristo. Hoje, nós, que somos novos e fecundos rebentos (cf Sl 128,3), levando nas mãos os ramos da oliveira, supliquemos a misericórdia de Cristo. “Plantados na casa do Senhor”, florescendo na Primavera nos “átrios do nosso Deus”, celebramos um dia de festa:  porque o inverno tenebroso de nossos pecados  já passou! (Sl 92,14; Ct 2,11)

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