Caríssimos irmãos e irmãs, imersos nas alegrias da Páscoa do Senhor Jesus Cristo, estamos neste domingo diante da temática do testemunho! O cenário é conhecido, São Lucas nos leva ao encontro dos discípulos de Emaús, agora, não mais tristes e abatidos e sim envoltos pela alegria do encontro com Cristo, porque é impossível e impensável ter encontrado com Jesus e permanecer o mesmo. Não somos nós que encontramos Cristo, é Ele mesmo quem vem ao nosso encontro e uma vez tendo entrado em nossas vidas, Ele a renova, a ilumina e a direciona para verdes pastagens. No relato, fica subentendido que é noite. De fato, é noite ainda no coração dos Apóstolos, porque embora o entusiasmo tenha tomado conta dos discípulos que retornaram a Jerusalém depois de estarem a caminho de Emaús, o grupo que já está em Jerusalém ainda não está convicto da volta de Jesus do mundo dos mortos! Não simples reanimação de um corpo inerte e sim triunfo soberano de Cristo. Isto ainda não é claro para os Apóstolos. Por isto é noite.
A noite representa ainda a falta de esperança e o medo diante das angústias da vida presente! Esta noite, representa o não reconhecimento do Sol da Justiça brilhando em nossas vidas! O Evangelho está tomado de expressões que apresentam este não amadurecimento na fé da Ressurreição! Eles ainda precisavam amadurecer na fé e como ainda não estavam prontos para compreender e lidar com o tema da ressurreição de Jesus, o texto de São Lucas fala de “Assustados”, “com medo”, “fantasma”, “preocupados”, “dúvidas no coração”, “não podiam acreditar”. Os olhos deles estavam fechados e “Jesus abriu os olhos dos discípulos para entenderem as Escrituras”. Vemos assim que a preocupação do evangelho é a fé na ressurreição de Jesus e esta só pode ser alimentada com a devida compreensão da Palavra de Deus. Temos assim a oportunidade privilegiada para meditar sobre a importância da Palavra de Deus em nossas vidas, na vida da Igreja, e principalmente, o Papel da Palavra de Deus na Liturgia da Sua Igreja! As pessoas devem ser motivadas a alimentar uma intimidade com a Palavra de Deus, lendo e meditando dia e noite como afirma para nós o Salmo 1. Devemos nos acercar da Palavra de Deus, olhando-a com toda sua totalidade, como Luz para nossos pés e lâmpada para nosso caminho!
O Evangelho nos ensina que o senhor se faz presente na palavra que é anunciada, ela aquece nosso coração e o pão repartido, abre os olhos para que reconheçamos Jesus, temos aqui todo o caminho para uma espiritualidade de comunhão com Cristo porque sua Palavra em nosso meio aquece nosso coração para que possamos ter os olhos abertos na hora em que o pão é partido na Eucaristia e também nas vezes em que partimos o que temos com os necessitados. Enquanto os discípulos falam, Jesus se faz presente no meio deles. A Palavra do Evangelho não é simples lembrança de Jesus, é o próprio Jesus presente na sua comunidade, vivo e atuante por meio do testemunho dos seus seguidores!
Irmãos e irmãs, quem dentre todos na história da humanidade tem mais dignidade para testemunhar Jesus que a Sua Própria Igreja, a esposa do Cordeiro, nascida da semente do próprio Cristo e regada pelo sangue dos Apóstolos e mártires? Quem pode ser mais íntima de Cristo Jesus que a sua Esposa, a Igreja que em mais de 2000 anos de história fez de sua existência busca de emancipação das pessoas em vista da estatura do Homem Novo, Jesus Cristo? Este é um Evangelho sobre a dignidade da Igreja nossa Mãe. Muitos não amam mais a sua Igreja, não vivem mais o Batismo que receberam e outros ainda, estão alinhados na roda dos zombadores. Infelizmente! A Igreja católica não é a Igreja do Livro, é o Livro Sagrado que gerou a Igreja que é alimentada por Ele e pela presença Eucarística de Jesus. A palavra é libertadora, a paz desejada por Jesus aos discípulos tem esse objetivo, libertar os discípulos do medo e da descrença. A paz é a totalidade das promessas messiânicas. Não é uma palavra acusadora para causar medo e pavor, mas uma palavra que transmite paz e alegria. A Palavra de Jesus não é uma palavra que deseje semear o medo ou lançar pessoas no Inferno, e sim uma palavra de Paz e Esperança, palavra que redime e alegra!
Os discípulos de Jesus chegam a pensar que ele seja um fantasma, isto expressa o que muitos vezes também acontece com a nossa fé. Em determinadas ocasiões não conseguimos ver ligação entre Cristo e a nossa vida, não vemos nem ligação entre Jesus de Nazaré e o Ressuscitado. Isto porque não compreendemos muita coisa sobre o que venha a ser ressurreição, todavia, este é um mistério que pode ser aprofundado e alimentado pelas sagradas escrituras. Em determinadas ocasiões nossa fé em Cristo parece distante de nossas vidas. É como se vida e fé não se tocassem, falamos com ele mas não o vemos, celebramos a sua palavra e a sua eucaristia, mas nada sentimos; parece que a fé nada tem a ver com a vida. A fé de muitos parece desfalecer e a Eucaristia para muitos não diz quase nada! Mas quando as angústias e as dificuldades parecerem soterrar a nossa fé, basta silenciarmos para entendermos que a sua palavra ecoara dentro de nós e nos perguntará: “Por que estais preocupados e tendes dúvidas no coração?” E este mesmo Senhor nos mostrará suas mãos e seus pés, deixará que nossa vida toque na sua e nosso coração seja novamente iluminado pela sua presença. Sentir a presença grandiosa de Jesus em nossas vidas não é algo explicável, Jesus está diferente, mas é o mesmo, continua a ser parceiro e amigo de caminhada, embora tenha voltado para o Pai. O desfecho do Evangelho é o cumprimento das promessas acerca do messias esperado que agora é associado ao Ressuscitado, Jesus é o Messias Ressuscitados dos mortos. Esta afirmação zela pela nossa esperança porque se Jesus ressuscitou seguindo as escrituras, e os discípulos podem comprovar isso, também aquilo que diz as escrituras sobre o homem, se cumpre com a mesma fidelidade: em seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados, que é o início do processo da nossa ressurreição. Deste modo Jesus é a testemunha fiel de que Deus nos ama e de que a nossa vida não termina com a morte porque com Cristo iremos todos ressuscitar.
Se guardarmos a sua palavra e o reconhecermos na Eucaristia, Ele, no seu Amor, irá nos purificar dos nossos pecados e com um sopro dos seus lábios arrancará de nossos corações a escuridão. Somos testemunhas para isto, para anunciar que Jesus Ressuscitados dos mortos, deseja salvar a todos. A salvação não é um ato egoísta, mas um ato de abertura do coração de Deus aos homens, de forma que Cristo seja tudo em todos!
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